Monday

294 27 0
                                    

A cada passo que eu dava, apertava mais o casaco contra o peito a fim de tampar os buracos por onde o vento frio entrava. Aquela noite gelada e repleta de neblina provavelmente me renderia um belo de um resfriado.

Tento manter os olhos em todos os cantos da rua escura enquanto meus saltos ecoam pelo asfalto recém molhado. Apesar de Seul ser muito segura, meu espírito de brasileira se mantinha sempre em alerta.

Enquanto olhava atentamente os dois lados da rua antes de atravessar, me lamentava mentalmente por ter ficado mais um dia trabalhando até tarde. Se eu tivesse saído no horário como deveria, não estaria congelando onze horas da noite. Mas, como resolvi largar tudo no meu país para aproveitar a oportunidade de emprego, sempre pensava que estava sendo injusta se fizesse corpo mole no trabalho.

E aqui estou, sem família, sem amigos e sozinha. Bufo tentando abrir a porta do meu apartamento que novamente resolveu emperrar com minha chave dentro. Apesar de morar em um ótimo edifício, minha porta insistia em me deixar na mão sempre que eu chegava tarde da noite.

Depois de suplicar para todos os santos e forças do universo, a fechadura resolveu colaborar com meu sofrimento e abriu. Entro em casa já ligando o aquecedor e indo direto ao banheiro enquanto me despia pelo caminho. Tudo o que eu mais queria era ficar por algumas horas de molho em minha banheira.

Depois de preparar um banho relaxante, bebo longos goles de vinho enquanto leio as páginas de um clichê romântico dentro das águas quentes. Meus olhos pesam — talvez pelo vinho ou pelo cansaço do dia — ser uma desenvolvedora de software não era nada fácil. Eu dormia pouco, me alimentava rápido e trabalhava demais. Meu corpo não aguentava!

O relógio do celular marcava quase meia noite e, aos poucos, minha cabeça se apoia no encosto estofado enquanto meu corpo amolece, fazendo o sono me preencher por completo.

~
O ambiente estava escuro e tudo o que eu enxergava eram as luzes da cidade que adentravam a janela enorme de vidro ao lado da cama. As réstias realçavam alguns móveis do cômodo e ao olhar ao meu redor, pude ver que estava deitada em uma cama envolta de lençóis brancos e de um cobertor felpudo no mesmo tom. O toque dos tecidos em minha pele eram deliciosos, me fazendo relaxar, como se estivesse nas nuvens.

Vejo uma silhueta vindo em minha direção, mas nem pude dizer nada ou mesmo enxergar seu rosto. O corpo quente se deitou sobre mim, envolvendo uma de suas mãos em meus cabelos enquanto a outra subia rapidamente a barra da camiseta branca que eu usava. Meus olhos fecharam e seus lábios tocaram os meus, me pegando de surpresa. A sensação que ele me causou estava acima de qualquer outra que eu já havia sentido.

Seu cheiro de sabonete e banho recém tomado se misturava com o oxigênio do ambiente, me fazendo amolecer em suas mãos. Seu beijo era profundo e inebriante, lábios macios que me faziam quase derreter. Eu não conseguia me mover e, como uma droga, eu apenas queria mais e mais daquilo.

Sua mão livre desce por minha coxa, acariciando-a levemente, enquanto a outra puxa alguns fios do meu cabelo, aprofundando cada vez mais sua língua na minha. Seu beijo era doce e fresco, como se tivesse acabado de escovar os dentes. Minhas mãos dedilharam seus ombros largos, sentindo cada músculo dele e fazendo-o soltar um suspiro entrecortado. Seu dedos adentram minhas coxas, acariciando minha intimidade por cima da calcinha. Seu toque faz com que eu solte um suspiro longo entre o beijo, sem quebrar nosso contato. Seus dedos eram longos e precisos, me causando calafrios no baixo ventre.

Ele me pressiona mais contra seu corpo e sinto um objeto frio encostar em minha boca. Mordo levemente seu lábio inferior e percebo o piercing no canto de seu lábio o que me fez gostar ainda mais dele. Eu já podia sentir minha calcinha encharcar conforme seus dedos pressionavam meu clitóris. Enlaço minhas pernas em seu quadril e com movimentos circulares ele aumenta a velocidade, sem tirar sua boca da minha. Minhas mãos descem por suas costas nuas, sentindo sua pele arrepiar e nós dois suspiramos juntos. Sei que vou atingir o orgasmo em breve quando meus músculos se contraem.

Mas, no mesmo instante o estranho separa nossos lábios, afundando em seguida seu rosto em meus cabelos enquanto sussurra algumas palavras em meu ouvido:

— Está na hora de acordar... – ele morde levemente o canto do meu pescoço e logo sinto sua respiração bater em meu rosto.

Meu corpo vibra e suplica por seu toque, mas assim que meus olhos abrem vejo apenas seu olhar me penetrar. Os olhos redondos e escuros pareciam enxergar dentro de mim.
~

Assim que pisco uma única vez, tudo que vejo é uma banheira repleta de água gelada em minha frente.

Aquilo não passou de um sonho.

Suspiro ofegante sentindo meu coração acelerado e um arrepio percorrer todas as minhas partes.

Fecho os olhos algumas vezes, tentando controlar minha respiração descompassada.

Pego o celular ao meu lado e o relógio marca sete horas em ponto.

Durante sete horas eu tive um sonho erótico com um desconhecido.

E agora, como faço para continuar sonhando?

SEVEN | JEON JUNGKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora