Capitulo 6

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Após as luzes se apagarem, me encolho e repito:

-- A luz vai voltar, a luz vai voltar.

Não pode ser ele, ele não está aqui.


Mas a luz não volta e começo a ouvir passos, então grito:

-- Quem está aí? Por favor, pare com isso.

Mas ninguém responde e os passos não param. Quando sinto uma mão me empurrar, caio em cima de algo de vidro quebrando em mil pedaços e começo a chorar. De repente, vejo a luz do celular se acender; era Hector me ligando. Vou engatinhando até o celular e atendo Hector:

-- O que está acontecendo, Savana?

-- Tem alguém aqui, tem alguém aqui.

Não é ele fique calma, não é ele de novo.

-- É impossível, nenhuma porta foi
aberta e nenhuma janela.

Mas sinto uma mão em minhas costas e grito:

-- AH, PARA COM ISSO!

O medo que me domina é tão grande que não sinto mais nada. Pego o celular do chão e Hector diz:

-- Sobe agora, vai para o meu quarto e tranca a porta, estou chegando.

-- Não dá, eu não consigo enxergar nada, não sou tão forte quanto você pensa, não no escuro.

-- Savana, você precisa sair daí, por favor, você consegue.

Começo a chorar ainda mais enquanto as coisas se quebram ao meu redor. Levanto do chão e começo a correr, subo as escadas tropeçando. Por sorte, o quarto de Hector é o último, então é mais fácil de achar. Abro a porta, entro e depois de trancar, volto para o celular e digo:

-- Pronto, eu consegui, já tranquei a porta.

-- Chego em 10 minutos.

Mas batidas fortes começam na porta, começo a chorar de novo, então vou agachada até o closet e fecho a porta. Fico encolhida, chorando com o celular no ouvido. Escuto Hector gritar com alguém, o que me deixa apavorada. Então Hector diz:

-- Ei, fica calma, por favor.

Mas não consigo dar ouvidos, minha respiração está fraca e estou prestes a ter uma crise de ansiedade. Hector percebe e diz:

-- Se concentra na minha voz, tá bem? Você está segura, tá tudo bem.

Com o pouco ar que tenho, respondo:

-- Não existe lugar seguro, nunca existiu antes e não vai existir agora.

As luzes voltam, pois pela fresta da porta do closet consigo ver. Então escuto Hector gritar pelo telefone.

-- QUE PORRA É ESSA?

Ele volta a falar comigo:

-- Savana, você está aí? Não sai daí, eu acabei de chegar.

Escuto vários barulhos e de repente escuto a porta do quarto se quebrando e ouço Hector:

-- Sou eu, Savana, pode sair.

Nao posso me mecher,nao consigo.

Mas continuo imóvel, então Hector abre a porta do closet e, ao me ver, diz:

-- Droga, você está sangrando.

Hector me pega no colo e me coloca em sua cama. Olho para minhas pernas e há vários cortes superficiais, e na minha coxa um pedaço grande de vidro está enfiado nela. Hector sai do quarto e volta com uma maleta. Ele me olha e não diz nada.

-- Eu escutei um barulho de choro de bebê e, quando desci, a luz apagou e não voltou, e alguém me empurrou em alguma coisa de vidro. Eu juro que tinha alguém aqui. Eu prometi para mim nunca mentir para você, então acredite em mim.

-- Tá tudo bem, eu acredito em você. Me desculpe por ter te deixado sozinha. Eu vou precisar tirar esse caco de vidro e dar pontos, tá bem.

Balanço a cabeça concordando. Hector limpa os cortes nas minhas pernas e então vai para minha coxa. Ele puxa o caco de vidro enquanto faço cara de dor. Ele pega uma agulha e passa pelo corte, me fazendo gritar. Agarro sua perna e cravo minhas unhas, arrancando sangue dele sem nem perceber. Torno a gritar, mas finalmente acaba e ele protege o corte.

 Torno a gritar, mas finalmente acaba e ele protege o corte

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H

ector nota meus olhos sujos de lágrimas, e limpa meu rosto com suas mãos e seus olhos azuis agora parecem tão escuros.

-- Você está bem, Savana?

Percebo que estou pingando de suor, então me levanto, mas reclamo de dor, meu corpo inteiro está doendo. Hector se levanta.

-- Eu preciso resolver umas coisas, você pode dormir aqui hoje.

Mas antes que Hector saísse, pergunto:

-- Será que você tem uma lanterna para me dar?

Hector para e me olha por um tempo, então ele sai do quarto fechando a porta, mas consigo escutar ele falar pelo telefone:

-- Você vai achar o desgraçado que fez isso, quero o nome na minha mesa amanhã e mande alguém limpar a bagunça, não quero que ela veja como ficou toda essa merda.

Escuto os passos de Hector se distanciando cada vez mais, me ajeito na cama e olho para a luz, mas não consigo desligá-la. Agora que eu tinha finalmente conseguido voltar a dormir no escuro, foi pelo ralo. Hector entra no quarto e me entrega a lanterna.

-- Essa está bom?

Balanço a cabeça concordando. Hector pega o edredom e me cobre, depois abre a porta do quarto para sair e apaga a luz, mas eu grito.

-- NÃO!

Hector se vira assustado e fica me olhando até eu me explicar.

-- Não desliga a luz, por favor, não pergunte o porquê, só não desligue.

Tudo voltou, todos meus monstros foram soltos do lugar onde eu tinha os prendido.

Hector liga a luz e sai, me deixando sozinha, e aos poucos adormeço.

Me pergunto se serei capaz de prendê-los de novo mas sei a resposta.

Como se Apaixonar por um MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora