entre sapos e confissões - 1

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Era uma sexta-feira, estava quase no fim da aula, e Tsukishima se encontrava perdido em seus pensamentos, enquanto encarava Yamaguchi. Em algum momento, sua cabeça voltou a ligar os pontos de que aquele era o Anuros e que isso significava que, Tsukishima Kei tinha um crush em seu melhor amigo.

Tudo bem que nunca tinha visto o rosto do guitarrista antes e acabou gostando dele pela forma como tocava guitarra, e também de sua voz em algumas músicas em que cantava um pouco.

Mas ainda assim, eram a mesma pessoa e, não tinha como não surtar com tudo isso, o loiro não conseguia entender como sua cabeça ainda não tinha explodido depois de tamanha descoberta.

E para piorar, se sentia extremamente confuso, pois,

Primeiro: não sabia se ser fã de Anuros (sabendo quem ele era) interferiria em sua amizade com Yamaguchi.

Segundo: não sabia se o fato de ter um crush em Anuros implicava em gostar de Yamaguchi (indiretamente falando, ele sabia que sim).

Terceiro: como Yamaguchi Tadashi pode ser tão fodidamente lindo até parado, de costas, copiando as anotações para a prova da semana que vem?

"Espera, prova da semana que vem?"

Quando Tsukishima caiu por si, saindo do mundo da lua, o sinal havia tocado e seu caderno se encontrava incompleto.

O quadro sendo apagado pelo professor, e ele lá todo perdido. O jeito seria pedir para Yamaguchi lhe passar o resto mais tarde.

[...]

Os dois caminhavam juntos rumo a casa de Yamaguchi, o loiro, que foi convidado pela avó do outro, iria passar o fim de semana lá, o que era um pouco incomum entre eles, já que geralmente era o esverdeado que ia até sua casa e não o contrário.

Ou seja, Kei se sentia extremamente ansioso naquele momento.

— Boa tarde, garotos!

A senhora os recebe assim que entram na residência, os abraçando.

— Estão com fome? Eu acabei de fazer uma torta.

— Obrigado vovó, nós vamos ir trocar de roupa e já descemos, ok?

Proferiu o esverdeado, deixando um beijo na testa da mulher. Eles então subiram para o quarto do mais novo.

Deixando sua mochila em um canto, ao lado de sua escrivaninha, Yamaguchi tirou sua camiseta e foi até o guarda-roupa. Tsukishima observava-o por trás, encarando as costas desnudas do amigo e, por um momento, pode sentir suas bochechas esquentarem.

Nunca sentira vergonha daquilo antes, já tinha visto o amigo sem camisa outras vezes, mas agora parecia estranhamente diferente. Ele não conseguia conter o olhar.

— Eu vou tomar um banho primeiro, pode ser?

Perguntou o esverdeado, recebendo um balançar de cabeça em confirmação.

Tsukishima aproveitou o fato de estar sozinho para se jogar na cama do outro, tentando por seus pensamentos em ordem. Rolou de um lado para o outro, sentindo o cheiro do mais novo por todo o lugar, aquilo parecia estranhamente confortável para si e isso estava o fazendo sentir ainda mais confuso.

Estava gostando de Yamaguchi? Ou será que descobrir que ele era o Anuros estava o influenciando? Seria tudo isso uma confusão da sua mente, querendo criar a fanfic perfeita onde ele era namorado de um roqueiro gostosinho?

E foi entre questionamentos e pensamentos intrusos que o loiro nem se deu conta de que o mais novo já havia voltado. Somente quando o outro o chacoalhou pelo ombro é que foi se dar conta de que não estava mais sozinho, então, engolindo a vergonha de ser pego viajando na maionese, o mais velho finalmente foi se banhar.

Mas as dúvidas não sumiram, pelo contrário, estar no ambiente de Yamaguchi, onde tudo era ele, só o fazia pensar mais ainda em tudo. Não só nos últimos tempos, mas em tudo o que já viveram e… porra! Aquilo estava mexendo muito com a cabeça do loiro.

[...]

— Boa noite meninos, não esperem por mim!

A avó se despediu, deixando um beijo na testa de cada um dos garotos sentados no sofá.

— Onde ela está indo?

— Para o baile, toda sexta e sábado tem, ela não perde nunca!

Explicou o esverdeado.

— Já sei quem você puxou…

Comentou o loiro, de forma descontraída, e o esverdeado deu risada.

Eles então voltaram sua atenção para o filme que assistiam, enquanto comiam a torta que outrora foi mencionada.

Já eram quase nove da noite, o filme estava pela metade, o clima estava bom, tinha tudo para ser perfeito, mas a única coisa que os olhos do mais alto pediam para ver era Yamaguchi. Por mais que ele tentasse concentrar sua visão na televisão, acabava voltando seu olhar para o mais novo.

— O que foi, Tsukki?

Yamaguchi perguntou, voltando seu olhar para o mais velho.

O loiro sentiu seu corpo inteiro tremer, sua garganta coçar. O esverdeado havia o pego em flagrante, ele não tinha para onde correr.

— É que…

Podia sentir o suor se juntando na palma de suas mãos.

— Você tá bem?

Tsukishima tentava pensar em alguma desculpa qualquer, mas sua mente estava um fuzuê.

E naqueles poucos segundos em silêncio, ele chegou a conclusão mais precoce de sua vida, talvez a mais imprudente também, onde resolvera apenas falar a verdade.

— Estou sim, eu só estava distraído te observando.

— Quê? M-me observando? Por que você faria isso?

Yamaguchi sentiu seu coração acelerar, suas orelhas ficando quentes.

Agora não tinha mais volta, o momento era aquele, o loiro não tinha mais saída.

— Sabe eu… acho que quero mais refrigerante, você quer? Eu vou buscar.

E ele deu para trás…

— Pode ser…

Murmurou o esverdeado, confuso e decepcionado.

Mas ele não se daria por vencido facilmente, então foi atrás de Tsukishima, que já estava com os copos de refrigerante em mãos, se preparando para voltar para a sala.

— Tsukishima!

Chamou, decido sobre suas intenções.

— Eu tô gostando de você!

O loiro, que observava atentamente o que o mais baixo tinha para dizer, ao ouvir aquilo, não pode evitar derrubar os copos no chão, tamanho o seu espanto.

O barulho do vidro se quebrando foi seguido por um silêncio ensurdecedor. Os dois rapazes constrangidos demais para falar e perdidos demais para fazer algo.

— E-eu v-vou pegar algo pra limpar i-isso.

O esverdeado apontou para o lado contrário da cozinha, se afastando rapidamente. Se culpava mentalmente por não conseguir se conter, mas ao mesmo tempo se sentia aliviado de finalmente ter contado o que sentia. Porém, ficava cada vez mais ansioso, a cada passo que dava em retorno a cozinha, com medo do que poderia obter como resposta do mais alto.

Entre Sapos e YamaOnde histórias criam vida. Descubra agora