6 - Competição

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O Hotel Trajano Búzios já poderia estar operando. Durante três semanas, os funcionários se dedicaram para polir todos os atendimentos pedidos pelo Ministério do Turismo. Inclusive, uma equipe seria enviada para avaliar os serviços do espaço. Esse já era algo de praxe para César, porém, a maioria dos trabalhadores estavam temerosos.

Parte do treinamento havia acabado, então algumas pessoas foram escolhidas para tirar uma semana de folga. Quem conseguiu a sorte grande foi René, que acabou selecionada. Hugo, por outro lado, ficaria responsável pela manutenção do quarto de César e o lobby do Hotel, pois mesmo sem clientes a limpeza precisava estar em dia.

Cada setor ficou no máximo com seis funcionários, que atuariam em três turnos diferentes. O horário de trabalho seria reduzido para não sobrecarregar ninguém, ou seja, os passeios de Hugo e César ganhariam algumas horas a mais.

No fim da tarde de segunda-feira, os dois foram para a Orla Bardot, localizada na praia da Armação. No local, está um dos cartões postais da cidade, a estátua de bronze de Brigitte Bardot. Nos anos 60, a atriz francesa ficou hospedada por alguns dias em Búzios. Ela gostou tanto da experiência que voltou diversas vezes.

A estátua foi esculpida em bronze, pesa cerca de 160 Kg e tem a autoria da escultora Christina Motta, tendo sido inaugurada em 1999. César e Hugo estavam sentados perto da obra de arte e observavam o pôr do sol.

— Quem teve a ideia de trazer o hotel para Búzios? — quis saber Hugo, dando um gole na cerveja.


— A minha mãe, a Dona Joana Trajano. Ela atuou durante alguns anos como CEO da rede de hotéis, dai o meu pai morreu e...

— Você não fala muito sobre o seu pai, né?

— Ele era um grande homem, Hugo. E morreu durante uma tentativa de assalto. — contou César, que deixou algumas lágrimas rolarem do seu rosto.

— Sinto muito, César. — Hugo tocou a mão do empresário e o reconfortou.

— Ele foi o primeiro que soube da minha sexualidade. O meu tio estava com medo de um possível escandalo, mas em nenhum momento o meu pai pediu para esconder os meus sentimentos. — César lembrou com carinho dos conselhos que recebeu do pai. — Enfim, — respirando fundo. — a mamãe parou de trabalhar e coube a mim comandar a rede Trajano.

— E você faz isso com maestria, César. É o melhor chefe que eu conheço. — garantiu Hugo, ainda acariciando a mão de César. — Vamos mudar de assunto? 

De repente, um grupo de garotas passaram pelos dois e começaram a comentar. Uma das moças andou na direção de César e pediu para ele beijar uma de suas amigas. Eles ficaram sem reação, porque as garotas estavam visivelmente embriagadas e celebraram uma despedida de solteiro.

— Qual é, moço. Você é solteiro e será o último homem que a minha amiga vai beijar. — implorou uma garota negra, que usava dreads nos cabelos. Ela fez César levantar e andar sem reação na direção do grupo, que aplaudia. — Sem vídeos, vagabundas! O que acontece em Búzios, fica em Búzios!


Que situação. Pimentão vermelho. Essa era a cor de César Trajano. Algumas brincadeiras acabam saindo do ponto e o empresário beijaria uma mulher pela primeira vez em sua vida. "Beija, beija", as moças começaram a gritar e celebrar. Nervoso, Hugo assistia tudo impotente e com um pouco de ciúmes. Fora que ele percebeu o desespero de César.

A noiva em questão não era uma bela mulher, mas César não sentia atração por mulheres. Ele fechou os olhos preparado para um beijo, porém, as vozes perderam a força e elas começaram a vaiar. Ao abrir os olhos, César se deparou com Hugo beijando a noiva, que não se fez de rogada e quase engoliu o skatista.

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