Nantucket Island, ESTADOS UNIDOS.
24 de junho de 2014, terça-feira.Querida Francesca,
você se lembra da nossa primeira consulta? Aconteceu no outono do ano passado, em setembro de 2013. Era uma terça-feira, eu lembro. Para ser honesto, aquele dia parecia meio atípico, num todo. Estava fazendo muita ventania, de tal forma que o assobio do ar entrava pelas janelas do seu consultório, parecendo um uivado. Quase nunca chove em setembro na Inglaterra, mas você estava usando um cachecol cor fúcsia como se soubesse, de alguma forma, que iria fazer frio naquela tarde.
Eu lembro da primeira opinião que formei sobre você: paradoxal. Aos meus olhos, você era inesperada, até mesmo contraditória. A forma como você usava roupas de inverno em meses quentes... Era chamativa.
Mas, honestamente, eu não fiquei realmente surpreso quando, algumas horas mais tarde naquela mesma terça-feira de setembro, uma chuva tempestuosa abrangeu toda a cidade londrina.
Aquele foi um dos dias mais frios do ano de 2013.
Quando a chuva começou a cair e bater na janela do meu quarto mofado, eu lembro de pensar que você era o paradoxo mais certeiro do mundo inteiro. Francesca, você carrega consigo esse ar de sabedoria que nunca me permite duvidar de algo que você fale. Alguém já lhe disse isso antes? Algum dos seus outros pacientes já ressaltou a forma como você parece ser o tipo de pessoa que sabe tudo sobre todas as coisas? Você poderia me falar o maior absurdo do mundo e, ainda assim, eu acreditaria em cada palavra que fugisse da sua boca.
& quanto mais eu compartilhava meus anseios com você naquela terça-feira de setembro, mais eu ansiava por continuar compartilhando.
Porque eu queria lhe escutar.
Eu queria crescer com tudo aquilo que você tinha para me dizer.
Sua reação era sempre a mesma, eu lembro bem. Você erguia suas sobrancelhas e olhava para o seu bloco de notas e sorria em minha direção, como se já soubesse de tudo que eu tinha para lhe dizer antes mesmo que eu precisasse falar. Ainda quando éramos dois desconhecidos, você já conhecia tudo o que se passava em minha mente. Nunca foi uma tentativa de adivinhação, no entanto. Você simplesmente parecia... Saber.
(Essa é, provavelmente, a principal razão pela qual você é tão bem sucedida e reconhecida em sua área de trabalho. Conseguir horários disponíveis para uma consulta com você está se tornando uma tarefa cada vez mais difícil.)
E naquela terça-feira, em setembro de 2013, eu lembro de ter achado você a pessoa mais inteligente do mundo.
Então, quando eu encontrei com Louis Tomlinson na manhã de hoje (24 de junho de 2014, terça-feira) & consegui perceber que ele estava chateado comigo antes mesmo que ele pudesse verbalizar seus sentimentos, eu não pude evitar me sentir um pouco mais parecido com você, Francesca. Um pouco mais inteligente e atento à emoção daqueles que estão ao meu redor.
Apesar de ainda não o conhecer direito, Louis também se pareceu um pouco com você naquele momento: tão paradoxal e contraditório e certo. Ele desperta essa curiosidade em mim, é meio assustador a forma como eu estou tão desesperado para conhecê-lo. E esse interesse sem precedentes me faz ser duplamente atento a tudo aquilo que o envolve.
Eu o observei pormenorizadamente: a forma como seus olhos estavam suavemente entristecidos ao olhar em minha direção – o azul topázio mais fúlgido e claro que nunca ao contrastar com o azul-índigo do mar à sua volta. Eu olhava cuidadosamente para o canto dos seus lábios finos, onde comumente há um sorriso expansivo descansado, e eu simplesmente sabia que ele estava chateado comigo.
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CHERRY WINE,
FanfictionColetânea de todas as cartas escritas por Harry Styles para a sua psicóloga no verão de 2014. Cartas que foram enviadas quando ele precisou viajar para passar suas férias de verão na casa do seu pai em Nantucket Island, Estados Unidos. Ou: coletâne...