Notas:
Então gente eu demorei kkkkkk
Infelizmente eu fui pega por uma maré de má sorte e acabei com a minha perna quebrada, tive que fazer cirurgia e tudo mais, não recomendo 😅
Esse capítulo foi bem difícil de escrever por que eu não tenho muita experiencia com terapia, se algo estiver errado me avisem.
Vou tentar postar com mais frequência mais não garanto nada, desculpa 💜
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Lulu Santos - Toda forma de amor
Eu não pedi pra nascer
Eu não nasci pra perder
Nem vou sobrar de vítima
Das circunstâncias
Eu tô plugado na vida
Eu tô curando a ferida
Às vezes eu me sinto
Uma mola encolhida, hey!
Você é bem como eu
Conhece o que é ser assim
Só que dessa história
Ninguém sabe o fim
Ninguém sabe realmente quando começa, mas também não é algo que acontece do dia pra noite com a virada de um interruptor, Richarlison só sabia que sentir atração por alguém do mesmo sexo e também pelo sexo oposto era confuso demais pra si.
Ele lembra bem quando um dos seus primos arrumou um vhs com filme pornô, a tia dele tinha saído e eles se juntaram tudo na pequena sala, na televisão as imagens era estranhas para eles, afinal eram crianças ainda, e mesmo os mais velhos que gostavam de pagar de sabichões ficaram assustados como filme.
Richarlison só viu tudo porque estava atordoado demais para sair, ele nem pensou muito que se tivesse saído teria virado o motivo de piada entre os primos, só conseguia pensar que havia algo errado ali, algo que levou algumas noites em claro para descobrir: ele não sentiu atração só pela mulher do vídeo.
Nova Venécia não é exatamente uma metrópole, mas também não é um interior isolado, então não era como se ele não conhecesse um homem gay, mas claro o preconceito sempre vem junto, não tinha escapatória.
Aquilo ficou em sua mente por um tempo, até que ele foi para os testes de escolinhas de futebol e se focou em seu sonho de ser um jogador.
Só voltou a pensar nisso quando finalmente conseguiu o contrato com o Fluminense, a pequena estabilidade lhe deu folga para pensar além do campo.
Agora na sala de espera da psicóloga enquanto espera seu horário marcado às pressas por Renato tudo que Richarlison pode fazer é o exercício de respiração pra tentar não entrar em pânico.
"Richarlison" a voz de Beatriz, sua psicóloga lhe despertou da espiral em que se encontrava "Vamos".
Entrando na sala e sentando na poltrona Richarlison só queria sair correndo, conversar nunca foi muito seu forte, e depois de tudo que aconteceu parecia que as palavras fugiam de si.
"Você comeu antes de vir pra cá Richarlison? Tá meio pálido demais" seu tom era de alguém que estava prestes a chamar uma ambulância pro jogador.
"Eu não consegui comer muito" Deus, ele estava suando frio, e a sala parecia girar "Eu não sei bem o que fazer" o desespero que lhe tomava era aterrorizante, parecia que eles estava se afogando lentamente em areia movediça sem ter aonde se segurar.
"Tudo bem" ela levantou e pegou um copo com água e entregou a ele "Beba devagar primeiro". Depois de beber ele devolveu o copo descartável e ela jogou na lixeira.
"Vamos do início sim" Ah sim, o início, sempre a pior parte de começar terapia, por onde você começa quando tudo parece ruim está ruim na sua vida? "No seu tempo Richarlison".
"Eu acho que estou com medo..." cada parte de seu corpo tencionou quando ele falou isso "Voltar ao Brasil...depois de tudo...".
"Acha?"
"Eu estou com medo. Admitir para si mesmo é sempre o primeiro passo Richarlison" ela riu da atuação de criança petulante que ele fez "Por que agora isso? Era pra eu tá feliz pô...e eu tô aqui tendo ataques de pânico...".
O capixaba sabia que estava fazendo beiço igual a uma criança, mas não ligava, ele não queria estar aqui, nada contra Beatriz ela sempre lhe ajudou, ele não queria voltar aquele lugar... aquele espaço em sua mente aonde tudo em si está errado.
Ele só queria sentir a felicidade de ser convocado, de ser reconhecido por seu futebol, mais obvio que sua mente estava prontinha pra lhe sabotar.
"E você não está feliz com a convocação?" o tom dela era calmo mais Richarlison sentiu como se ela tivesse lhe dado uma facada no peito.
"É CLARO QUE EU TÔ" Jesus, por que ele estava gritando? O que estava acontecendo com sua mente? Seu corpo todo tremia, suas mãos suavam tanto que ele continuava a limpa-las em sua calça jeans.
"Eu só...eu só... não sei se consigo passar por aquilo de novo..." As pessoas tinham sido brutais, os jornais então nem se fala, só sua família e poucos amigos o apoiaram, mas mesmo assim ele lembra bem de quando atingiu o fundo do poço.
Ele lembra bem da voz de seu pai, quando ele lhe encontrou depois de...
Ok, ok, não vamos pensar nisso Richarlison...não vamos pensar nisso.
"Só que dessa vez você tem mais suporte, tanto pessoal como profissionalmente, sentir medo nunca será um problema, mas permitir que o medo te paralise sim" Ela ainda continuava calma, o bom de ter uma psicóloga a bastante tempo era isso, ela conhecia bem tudo que ele passou, e olha que levou muito tempo pra ele se abrir, o mal de ser extrovertido é esse, quando precisa ele não sabe bem como colocar em palavras o que sente.
"Saber disso e colocar em pratica são duas coisas diferentes doutora" seus olhos queimavam com as lágrimas que ameaçam cair.
"E é por isso que eu estou aqui, pra te ajudar" e eles esperava mesmo que ela pudesse.
Sua mala era pequena, ele não queria levar muita coisa já que a viagem da Inglaterra até a França não era muito longa.
Assim que ele saiu de casa para entrar no carro foi surpreendido por gritos e confetes, seus colegas do Everton estavam todos lá.
"O que é isso?" seu coração quase saiu pela boca.
"Viemos desejar boa sorte Brazilian!" e depois de ter conseguido se segurar na sessão com Beatriz agora não teve jeito, ele chorou e enquanto abraçava seus companheiros pensava que ela estava certa, dessa vez seria diferente, dessa vez ele estava mais forte pra enfrentar qualquer coisa, ele ia provar a todos a sua força.
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Dias melhores
RomanceSon Heung-min era o primeiro asiatico brasileiro a ser convocado para jogar pela seleção brasileira, em meio as dificuldades e ao preconceito que sofre por isso, encontra em Richarlison de Andrade, o primeiro jogador assumidamente bissexual ainda na...