wrong number↝p. gonzález | hiatus

20 - pedido

Era manhã de sábado e eu acordei como nos últimos 3 dias: com um corpo quente me abraçando por trás. A respiração calma de Pedri me faz perceber que ainda era muito cedo pra eu estar acordada, já que o mesmo madrugava as vezes para ir a academia. Ele têm um tipo de ritual matinal, e tem tentando me fazer entrar no mesmo ritmo mas eu sou acostumada a ir pra academia apenas a tarde, porque pela manhã meu corpo não funciona direito.

Sinto braços me apertando e um beijo ser depositado no meu pescoço.

— O quê faz acordada a essa hora ratinha? – Pedro me pergunta com a voz rouca de sono.

— Não sei - respondo me virando pra ele e encarando seus olhos semiabertos.

— Vamos voltar a dormir, ainda é madrugada pra você - fala me fazendo soltar uma pequena risada.

— Você tem razão mas antes preciso ir ao banheiro - tento me desvencilhar de seus braços mas o mesmo resmunga me apertando mais.

— Tá tão boa essa posição.

— Eu vou fazer xixi na cama então - brinco e ele me solta dando um sorriso.

— Vai rápido, quero meu travesseiro de volta.

— Eu sou o travesseiro?

— Sim, bem macia igual um travesseiro.

Balanço a cabeça e vou em direção a porta do banheiro, adentrando o mesmo e fazendo minhas necessidades. Decido por escovar os dentes, já que meu sono aparentemente já evaporou, e eu não quero ficar jogada na cama vendo TikTok enquanto Pedri está no décimo sono.

Pego minha escova que Pedri disponibilizou em sua casa e observo meus objetos espalhados pela bancada da pia. Parece até que eu moro aqui, penso. Mas foram só alguns dias já que Pedri parece não conseguir ficar longe de mim. No começo foi estranho mas agora eu estou até familiarizada com o apartamento. Sem contar que Penélope, minha filha hamster agora tem duas casas, pois Pedri comprou um terrario pra ela também, segundo o mesmo ela tem que ter um quarto na casa do pai. Não tive argumentos para combatê-lo. 

As vezes penso que estamos indo rápido demais nessa relação, mas só de lembrar que fiquei dezenove anos encalhada por conta da minha timidez me faz esquecer isso rapidamente, eu mereço ter um romance, não tão conveniente como nos filmes mas como uma bela comedia romântica. Ser solteira é bom, mas é solitário. Não que o Pedro tenha feito o pedido oficialmente com direito a anel e tudo mais, já temos uma certa ligação mas será o suficiente?

— No que tanto pensa? 

Dou um grito de susto e vejo pelo espelho Pedri me olhando com uma certa curiosidade.

— Pedro! Não faz isso, quase faleci - Pedri revira os olhos e caminha em minha direção

— Tão dramática... - me agarra pela cintura e apoia o rosto na curva do meu pescoço respirando fundo. Sinto arrepios por todo meu corpo. — Mas serio, no que estava pensado? Você ta meio séria.

— Tava pensando em como o vida muda rápido - me afasto indo em direção ao quarto e ele me segue.

— E? - me olha curioso — Isso tem algo haver com nós? 

— Tem tudo haver - solto uma risadinha — Pensa comigo - me sento na cama enquanto ele permanece parado na porta do lavabo — Tem uns 4 meses que a gente se conheceu, e já fizemos tanta coisas juntos e nem sabemos se isso realmente vai dar certo - ele arqueia a sobrancelha não parecendo feliz com o meu comentario.

— Você define a gente como ''isso''? - me olha serio — Eu tô levando ''isso'' bem a sério Bárbara e quero fazer dar certo, você também quer? - assinto com a cabeça e ele suspira passando a mão entre o cabelo — Então o que tem de errado? 

Me sinto meio envergonhada de falar e ele percebe.

— Você tem que me dizer ou não vamos sair desse quarto hoje até estarmos na mesma página. 

— É que você diz que o que temos é sério e tudo mais, mas nem me fez um pedido - falo baixinho.

Pedri solta uma risada me fazendo sentir mais envergonhada ainda. 

— O problema é esse? - afirmo e ele caminha até seu lado da cama abrindo a gaveta e tirando uma caixinha de dentro. 

— Eu iria te pedir em namoro quando você acordasse mais tarde, mas você fez o favor de justo hoje acordar mais cedo do que eu! - comenta rindo e o olho sem ação — Não vai falar nada?

— Eu.. eu.. Pedri - o olho com lágrimas nos olhos e ele se aproxima de mim e se senta ao meu lado.

— Barbs, minha ratinha, Você quer namorar comigo? - posso me ver no reflexo dos seus olhos e seu sorriso é tão lindo, que me faz querer me bater por ter sido tão precipitada. 

— Claro que sim - o agarro pelo pescoço o abraçando e ele não para de rir.

— Vai me sufocar desse jeito ratinha - comenta rindo.

Me afasto rapidamente.

— Me desculpa, é que... - não tenho palavras para descrever como me sinto e Pedri entende completamente minha perda de palavras.

Ele delicadamente retira o anel da caixa e eu quase vou pra trás quando vejo que a beleza dele. Na real ele poderia me dar um anel de gelo que eu teria a mesma reação.

— Qual é a mão de namoro? não deu tempo de pesquisar - me olha envergonhado e agora quem ri sou eu. 

— Eu não sei, nunca namorei! - continuo rindo e ele me acompanha — Coloca em qualquer mão depois a gente pesquisa - ele dá de ombros e assim faz, quando o anel está finalmente em meu dedo o puxo pelo pescoço beijando o mesmo demostrando todo o meu agradecimento.

Só paramos quando ele se afasta ofegante.

— Se eu soubesse que ia ser assim tinha dado no primeiro mês - fala e bato no seu ombro de brincadeira.

— Obrigada - agradeço baixinho olhando o anel com admiração e ele levanta meu rosto me dando um longo selinho.

— Eu quem agradeço por você ter me enviado aquela mensagem. - sorri.