Capitulo 3

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Robert se aproxima para pegar Kira, seguro o braço do mafioso para chamar sua atenção e digo:

-- Posso me despedir dela?

Diz sim.

O mafioso puxa seu braço com força:

-- Seja breve!

Caminho em direção a Kira e a pego no colo, com os olhos cheios de lágrimas, acariciando sua costinha, e olho para Robert:

-- Você precisa esquentar a mamadeira dela. Não esqueça que ela ainda usa fralda. Liga para sua mãe e diz... Eu não sei, inventa alguma coisa, só não a deixe com ninguém da minha família, entendeu? Cuide dela para mim, por favor.

Isso é tudo sua culpa Robert!

O mafioso sem paciência interrompe:

-- O tempo acabou!

O homem e a mulher me pegam pelo braço, puxando-me em direção ao carro. O mafioso entra primeiro e, em seguida, o homem me empurra para dentro do carro, fazendo-me sentar ao lado do mafioso, que insiste em me observar. Os dois capangas entram no carro, e enquanto o mafioso não ordena, o motorista não dirige. Logo, o mafioso faz um sinal e o motorista começa a dirigir.

Fico olhando pela janela, apertando a barra do meu vestido em minhas mãos e me contendo para não chorar. Sei que não posso demonstrar fraqueza para eles, e a única coisa em que preciso pensar é que já aguentei tanta coisa que ser forte é minha única opção. O mafioso me olha:

-- Não fique triste, vamos nos divertir.

Viro meu rosto para o dele e pergunto:

-- É isso que você quer?

O mafioso me questiona sem entender, então repito:

-- Você disse para não ficar triste, é isso o que você quer?

A mulher à minha frente dá risada:

-- Quero ver até quando você vai obedecer a ele.

O outro capanga, que parece ser coreano, diz:

-- Já que você é tão obediente, tire sua calcinha e me dê!

Ele olha para o final do meu vestido. Por dentro, estou tremendo de medo, mas não deixo transparecer o quanto estou apavorada e respondo:

-- Não fiz um acordo com você, fiz? Só irei obedecer a ele, não a você nem a ninguém mais! E se quiser tanto uma calcinha, eu posso te passar o nome da loja onde compro as minhas. Ficarão ótimas em você.

A mulher cai na gargalhada, enquanto o homem fica furioso, se levantando de seu assento pronto para vir para cima de mim, até o mafioso fazer um sinal com a mão e dizer:

-- Chega!

Depois de algumas horas no carro silencioso, chegamos a uma enorme propriedade. O carro entra e diante de meus olhos vejo uma enorme mansão.

Descemos do carro e caminhamos até a enorme porta de entrada. Antes que pudéssemos seguir em frente, a mulher se aproximou do mafioso e falou em seu ouvido. Ele acenou com a cabeça concordando, e então a mulher veio em minha direção:

-- Diante do acordo que você fez com meu chefe, achamos que você precisa provar que vai ser obediente. Você terá que pegar isso.

A mulher me da uma faca, e eu fiquei paralisada, sem entender, pensando que eles iriam me fazer matar alguém, até que ela continuou:

-- Você vai ter que se cortar! É fácil machucar os outros, mas se machucar é mais difícil. O instinto de autodefesa jamais permite que as pessoas se machuquem.

Após dizer isso, ela começou a rir de forma assustadora. Então, virei-me para o mafioso e perguntei:

-- Você quer que eu me corte, é isso?

O mafioso balança a cabeça concordando, seguro a faca em minha mão e percebo que na outra mão está o paninho de Kira. O mafioso caminha até mim e estende a mão. Dou o paninho e ele volta para seu lugar. Todos olham para mim. A mulher ainda não parou de rir. O outro homem me olha com cara de ódio.

Puxo a manga do meu vestido, respiro fundo e corto meu braço. Como eles saberiam que fazer algo assim seria tão fácil para mim? Mas eles não sabiam do meu passado, muito menos do que eu era capaz de aguentar. O sangue começa a escorrer. A mulher vai à loucura de felicidade. O homem passa a me olhar com mais raiva, e o mafioso me observa sem expressão alguma. Volto minha atenção para a mulher rindo e, com o olhar frio, digo:

-- Aquele instinto de autodefesa nunca existiu para mim.

Vocês não sabem nada da minha vida.

Logo sinto uma mão colocando um pano sobre meu corte. Olho para o lado e vejo uma mulher de preto. O mafioso faz um sinal e ela me leva para dentro. Entramos pela enorme porta e por dentro é mais lindo. Subimos as escadas e fomos até um enorme corredor. A mulher de cabelos brancos abre a porta e entramos em um quarto. Ela me senta na cama e começa a cuidar do meu corte, dizendo:

-- Você vai ficar bem, Hector não é tão mal quanto pensa. Ele é um bom homem, só teve que assumir os negócios de seu pai.

-- Então esse é o nome dele?

Hector.

-- Ah, ele não tinha te falado? Mas enfim, este será o seu quarto. No guarda-roupa, tem algumas roupas. Como foi em cima da hora, foi o que consegui, mas amanhã irei comprar o que está faltando. Deixei um papel e uma caneta, se puder anotar o que você precisa. Agora, tome um banho e descanse. O jantar sai às 19:00, eu virei te chamar.

-- Obrigada, mas qual é o seu nome?

-- Que descuidada, me desculpe. Meu nome é Maria, eu basicamente cuido de tudo aqui.

Maria sai do quarto, me deixando sozinha. Abro o guarda-roupa e vejo roupas lindas. Me questiono por que estão me tratando assim?

Esperava um porão sujo e um colchão velho não isso tudo.


Vou até o banheiro, tiro minhas roupas, ligo o chuveiro e entro. O corte em meu braço dói, mas não dou importância. Após meu banho, me seco e visto um vestido longo de mangas. Quanto menos eu mostrar meu corpo, melhor. Me deito na cama e fico pensando em Kira e se Robert está cuidando bem dela, mas acabo dormindo.

Como se Apaixonar por um MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora