Faz meia hora desde a última notícia que tive, eu precisava trabalhar, ou ficaria louco, tinha certeza disso. Seu pai o tinha ensinado que família sempre vem em primeiro lugar, ou o macho o qual conquistou o direito de ser chamado de pai. Ele não era na verdade, não de sangue, mas de alma e coração sim e Lucien o amava como tal. Nem mesmo consegue imaginar sua vida sem a interferência e o amor do macho.
Caminhando pelos corredores leste em direção aos seus aposentos ele se pergunta se é merecedor de tanto amor. Sua esposa, a alma de sua vida, a joia mais preciosa que um dia ele sequer sonhou em tocar, o amava profundamente, largou sua vida por ele, conquistou seu povo e lhe presenteou com os filhos mais maravilhosos que qualquer macho poderia sonhar, ainda assim ele se pergunta o que fez para merecer.
Mesmo agora, depois de tantos séculos ainda se pergunta como seu pai foi capaz de tratá-lo daquela forma, não, ele não era seu pai, não merecia o título, e lucien há tanto tempo já havia renunciado a sua herança outonal, não restava nada mais de fogo em seu sangue, fora o pouco selvagem que restou de sua mãe, como uma bênção do próprio caldeirão.
Não são mais os poderes de beron que Lucien usa, e sim os de Gavriel. O macho o qual abriu mão de seus próprios poderes por Lucien, para salvá-lo da morte quando a renúncia foi demais pro próprio corpo, e quase morreu com a falta do poder e não pertencimento ao mundo. Se não fosse por gavriel, sua interferência teimosa, seu amor incondicional, lucien teria permanecido morto. Ou o que quer que aquele lugar frio e sem vida significava.
Lucien odiava o inverno.
Sua esposa havia passado mal aquela manhã, ainda não sabia o que tinha acontecido. Em um momento estavam em sua varanda particular apreciando o calor do nascer do sol, no outro estava com ela em seus braços, desfalecida e quase sem vida. O palácio se transformou em uma loucura, pois nenhuma das curandeiras presentes sabia o que estava acontecendo de errado com sua rainha, diziam que estava tudo bem, não havia anomalias presentes em seu ser, mas lucien sabia que não estava, era sua esposa afinal, sua metade, ele sabia que não foi uma simples queda de pressão.
Ela era uma guerreira, treinada pelas melhores bruxas para se tornar uma arma em todos os sentidos da palavra. Mas lá estava ela, deitada em sua cama, pálida como o inverno, como a morte. Era inadmissível que não houvesse ninguém capaz de descobrir o que estava acontecendo com seu corpo, de curá-la.
Do que adianta ser rei se quando precisava sua esposa não receberia o tratamento adequado? Do que adianta tanto conhecimento?. Ele gritou isso mais cedo, a plenos pulmões envolto de raiva e incompreensão, que até mesmo assustou as pobres curandeiras e funcionários do castelo. Era incomum vê-lo perder o controle, ele não era assim, agora, depois da calma sepulcral ele via que essas fêmeas não tinham culpa, mas ainda assim ele enviou seu filho mais velho, seu herdeiro para Antica, ouviu falar de um novo experimento na torre de curandeiras, lugar onde as melhores eram formadas, foi de lá que suas vieram, e foi pra lá que enviou seu filho, em busca de ajuda.
Perdido em pensamentos que nem mesmo percebeu que já havia chegado em seu próprio quarto, onde a chefe das curandeiras saia com uma expressão de incompreensão, ele nem mesmo quis ouvir, já sabia o que ia ser dito. Entrou no quarto, afinal, foi até lá movido pela necessidade de estar com sua Ophelia, exatamente o que fez nas últimas 6 horas e não por resposta, essas ele conseguiria quando seu filho retornasse ao final do dia com as mestres curandeiras.
- Cabe mais um ai?. - Já entro brincando e vejo as três garotas da minha vida entrelaçadas em nossa cama, fazendo um casulo em volta de sua mãe, como quando eram crianças e tinham medo de algo, assim, corriam para o aconchego e calor que seus pais podiam lhes proporcionar.