entre sapos e um bêbado

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2:00 A.M

Tsukishima acorda com um barulho de batidas em sua janela. Ainda meio sonolento ele caminha até a mesma e a abre para ver o que é.

- Yamaguchi? O que você tá fazendo aqui?

O loiro pergunta, incrédulo com a cena à sua frente - um esverdeado com os cabelos bagunçados, os olhos inchados e uma garrafa em mãos -.

- Tsukki, me perdoa, eu juro que não te contei por mal. Eu não podia.

Desabafa o mais novo, os olhos se enchendo novamente de lágrimas. A cabeça do loiro começou a girar, aquilo era estresse demais para processar em plena madrugada.

- Não saí daí, eu já venho.

Foi tudo o que o mais velho disse antes de sumir da janela, um tempo depois aparecendo do lado de fora da casa. Ele caminhou até o mais baixo, pegando em sua mão e o puxando para dentro da residência.

- Quem foi o idiota que te deu álcool?

Tsukishima pergunta, tirando a garrafa marrom das mãos do outro, a deixando em cima da pia, logo após direcionando-os para o seu quarto.

- Os caras da banda estavam me ajudando a "superar o fora" que, de acordo com eles, você me deu.

Tentou explicar, as palavras saindo meio emboladas e com alguns risos no meio.

- Escuta Yamaguchi, eu sei que talvez você nem se lembre disso amanhã, mas, eu me importo com você e fiquei decepcionado por você não ter me contado que é o Anuros. Mas, isso não significa que eu quero que você saia por aí enchendo a cara, eu só... preciso de um tempo para processar essa informação...

O loiro proferiu enquanto deixou o mais baixo sentado na beira de sua cama e foi atrás de algum pijama confortável para o mesmo.

A verdade era que, Tsukishima estava envergonhado, e confuso, pois desde que fizera amizade com o esverdeado, no começo daquele ano letivo, havia deixado explícito que era fã daquela banda de rock, principalmente do guitarrista, tamanha sendo a sua surpresa ao descobrir que o cara que tanto admirava era na verdade o aluno novo que se mudou para sua cidade a pouco tempo e que, ainda por cima, fizeram amizade. Aquilo era muito surreal, estava além de algo simples de acreditar.

- Você consegue tomar banho?

Perguntou assim que achou uma roupa que, provavelmente, serviria para Yamaguchi, além de separar também uma toalha.

- Claro!

Respondeu o rapaz, que até então estava sentado quieto, olhando para baixo. Ele se levantou, meio zonzo, e caminhou lentamente em direção ao banheiro, cambaleando para um lado e para o outro nesse processo.

- Ok, acho que é melhor não te largar sozinho no banheiro nesse estado.

[...]

Após ter se certificado de que Yamaguchi não "iria de arrasta para cima" no banheiro, Tsukishima secou os cabelos dele e o colocou para dormir em sua cama, depois foi até a cozinha e pegou aquela garrafa de cerveja, dando um jeito de escondê-la em algum lugar de seu quarto, pois, tudo o que menos queria, após toda essa dor de cabeça, era os seus pais surtando por ele "ter" se embebedado.

Quando finalmente pode "tranquilizar" sua mente, o loiro arrumou um colchão, no chão, ao lado de sua cama, pegou algumas cobertas e enfim voltou a dormir.

Teria uma conversa séria com o mais novo ao amanhecer do dia e nada o deixaria adiar isso.

Ou, pelo menos fora o que Kei Tsukishima havia pensado, ele só não contava com a chance de sua hipótese estar certa e sua família ter voltado mais cedo da viagem, o que era para durar uma semana, durou apenas três dias.

Tsukishima viu seus planos de conversar calmamente com Yamaguchi indo por água abaixo assim que levantou-se de manhã e viu as malas de seu irmão largadas na sala, agora teria de pensar em outra forma de conversar com o esverdeado sem que fossem interrompidos, ou escutados.

E foi pensando nisso que Tsukishima se perdeu, enquanto olhava o mais novo indo embora. O esverdeado ficou para o almoço por muita insistência da senhora Tsukishima, pois, estava óbvio o desconforto do mesmo, que evitou trocar olhares com Kei o máximo possível. E, como bom introvertido que é, Tsukishima só conseguiu separar um comprimido para dor de cabeça - para ajudar na ressaca - e dar tchau quando Yamaguchi resolveu ir para casa.

[...]

Sozinho, deitado em sua cama, a mesma cama que algumas horas atrás teve o seu crush, o guitarrista Anuros, deitado e dormindo nela, agora era o lugar de solidão pessoal de Tsukishima.

Os olhos fixos em algum ponto aleatório do forro branco, a mente vagando nos acontecimentos da noite passada. O rapaz conseguiu reviver perfeitamente o momento em que chegara no local do evento, conseguia lembrar de ter ficado super ansioso e impaciente pelo show ter atrasado. Lembrava do coração acelerado ao escutar a batida das baquetas, indicando o início da música e também de como ficou sem saber como reagir quando as cortinas se abriram e pode ver ele pela primeira vez, Anuros, o guitarrista que adorava. Mas, a falta de reação não foi apenas por finalmente conhecer o cara que admirava, mas sim, por descobrir que ele era na verdade Tadashi Yamaguchi, seu Tadashi Yamaguchi, o cara que por quase um ano foi seu amigo e ouviu seus elogios ao guitarrista e surtos por novos lançamentos.

Era nesse momento que Tsukishima queria nunca ter pisado naquele lugar, quem sabe assim ele tivesse a chance de ter descoberto isso do próprio esverdeado. Mas, agora já era tarde, e o destino daquela amizade estava nas mãos do loiro, cabia a ele decidir se entenderia o lado de Yamaguchi por ter escondido algo assim, ou deixaria a amizade de lado e mandaria o mais novo ir a merda.

O único problema nisso tudo era que, o pensamento de ter como amigo o Anuros, fazia o coração de Tsukishima bater mais rápido e isso não era nada bom.

Entre Sapos e YamaOnde histórias criam vida. Descubra agora