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Cartório

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Cartório. Um lugar totalmente lento que me causa agonia, eu sempre achei que viria aqui por apenas um motivo, oficializar meu casamento, porém hoje eu estou vindo assinar o final desse relacionamento, eu apertava minha bolsa nervosa e batia os pés ansiosa no chão, as pessoas demoravam, demoravam muito, eu queria ir embora, apenas assinar e sair, mas eu não podia.
Muitas pessoas decidiram se divorciar no mesmo dia que eu e aquilo me fazia olhar com certa pena, mas também como uma autocrítica, passei meus olhos pela bancada e observei o Colin parado ele batucava os dedos sobre a bancada inquieto, me olhava de relance mas logo parava.
O que fez a gente chegar aqui? A gente prometeu até mesmo para as estrelas que não faríamos isso...estamos fazendo, somos dois covardes.
A fila andava ainda lenta, muitas pessoas saiam vitoriosas da sala, como se não se arrependessem de nada, nada mesmo. Será que elas não tinham nem um pouquinho de pena?
Colin já estava a passar a mão nos cabelos pela milésima vez, ele não parava e eu apertava ainda mais a bolsa, estava muito nervosa, muito.
A gente não trocava uma palavra, nada.
Eu queria fugir, chorar, bater meus pés no chão mas não podia no momento.

Nosso motivo de estar aqui? Foi em consenso, nós dois estávamos focando em nossas carreiras e acho que desistimos de tentar, o que dificulta um pouco mais é que temos dois presentes com a gente que agora vão ter que ser criados diferentes, aparentemente uma semana comigo, uma semana com ele. Era horrível isso, eu me sentia um mostro para meus próprios filhos, o que me aliviava era que o pai não era nem um maluco, era o Colin...ele estava na minha frente passando a mão no cabelo de novo, era apenas ele, quem eu jurei que seria a minha pessoa pra sempre, como somos mentirosos, juramos e descumprimos. A gente concordou de nunca fazer nossos filhos passarem por ridículo, não iríamos falar mal um do outro pra eles, não tínhamos motivos, a gente se amou, eu amei ele, ele me amou.

Finalmente fomos chamados e entramos na sala, nos olhamos o mínimo, era estranho. Vergonha, era isso que tínhamos naquele momento.
Assim que assinado me dei conta da maldita partilha de bens, nossos filhos, o nome que eu perdi, eu era apenas mais uma divorciada, Dianna Penélope Díaz Cooper apenas, isso soava mal, soava como algo errado. Adeus senhora Besson, olá senhora solteira.
Apertei meus olhos ao finalizar a assinatura e passei a caneta para Colin, agora oficialmente meu ex marido, isso soava mal, soava como algo errado.
Por fim recebemos os certificados, como pode a vida das pessoas ser decidida por um papel, é apenas uma merda de papel. Ele rasga.

Saímos constrangidos, não tínhamos feitos nada de errado, mas tínhamos feito tudo errado.

— Acho que é isso. - Eu falei serena e ele me olhou
— É isso. - Ele falou no mesmo tom que eu - Está feito.
— Está. - Eu completei
— Eu pego as crianças amanhã. - Foi a última coisa que ele disse, se virou e foi até o carro dele
Estranhamente estranho.
Eu odiava aquilo, eu odiei aquilo.
Engoli em seco e fui até meu carro, olhava para o rádio onde tinha alguns dos meus álbuns e dos álbuns dele como favoritos, como somos mentirosos, fizemos arte e queimamos elas sem dó nem piedade.
Retirei tudo dos favoritos, fechei meus olhos e chorei, chorei como um bebê, que merda, poderia ter impedido, mas no que mudaria?
Liguei o carro e fui pra casa, assim que cheguei em casa eu chorei, chorei de novo como um bebê
Aquela casa enorme era só minha por uma semana, eu não gostei nem um pouco daquilo.
Colin decidiu deixar a casa pra mim, eu não julgava ele, teria feito o mesmo, aquela casa, essa casa era um motivo grande de gatilhos é isso me perturbava, mas eu não podia vender, não queria. Coisas boas aconteceram aqui.


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