CONSCIÊNCIA

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Ao chegar em casa, ele desfez-se de todas as suas vestimentas. Depois de um banho rápido, ficou nu, um hábito peculiar, pois costumava refletir melhor sem roupas.

Apoiou-se na sua sacada, de onde podia ver tudo ao redor. Ainda tentava compreender o que havia acontecido. A presença de Tay havia desordenado seus pensamentos. Decidiu que precisava relaxar. Retornou para dentro e se encarou no espelho.

Começou a se tocar, concentrando-se em sua namorada. Mas não funcionou. Quando estava prestes a desistir, lembrou-se das mãos de Tay. Imaginou como seria a sensação delas o massageando. E como seria perfeito sentir o perfume de Tay durante a intimidade. Foi assim que ele alcançou o clímax, sentindo uma das melhores sensações. Depois de limpo, estava realmente relaxado. Decidiu que iria dormir, e que sua vida voltaria ao normal quando acordasse. Caso contrário, ele não saberia o que fazer.

Macau acordou fingindo que não tinha passado a noite toda sonhando com Tay. Não eram sonhos lascivos, mas sim românticos.

Decidiu ir treinar. Isso já estava ultrapassando os limites. Quando encontrou a namorada, seu sorriso se iluminou.
— Pesadelos Macau?
— Hum, algo assim. — Beijou a namorada com paixão, como se quisesse reafirmar algo - e a sua noite?
— Boa, mas você sabe que eu queria mesmo ter passado com você.
Mya sempre foi direta em relação à sua decisão de iniciar a vida sexual. Isso até que era bom, mas hoje veio como se Macau a tivesse passado a noite toda a traindo. O que estava acontecendo com a mente dele?
— Vou me redimir por isso. Diga a seus pais que você vai dormir lá em casa hoje.
Mya se iluminou. Era verdade isso?
— Não brinque com isso Macau.
— Não estou brincando. Já está na hora, não está? Você é minha namorada. Eu sou seu namorado. Nada poderia estar na minha mente além disso.

— Hum, então me pegue às nove. Não vejo a hora de chegar esse momento.

— Nem eu. - Macau repetia como se quisesse acreditar. Quando saiu do treino, resolveu passar no shopping. Era na mesma galeria. Na verdade, aquele espaço foi criado para aqueles que querem tudo no mesmo local. Até lava rápido tinha. Oficina. Banco. Lojas, academia.

Quando estava passando, viu uma cabeça conhecida. Voltou para se certificar e confirmar suas suspeitas.

Tay estava conversando com uma peça de roupa. Como se conversasse com gente.

Chegando mais perto, escutou quando Tay falava que era a coisa mais linda do mundo. Que em breve voltaria para levá-la.

Macau riu do exagero do outro, revelando sua presença.

— Muito engraçado mesmo, rir das desgraças dos outros. Eu, o loiro mais lindo do planeta acabo de sair de casa sem dinheiro, sem documento. Meu celular descarregou e deixei dentro do carro que está na revisão. E por último achei a blusa mais linda e não posso comprar.

— Posso comprar pra você. - Saiu sem pensar.
— Macau né? Macau se você puder fazer por mim, eu ficarei grato. Mas é um empréstimo.
— Certo. Pode escolher o que quer. Se você for igual a Pete, você deve estar querendo comprar essa loja toda.

Tay riu. Concordando com a cabeça. Fazendo as covinhas aparecerem. Nisso Iniciou a saga toda de lojas e mais lojas.
À medida que Tay se familiarizava com Macau, as sessões de prova de roupas tornavam-se cada vez mais audaciosas.

Na última, Macau ficou boquiaberto. Tay experimentava uma blusa com amarrações que, na prateleira, parecia comum, mas no corpo de Tay, revelava-se como uma peça "engana mamãe". Cobria a frente, mas deixava as costas nuas. Quando Tay desfilou no provador, Macau ficou encantado.

— O que acha, Macau? Dá para conquistar um rapaz assim?

Macau só conseguia notar o quanto aquele homem era atraente, mesmo sem intenção.

— Hum, com certeza. Você sabe como... — Macau percebeu o que estava prestes a dizer e disfarçou. — Você poderia me ajudar também. Minha namorada vai dormir em casa hoje. Quem sabe você não me ajuda a conquistar uma garota também?

Tay concordou com um aceno de cabeça.

— Falou com a pessoa certa. Sua namorada vai se surpreender com o homem que você vai se tornar.

Tay rapidamente se vestiu e voltou com mais roupas. Dessa vez, fez Macau experimentar.

— Hum, qual é o seu estilo? Chicote, algemas?
— Não!
— Tem certeza? Você parece gostar de umas brincadeiras mais picantes.
— Tay... Só pra lembrar que eu só tenho 20 anos.

— Entendi. Nada de algemas. Mas esse conjunto aqui você vai ter que levar.

Era uma cueca preta com uma venda e gravata.

Tay se posicionou na frente de Macau para que ambos se vissem no espelho.

— Coloque em mim a venda, assim você tem uma visão de como ficará na sua namorada.

Macau colocou a venda. Estava bem próximo do outro. E enquanto fingia arrumar algo no cabelo de Tay, ficou admirando aquela imagem.

Ele não sabia quantos minutos ficou assim. Mas ele confrontou sua consciência.
Será que estava questionando sua sexualidade? Ele era heterossexual. Sempre foi desde que nasceu. Mas como explicar o que estava sentindo?

Sendo completamente honesto, Macau imaginava as paredes daquele provador sendo testemunhas de algo bem mais íntimo. Tay, com aquela venda e a cintura à mostra, incitava em Macau fantasias que ele nunca pensou que teria. Ele se via ali, com Tay, em um enlace apaixonado e intenso. Forte e duro, abafando os gemidos de Tay com a mão, enquanto a outra se enroscava em torno daquele pescoço atraente.

Foi nesse momento que a realidade o puxou de volta, arrancando-o de seus pensamentos eróticos.

— Você vai levar. Sua namorada vai adorar.

Macau se recompos. Concordou.
Ele não podia mais ignorar isso.
Parecia que os deuses da sexualidade resolveram brincar com ele. Ele era heterossexual, dos pés à cabeça. Até que esse loiro apareceu e desconfigurou toda a sua existência.

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DONO DO MEU DESEJO -TAY E MACAUOnde histórias criam vida. Descubra agora