Os Elegístas

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Sigo pela margem para longe da multidão de adolescentes histéricos e não paro até encontrar um local sossegado distante dos flashes de luz, risadas e todo o barulho

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Sigo pela margem para longe da multidão de adolescentes histéricos e não paro até encontrar um local sossegado distante dos flashes de luz, risadas e todo o barulho.

Quando chego ao antigo deck, estou sem fôlego.

O lugar está abandonado e silencioso, ninguém nunca vem a esta parte do lago porque falta manutenção e está caindo aos pedaços. É estarrecedor o estado de deterioração em que o perímetro se encontra, os juncos chegam mais ou menos à altura da cintura e ervas daninhas crescem de maneira desordenada ao redor dos pilares, suplantando o florescimento das anêmonas e margaridas-lunares. Até o arco elíptico na entrada está degradado, encoberto por um intrincado dossel de galhos nus retorcidos, a pintura amarela craquelada.

Uma névoa de esplendor obscuro lança sombras sobre a plataforma, ainda assim, a minha mente vibra com memórias ensolaradas de quando vovó me trouxe aqui anos atrás, pouco antes de mudar-se para a Riviera. Era outono, a estação dos poetas — como ela viria a afirmar. Naquela tarde, nos acomodamos no tapete de folhas vermelho-alaranjadas que se acumulavam nas tábuas da plataforma e assistimos ao deslizamento dourado do sol no horizonte enquanto dividíamos uma barrinha de Almond Joy.

Queria que vovó estivesse aqui agora, estar sozinha é assustador. Na penumbra, meus medos e receios se entrelaçam. Por um instante considero retornar para a festa, mas se o fizer terei de encarar Tristan e Lana, e isso é mais do que posso suportar numa noite.

Ignorando os joelhos doloridos, avanço pela plataforma e me apoio no parapeito. Evito pensar em todos os perigos noturnos, desde insetos venenosos a maníacos em potencial, e me concentro na textura áspera da madeira sob a ponta dos dedos, sem ouvir nada além da minha respiração ofegante e do martelar do meu coração por um longo momento.

Eu deveria estar aproveitando a minha primeira festa, o último ano antes da faculdade, e olha onde estou. Meredith me assegurou que seria divertido. Era para ser divertido. Mas me sinto horrível e tão estúpida, como a personagem de um romance cafona em que não sou a protagonista, mas o candelabro que ilumina a história de outra pessoa.

Ergo os olhos para o céu, a luz das estrelas chega até mim como palavras datilografadas em carbono. De pé aqui, sob o brilho estilhaçado de estrelas incontáveis, não posso evitar pensar no meu próprio coração e em todas as coisas que se partem e desmoronam sem alarde, em espaços imperscrutáveis, com estrondos que ninguém ouve, e seguem se partindo indefinidamente.

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⏰ Última atualização: Mar 29 ⏰

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