I can barely think... I can barely breathe at this point...
Os pensamentos e a angústia, a dor e a insignificância.... Neles estou mergulhado faz tempo, não me reconheço, será que os outros me reconhecem? Acho que para me reconhecerem tinham de me realmente conhecer primeiro... Sinto que sou "necessário", mas não importante... Sinto que sou usado. Sou substituível...
Muitos me descrevem como o nerd, e sim, sou inteligente, boas notas, aluno prodígio dos professores e professoras. Mas não só sou isso... Ou serei? A minha vida foi resumida a isso, acreditei nessa mentira firmemente... Até descobrir que era apenas uma forma de proibir que a dor florescesse ainda mais... Mas sem o devido tratamento, toda a cicatriz abre, certo? As pessoas pretendem que eu não exista, mas quando o assunto é sobre notas elas falam comigo? Hipócritas...
Se eles não conhecem o verdadeiro eu, será que eu realmente existo? Ou o que existe é apenas a máscara que visto todos os dias? Aquela que esconde as lágrimas, o choro... Ou as roupas longas que cobrem o meu corpo, o corpo pelo qual escorria sangue, sangue que saía dele devido a cortes intencionais, alguns estratégicos, outros simplesmente numa desordem total.
Estou agora à janela, enquanto olho para a lua, ela sempre me acalma quando estou mal... Única amiga que realmente tenho... Sozinho em casa, não me importo, agradeço... Fui criado para ser "perfeito", qualquer deslize... Mais gritos, que trazem choro, angústia e culpa... Sempre me exigiram imenso, isso é normal? Eu achava que sim, que o faziam pelo meu futuro... Agora vejo que é errado, pois não aguento mais esconder a ansiedade, que cresce descontroladamente dentro de mim...
"Será que a queda me mata?" sussurrei para a lua, ela nem precisava responder para eu saber que era um sim. Vivo no 6. ° andar de um prédio, é impossível para uma pessoa normal sobreviver a uma queda destas...
Sinto-me vazio e estressado constantemente. Sinto-me observado e criticado. Estou confuso em relação a tudo e todos. Sinto-me sozinho.... Sinto-me preso, preso nos meus próprios medos e inseguranças, mais do que antes... Não sinto vontade de fazer nada e desejo fazer tudo. Sinto-me pressionado, família, colegas, escola, professores, mas talvez seja tudo da minha cabeça, e eu não sei o que fazer. Sou invisível(?) Sinto-me vazio, incompleto... e isto da escola, fingir que não me afeta... Não está a ajudar, ter de chegar à escola e enganar tudo e todos... Eu, eu não sei mais quem sou...
Olho para as luzes dos candeeiros lá em baixo. Com os olhos marejados de lágrimas são tão lindas como o céu estrelado... Pena que não se consegue ver o céu estrelado aqui na cidade... Gostava de morrer a olhar para a lua e as estrelas. Pensar que muitas das estrelas que hoje vemos podem já estar mortas, só vemos a luz delas que a nós chega, mas a fonte dessa luz, pode à muito já ter desaparecido.
Eu sei que este não é um bom fim, sei que devia tentar, sei que devia continuar, mas... O meu passado, o meu presente e o meu futuro atormentam-me, e todos os dias quero me cortar, todos os dias quero me matar.
Eu não tenho nada a perder e nada a ganhar.... Leio uma última vez a carta que escrevi aos meus pais, tentei garantir que eles soubessem que a culpa não é deles, que eu os amo com todo o meu coração... A eles e à minha irmã mais nova, ela esteve sempre lá para mim, mesmo sem se aperceber, mas não dá mais para aguentar... A dor, o pânico... Não é algo que alguém deseja viver...
Pousei a carta na secretária e então segui em frente. Em algum momento desejava que alguém estivesse lá para me impedir, que alguém mandasse mensagem, ligasse, algo que me fizesse voltar a traz... Não é que eu queira morrer, só não quero continuar a viver assim...
E então fechei os olhos e saltei. Senti o vento da queda alguns segundos e depois nada mais...
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Not everything has a happy ending...
AléatoireQuando um rapaz adolescente não aguenta mais tentar corresponder aos desejos e espectativas dos pais e procurar a validação académica diante dos outros, assim como não aguenta mais ser usado.