Olá - Sylki

Um estranho não tão estranho

CAPÍTULO 1 - Um estranho não tão estranho

De repente, eu sei que não estou dormindo
Olá, ainda estou aqui
Tudo o que restou de ontem
De repente, eu sei que não estou dormindo
Olá, ainda estou aqui
Tudo o que restou de ontem

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— LOKI, NÃO!

Sylvie gritou ao ouvir o barulho da lâmina contra a carne ecoar em meio ao silêncio.

Ela correu o mais rápido que conseguiu, ignorando a dor de seus ferimentos e o que estivesse em seu caminho, mirando somente no corpo caindo lentamente de joelhos. Olhos fixos nos dela, lábios entreabertos.

— Loki! — ela gritou mais uma vez, deslizando de joelhos diante dele e agarrando seu rosto com força — Me escuta... olha pra mim... por favor! — ela implorou, pressionando sua ferida.

O azul celeste tornava-se sem vida. Ele lutou para manter os olhos abertos, para tocá-la uma última vez.

— Sylvie... me... desculpe... — sua voz não era nada além de um fraco sussurro.

— Não, não. Você não vai... — Ela se recusava a dizer aquela palavra em voz alta — Nós vamos te tirar daqui e tudo vai ficar bem. Só... aguente mais um pouco. Você é forte. Nós não cedemos, lembra?

Ele tentou sorrir, mas uma onda de tosse avassaladora o impediu e ele caiu em seus braços.

— LOKI!

Sylvie o segurou e o ajeitou em seu colo assustando-se com a quantidade de sangue no canto de sua boca. Ela tentou não pensar em como sentia a vida abandonando seu corpo.

— Por favor, fica comigo. Você prometeu... juntos — ela sussurrou, trêmula.

Uma risada reverberou no meio da escuridão. Uma risada fria e sombria que Sylvie imediatamente reconheceu.

— Nós... não podemos... mudar isso... Sylvie.

Ela balançou a cabeça freneticamente e o abraçou com força. Já não se importava com o fluxo de suas lágrimas, não se importava de chorar na frente dele e demonstrar tudo o que sentia.

Ela não queria que fosse tarde demais para isso.

— Não diga isso! Você vai ficar bem. Por favor, fique comigo. Eu... eu... — ela soluçou, dedos frenéticos  acariciando os fios pingando suor — te amo.

Loki esboçou um pequeno sorriso e ergueu a mão lentamente na direção do rosto dela.

Ele nunca pôde tocá-la novamente.

— Loki?! — a vida lentamente deixava seu corpo, olhos olhando o vazio — LOKI! NÃO, POR FAVOR, NÃO!

Um grito agudo e lúgubre retumbou em meio caos.

— Eu não queria ter que fazer isso, criança. Mas... você escolheu esse caminho.

Sylvie sentou-se na cama, ofegante. Ela suava frio, alguns fios dourados grudados em seu rosto.

Ela tentou se acalmar e controlar a respiração com alguns exercícios que sua psicóloga ensinara, mas só conseguiu recuperar o fôlego quando teve cem por cento de certeza que estava em seu quarto.

Esses episódios serão constantes por um tempo Sra. Smith, a psicóloga alertou. Não há muito o que fazer. Você apenas não pode se perder.