7 - Tormenta

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Búzios pode ser considerada um paraíso, mas não está isenta de ser atingida pela força da natureza. Às 18h daquela terça-feira, os moradores foram surpreendidos por uma forte chuva e ventos, que, conforme os jornais, alcançaram até 30 km. Assim como a maioria dos municípios do Brasil, os bairros de Búzios não estavam preparados para a tormenta.

No primeiro momento, ao ver a chuva, César achou uma boa para testar a resistência do hotel para tempestades. No quarto, ele ficou olhando os funcionários correndo de um lado para o outro para tirar todos os itens da área da piscina.

O coitado do Hugo acabou preso no hotel pela tempestade. Não havia condições de sair e enfrentar a força da água e do vento. Naquela tarde, que mais parecia noite, havia 20 funcionários do estabelecimento.


— Ei, dona Adelaide, a chuva não passa. O que vamos fazer? — perguntou Joseane, uma das recepcionistas do hotel.


— Eu vou falar com o Seu Eliezer. Está impossível de sair e a cidade está toda alagada. — disse Adelaide, preocupada com as filhas que estavam em casa sozinhas.


— Já tiramos todas as cadeiras e objetos de praia da área da piscina. — avisou Hugo, que estava todo molhado.


— Tá tenso lá fora. — disse João, outro camareiro, também ensopado.


— Cara, estão dizendo que vai ter uma tormenta. — Hugo afirmou olhando no celular e se assustando quando um pedaço de árvore atingiu a janela do hall do hotel. — Caralho! — esbravejou ficando agachado.


— Isso está ficando fora do controle! — gritou Adelaida, ainda recuperando o fôlego do susto.

Assustado com o barulho, César desceu e viu o estrago feito pela força do vento. Ele pegou o celular e tirou uma foto para mandar para a equipe de construção. Os funcionários não tinham como ir para casa e nem onde dormir, então, o empresário foi prático e convocou todos eles para a sala de reuniões.


— Pessoal, essa é uma situação atípica, mas que pode servir de aprendizado para todos nós. Hoje, eu vou entrar em contato com os arquitetos e engenheiros. Prometo que vou fazer melhorias no que diz ao conforto de vocês. — disse César, que usava roupas formais e estava com os cabelos bagunçados. — Adelaide, por favor, direcione os funcionários para os quartos. Você disse que são 21, não é? Dois por quarto resolve. Ninguém jantou, não é? Acho que ainda tem alimentos na área da cozinha. Podemos fazer uma janta coletiva. Eu também estou faminto.


— Obrigada, Seu César. — agradeceu Adelaide e os funcionários começaram a comentar sobre a atitude do chefe. Hugo soltou um sorriso tímido, pois não esperava menos do empresário.

Três funcionários se ofereceram para fazer o jantar, enquanto os outros foram liberados para os seus quartos. Adelina aproveitou o momento para ligar para as filhas, que, finalmente, atenderam e confirmaram para a mãe que estavam em casa.

Com os materiais disponíveis, a equipe conseguiu fazer estrogonofe de arroz com batata palha caseira. Eles comeram na área do restaurante e nem parecia que o mundo estava desabando do lado de fora. Alguns funcionários ficaram impressionados com a simplicidade de César, algo que Hugo já era familiarizado e amava.


— Pessoal, por favor, se precisarem de qualquer coisa, contem comigo, viu. Esse empreendimento não é só da minha família, pois contamos com a ajuda de vocês para elevá-lo. — disse César, enquanto comia tranquilamente.


— O chefe é o melhor! — gritou João, que foi rapidamente repreendido por Adelaide.

— Tudo bem, Adelaide. — disse César com um sorriso tímido no rosto. — E parabéns, o jantar ficou perfeito.

Amor no paraísoOnde histórias criam vida. Descubra agora