A filha de Sirius Black (EM PAUSA)

cap. 6

08 de agosto de 1993

• Alice narrando •

Acordei no outro dia um pouco tarde, marcavam 9:56 no relógio. Havia muito tempo que eu não acordava tão tarde assim. Fiz minha higiene, troquei de roupa e desci para o andar de baixo, que estava vazio. Fiz torradas e comi com queijo e ovos mexidos. Ao acabar, limpei o que sujei e fui para a sala procurar por algum sinal de vida naquela casa. Quando cheguei na sala, só encontrei meu irmão.

Alice: Cadê todo mundo?

Luke: Mamãe foi comprar algumas coisas, papai foi trabalhar como sempre e nosso tio está na sala do piano do vovô. - disse e logo voltou a prestar atenção na TV. - Maninha, você acha que vou ser bom? Sabe, em Hogwarts, eu não sei usar magia ainda, nunca fiz um feitiço sequer. - seu tom era de preocupação.

Alice: Relaxa, tampinha. Eu também não sabia muita coisa no meu primeiro ano em Ilvermorny. - disse sentando ao seu lado e o abraçando de lado.

Luke: Mas vovô te ensinou como usar uma parte e você também tem o controle de água, que usa desde sempre.

Alice: Eu nem podia usar o controle de água, esqueceu que eles achavam "perigoso"? - disse fazendo aspas com os dedos - Além do mais, você tem a mim e ao nosso tio, que te ensinou e ensina muita coisa. Você não está sozinho e quando formos para Hogwarts, vou poder te ajudar de perto quando precisar. - disse e o abracei mais forte do que antes, enchendo seu rosto com beijinhos, ato que o fez soltar gargalhadas.

Luke: Espero que dê tudo certo.

Alice: Bem, vou ver o que tio Jacob está fazendo na sala do piano. - disse saindo.

Ao chegar na porta que dava na sala do piano, acabei congelando meus passos ao ouvir o mesmo sendo tocado. Era meu tio, ele estava tocando a canção que vovô tanto gostava. Apenas com aquele toque de teclas, várias memórias com meu avô vieram à tona. Sentia falta dele, ele era meu melhor amigo, ele me entendia. Tentei ao máximo deixar os pensamentos de lado e entrei na sala. Quando entrei, meu tio parou de tocar e me olhou com um semblante triste.

Alice: É a primeira vez que venho aqui depois que ele... se foi. - disse indo em sua direção e sentando ao seu lado. - Eu sei o que você está sentindo, eu também sinto esse vazio. Ele era a pessoa que mais trazia alegria para esta casa, era quem sempre se preocupava com todos, e não apenas com alguns. - Meu tio ficou olhando para o piano por um tempo e então disse:

Jacob: Sinto falta das brincadeiras dele, da forma como ele pegava no meu pé, de ficar com ciúmes porque deixei de ser o "mimado" depois que você nasceu. Sinto falta dele, queria ter pedido desculpas a ele. Na noite do acidente, eu estava decidido a me reconciliar com ele, queria mudar meu jeito implicante, voltar a ser como antes com ele, mas infelizmente ele não chegou em casa aquela noite. - Meu tio falava com mágoa e culpa em sua voz.

Alice: Sinto muito, tio Jacob. Queria que vocês tivessem tido a chance de se reconciliarem, mas tenho certeza de que, de onde ele estiver, ele te perdoa. Eu também queria muito que ele estivesse aqui, ele me entendia tão bem.

Jacob: Era assim comigo também, acho que éramos os preferidos dele. - disse rindo fraco enquanto algumas lágrimas escorriam de seus olhos. - Quem sabe em outra vida eu não seja menos cabeça dura. - acrescentou.

Dei um abraço em tio Jacob, e ficamos abraçados por um bom tempo. Eu entendia a dor dele, ele se sentia culpado por não ter sido um "bom filho". Ele sentia falta do vovô, mesmo não demonstrando tão facilmente isso. Algumas semanas antes do acidente do meu avô, eles haviam brigado, algo que estava acontecendo com frequência na época, e por não ter tido a chance de se desculpar com o pai, ele ficava triste. Quando nos separamos do abraço, começamos a tocar piano juntos, como meu avô ensinou, e a relembrar algumas memórias engraçadas que tínhamos quando estávamos os três juntos.