Caverna Infestada - IV

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– Ei, acorda.

O jovem acordou com um pulo.

– Não faça barulho. – Novamente a voz da moça de cabelos brancos sussurrou logo atrás dele.

– O que tá acontecendo? – Ethan sussurrou de volta. Estava dentro de uma tenda, amarrado junto do que parecia o tronco que sustentava a lona.

– Estamos em um acampamento...

– Até aí, tá bom. – Ele interrompeu e estalou a língua. –Viu uma menina de cabelos verdes? Como ela está?

– Eles não a amarraram, deve estar bem. Mas não diria o mesmo de você. O veneno das Pata-de-louva-deus já está se espalhando pelo seu corpo. Duvido que a líder deles consiga preparar o antidoto a tempo. Temos que encontrar uma maneira de sair daqui e alcançar um antidoto na minha bolsa...

– Não precisa. – Ethan a interrompeu novamente. – Provavelmente há vigias lá fora. Além disso, não tenho forças nem para rasgar essas cordas.

– É que... Eu...

– ...Sendo assim – Ethan continuou –, acho melhor ficarmos aqui. Eu tô bem. Não precisa se preocupar. Vou controlar a respiração para atrasar o veneno. – O jovem passou a sussurrar para si mesmo: – Só gostaria de saber o motivo dos Caçadores estarem aqui. Não tem animais. Alguém chegou primeiro e só deixou pele e osso na caverna. No caso, "algumas" deixaram. O mais provável é que estavam atrás de mim. Mas por quê? Uma recompensa da Guarda...

– Ou talvez estejam de mim.

Ethan riu fracamente. – Porque viriam atrás de você, beleza exótica? Nunca vi alguém tão pálida e de cabelos tão brancos.

– Não entendo esse seu desgosto. Já que estou sem minha flauta, vou cantar uma canção para você. – Ela disse com tom irônico. – Você está muito mal-humorado.

– Aquela caçadora me chamou de ruivo.

– O que tem a ver, "ruivo"? – Ela disse enfatizando.

– Só quem já me chamou assim foi minha mestra, bonita.

– E?

– Esquece.

– Viu? Muito nervosinho.

– Você é estressante, em? Por que iriam atrás de você? É muito bonita para ter cara de foragida.

– Agradeço o elogio. Viriam por que sou capaz de fazer coisas que ninguém mais poderia.

No instante em que disse, sua mão começou a brilhar. Ela tocou o jovem com dificuldade e ele brilhou. As feridas causadas pelas patas das aranhas e a ferida na nuca curaram.

– Mas o que... – disse Ethan.

– Eles devem ter visto a luminosidade. Vamos, nos livre daqui.

Ethan forçou a corda e ela rompeu. Sons vieram do lado de fora da tenda. Alguém gritou dizendo que estavam sendo atacados, outro gritava e fazia um barulho como uma colher batendo em uma panela. Movimentações se seguiram por fora da tenda.

– Vamos. – A menina sussurrou.

– Não. – Ethan a puxou pelo braço para longe da fenda. – Espere mais um pouco...

Alguns caçadores passaram rapidamente na frente da tenda.

– Todos estão se reagrupando no mesmo lugar. – disse Ethan com os olhos fechados. – Não escuto sons de espadas nem silvos.

– O que pretende?

– Fugir. – Ele sorriu. – Se segura em mim. Eu vou nos tirar daqui, Melryen.

A Floresta dos ExiladosOnde histórias criam vida. Descubra agora