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CAPÍTULO I: THE SUPERMAN

Jacob Carter

Até onde as embaraçosas acusações de uma polícia despreparada - ou de um promotor inexperiente - podem levar? Em que patamar o bem próprio pode ser colocado acima do bem de outras pessoas acusadas de crimes que não cometeram? A disputa de caráter que tanto os dirigentes de investigações enfrentam frequentemente, quanto a população amedrontada e revoltada adquire de si mesmos é preocupante.

O que leva a apontar alguém minimamente suspeito como o culpado de um crime hediondo, geralmente é a falta de disposição dos promotores em se empenharem no caso e procurarem o verdadeiro culpado, para que eles se dessem bem no trabalho, de repente conseguirem fama em cima de um caso tão comentado na mídia e poder provar com evidências inexistentes e insignificantes que, um policial inocente como eu seria capaz de cometer um crime tão bárbaro como aquele.

Eu não costumava tirar as razões dos promotores quando de vez em nunca assistia um julgamento ou decidia acompanhar um caso, mesmo que fosse por cima. Eu sempre lhes dava razão porque pra mim, o réu que fosse culpado teria que pagar pelo seu crime de forma justa e limpa, a justiça tinha que ser feita. Mas em todo esses anos acompanhando casos alheios aqui e ali, eu nunca parei pra pensar na possibilidade de pelo menos algum deles ser inocente. Nem se quer acreditava nessa hipótese.

E só passei a acreditar naquelas pessoas quando eu virei o réu e vi como o sistema funcionava.

X

A tarde de 4 de julho foi perfeita e ao mesmo tempo igual todas as tardes de sempre. Geralmente nos fins de semana eu reservava meu dia para brincar com meus filhos, o que pra mim sempre foi primordial em todo o meu processo de paternidade. E além de primordial, era muito divertido mesmo.

Meus filhos eram as pessoas mais importantes que eu tinha na vida e sabia muito bem qual era o trabalho que eu enfrentava todos os dias úteis da semana. Eu saia de casa pela manhã sem a certeza que os veria de noite e isso me matava por dentro, mas no fim era o que nos mantinha.

Em 1981 eu decidi trancar a faculdade pra entrar para a polícia e tentar seguir mais ou menos o mesmo ramo do meu pai, que era sargento. Um ano depois eu conheci a Natalie, minha esposa, na missa e depois disso nós nunca nos separamos. E conforme os anos foram passando, os filhos foram chegando e o medo aumentando eu comecei a me preocupar cada vez mais com a minha segurança, apesar de sempre ter sido um cara tranquilo na rua.

Eu sempre soube que a Nat odiava meu trabalho e faria de tudo para que eu tivesse um emprego normal e seguro, e realmente havia a possibilidade de deixar tudo e seguir uma vida diferente. Mas eu não sei, alguma coisa me prendia naquela profissão, algo maior que eu. Talvez encapsulado dentro do meu ser, mas totalmente incoberto pela minha alma que nem queria saber do que se tratava.

Mas no fim das contas eu só queria ser um pai normal em todos os finais de semana, principalmente. Queria aproveitar o dia brincando de casinha com a Emma, ouvindo música com a Maggie e jogando basebol com o Tyler.

- Segura essa, Jake! - o Tyler gritou no fundo do vasto quintal de casa, arremessando a bola.

Aquela bola veio como um vulto, foi um dos melhores lançamentos do garoto e quando eu percebi já estava entrando dentro da minha cara. Eu dei um grito como se tivesse sido atingido por um carro e ele veio correndo gritando "meu Deus, você está bem?" e foi quando eu abracei a cintura dele, empurrei seu quadril e nós caímos com tudo naquela grama.

- Parecem duas crianças. - a Maggie disse tirando os olhos da revista pra nos observar. Ela estava no auge da sua fase adulta, velhos e longos 15 anos.

Lobos Pecadores - O sangue dos mais fracosOnde histórias criam vida. Descubra agora