𝗣𝗼𝗿𝘁𝗶𝗻𝗮𝗿𝗶ˢᶠʷ

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Sardenta

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Avisos: prática de bullying por sua parte, descrição de ambiente escuro, sangue, corpos, violência extrema, representação da síndrome de Estocolmo (?), manipulação, conteúdo sugestivo e sensível.

Nada de relacionamentos fofinhos, isso aqui é o mais puro sulco da obscuridade!

Nada de relacionamentos fofinhos, isso aqui é o mais puro sulco da obscuridade!

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Eram poucas as coisas que Beatrice — ou Lilian — sabia sobre seu passado. Por exemplo, ela ainda tinha consciência de que vinha de um orfanato, que tinha amigos lá, como Dante. Ela também sabia que foi adotada por uma adorável moça, cujo nome era Clara.

Mas, por uma razão, há uma memória impregnada no cérebro deteriorado da de olhos bronze. Uma memória que, assim como as outras, gostaria de esquecer. Uma certa figura, baixa e pequena, com olhos tão vis como os de um assassino. Uma criança. Ou melhor, um inferno.

Você era o inferno de Beatrice. Uma garotinha de gênio rancoroso, desprezível, a qual tinha um linguajar cruel que poderia fazer qualquer um se odiar.

Isso foi o que a sua figura havia feito com a mente inocente de Lilian. A fez se odiar.

Eram recorrentes as vezes que você, junto de Henri e Gal, trancava a de sardas dentro de ambientes escuros: armários, a biblioteca do orfanato, os bancos da capela, tal como sempre a batia, empurrava, puxava ou cortava os cabelos longos e acastanhados dela, tudo com a desculpa de que ela era inferior, desprezível e que nunca seria adotada já que ninguém iria querer uma sardenta como ela.

Na época, Lilian se afundou profundamente em uma tristeza, graças a você, principalmente.

Nos dias de hoje, como uma adulta, Beatrice sabe que nunca deveria ter deixado uma garotinha tão fútil e insegura acabar com a alma dela mesma quando era mais nova. Claro que nunca culparia sua versão jovem, afinal, ela não teve o apoio de ninguém, a não ser Dante, para superar o caos que você fazia na mente dela.

"Parece pensativa." Uma voz pesada e muito bem conhecida ressou pelos ouvidos com o topo de sardas. A figura loira se aproximou com dificuldade pelo balançar da van que tem como destino o orfanato conhecido por ambos.

A de olhos castanhos se assustou mas não deixou transparecer. Dante sempre se aproximou de forma fantasmagórica, quase como se não existisse. Mais um turbilhão de déjà-vus rodearam a cabeça da mulher, que já estava nostálgica por estar se aproximando de um dos únicos locais que possuí memórias.

Uma risada serena escapou pelos lábios rosados de Beatrice. "Estou um tanto, tenho que admitir."

"Posso perguntar o porquê?" O loiro rebateu.

Um brilho choroso pairou sobre os olhos de Beatrice, assim como um sorriso melancólico que se destacou no rosto pálido.

"Não é engraçado? Digo, voltar para o orfanato onde crescemos." O castanho se encontrou no azul. "Estou me sentindo nostálgica. Lembrar de tudo, tanto das coisas boas quanto as ruins, está me deixando nostálgica. Não sei se é bom ou ruim."

𝐒𝐔𝐊𝐊𝐀𝐋, aopOnde histórias criam vida. Descubra agora