SEVEN | JEON JUNGKOOK

O começo do fim

Nossos dias de "lua de mel" passaram voando. Era como um sonho perfeito, daqueles que você quer permanecer dormindo para sempre. Colorido, cheio de energia e vida, o frio na barriga constantemente. Entretanto contra a nossa vontade, o cérebro obriga nossos olhos a abrirem, fazendo com que a realidade retorne, deixando tudo preto e branco novamente.

A semana que tivemos juntos foi com certeza a melhor que tive até hoje em toda a minha vida. Nós ríamos, comíamos, conversávamos e nos amávamos de manhã, de tarde e à noite, repetindo este ciclo durante nossos sete dias juntos.

Eu me sentia realizada. A mulher mais linda, gostosa e amada deste mundo. Era isso que Jungkook fez questão de me mostrar todos os dias e em todos os momentos em que passamos juntos.

Mas, a vida real surgiu depois que o sonho acabou. Meu trabalho continuava lá, e minha vida sem graça também. Tudo voltou a ser preto e branco quando demos o abraço de despedida antes que ele, fardado dos pés à cabeça, entrasse na SUV preta e me deixasse, rumo ao cumprimento obrigatório nos próximos 547 dias. Um ano e meio para ser mais precisa.

No início, foi doloroso demais. Pode até parecer loucura dizer isso, pois nos conhecíamos a tão pouco tempo, mas nossa ligação se tornou tão forte que quando ele partiu rumo ao exército, foi como se um pedaço de mim estivesse se desprendido e ido embora. Eu sabia e entendia que isso tinha duração, que ele estava bem e que retornaria, mas o sentimento de perda continuava lá. Eu sentia dor física, mental e qualquer outro tipo de dor que possa existir.

Por cinco semanas inteiras ficamos sem contato nenhum. Jungkook não podia ter acesso a celulares, notebooks e nada do mundo externo. Com certeza os piores dias que já tive.

Antes de ir para o lá, ele me deu acesso ao seu apartamento e tentou me convencer a morar em sua casa, coisa que eu neguei. Não queria ficar no seu espaço pessoal enquanto estava fora, mas durante essas cinco semanas não tive outra escolha. Eu precisava de um pedaço dele, precisava sentir que ele estava de alguma forma comigo. E assim fiz, dormindo enrolada em seus lençóis enquanto chorava de saudade agarrada em algum de seus moletons. Seu cheiro estava em todo lugar, e isso me confortava e me fazia ter certeza de que ele voltaria para mim.

Depois das semanas de iniciação, finalmente conseguimos contato, e ver sua carinha, mesmo que pela tela pequena do celular, fez com que meu mundo voltasse a ter cor. Saber que ele estava bem, saudável, alimentado, e sem nenhum arranhão tirou um peso enorme dos meus ombros, algo que nem havia percebido estar carregando.

Ele me explicou que lá ele era apenas o Jeon de Busan novamente. Ele não tinha regalias ou privilégios por ser famoso, e precisava seguir as regras assim como todos os outros soldados.

Pela primeira vez em mais de um mês, consegui deitar a cabeça no travesseiro e dormir com tranquilidade. Eu queria me encontrar com ele em meus sonhos novamente, como fazíamos no começo de tudo, mas nenhuma de minhas tentativas estava funcionando e eu precisava dar um jeito nisso.

Até fui atrás da senhora que nos vendeu o mesmo livro, mas ela não estava mais lá. Não existia mais feirinha. E a história ficou ainda mais estranha, ninguém parecia saber sobre o nada disso. Caminhei pelo bairro e questionei alguns moradores e comerciantes, mas ninguém sabia responder minhas perguntas. Sei que preciso ir mais fundo nisso, mas por enquanto resolvi dar uma pausa nas pesquisas.

Após dois meses longe um do outro, ele finalmente sairia neste final de semana para cumprir alguns compromissos de sua carreira. Meu coração batia rapidamente só de imaginar seus braços ao redor de mim, me amando novamente.

[...]

Era quinta-feira e Yoo-na cantarolava alguma música do momento enquanto programava um sistema em seu computador. Eu, olhava as horas a todo instante, balançando a perna de forma nervosa, contando os minutos até que Jungkook me envie a primeira mensagem do dia.