Sempre vigiando

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  — Caralho — Felipe gritou.

  Todos paramos de correr e Morgana aos poucos foi deixando qualquer resquício de vida. Observei sentada tudo o que acontecia.

  — Não — Lilith gritava e tudo o que eu pudia fazer era segurar a criança a apoiando sob meu corpo para protegê-la.

  Então vi Lilith envolver-se numa nuvem de fumaça e subir lentamente enquanto criava raios vermelhos e tentou atingir a mesma mulher que acertou sua irmã. Infelizmente a mulher desaparece e Lilith desaba no chão. Ao cair, ela passou a gritar muito e abraçar Morgana. Consegui sentir a mesma dor que ela, a dor de perder alguém próximo, mas a sensação de não poder dizer ou fazer nada me abalou.

  Brenda, que estava apagando o fogo finalmente terminou e começou a fazer florir ao redor de Morgana.

  — Não há nada que possamos fazer? — perguntei retoricamente.

  — Não sei. Talvez dê para reanimar ela. — Felipe tenta dar uma solução e em seguida abraça Lilith por trás e sussurra algo em seu ouvido.

  Nos minutos subsequentes ele tenta fazer uma reanimação cardiopulmonar em Morgana. Obviamente, sem nenhum sucesso. Como eu não tinha muito o que fazer com a situação, apenas me sentei na grama e observei todos ali. Brenda parecia que queria tentar confortar Lilith mas não sabia como. Felipe tentava ressuscitar Morgana sem nenhum resultado. Sarah dormiu em meu colo. E Amanda estava sentada com as costas apoiadas no tronco de uma árvore observando a situação. Ela viu que eu estava a observando e se sentou em meu lado.

  Não queria parecer tão fria assim, mas não conheci nem um pouco do que Morgana era, então não havia lágrimas para derramar.

  Vi que estava começando a anoitecer e que não dava mais para ficar parada e sentada. Então pensei na comida. Como conseguir comida sem absolutamente nada?
 
  Coloquei a Sarah no colo da Amanda e fui pensar numa forma de achar algo para caçar.

  Brenda já estava cansada de tentar ajudar e havia se sentado também. Ela perguntou o que eu estava querendo fazer e eu disse que estava procurando uma forma de ter comida porque com tudo que aconteceu, nós esquecemos totalmente que precisamos nos alimentar. Ela então disse que pegaria alguns peixes e realmente os pegou. No total ela pegou 3 peixes grandes. E enquanto ela pegava os peixes, eu afiava uma pedra para se parecer uma faca. No fim eu fiz a limpeza dos peixes sozinha e Amanda os assou na fogueira. Claro que não posso reclamar a falta de sal porque teremos que comer apenas assim a partir de agora.

  Acordei Sarah e ela comeu bastante para a idade dela, já Lilith nem tocou no peixe. 

   Dormimos sobre o fogueira, sempre intercalando guardas de três horas.  Onde todos, com exceção de Lilith e Sarah faziam o rodízio. Antes da minha vez eu havia ficado com insônia e na vez de Felipe, a Sarah teve um pesadelo. Juntando tudo, eu dormi muito mal.

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  Dois dias se passaram e não houve mais nenhum sinal da mulher que matou Morgana. Lilith está lidando bem agora em comparação ao primeiro dia.  Ela e Felipe só vivem brigando, são piores que crianças. Mas cuidam bem um do outro.

  Decidimos que devíamos ir até o alto da montanha para procurar a mulher que matou Morgana e matá-la. Queria não ter que fazer parte da matança, mas não sou covarde.

  — As pernas de neném doem pra subir. — exclamou Sarah.

  — Eu te levo. Sobe aqui. — a coloquei nas minhas costas e continuei a andar.

Sonhos de AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora