JENNIFER JAREAU era um Oito de Paus.
Sua vida toda havia sido virada em direção à rápidas movimentações, ainda que de forma imperceptível: havia conhecido Will, e antes que alguém pudesse perder, os dois estavam esperando por seu primeiro filho; havia, ainda que imperceptivelmente, subido na escada de cargos da UAC, sempre estática em um cargo que amava, mas ajudando aquelas ao seu redor, aos poucos tornando-se uma quase perfiladora.
JJ sempre soube os lugares aos quais pertencia, as pessoas que amava, o que ela almejava alcançar. E um emprego no Pentágono não estava nessa lista. Ainda assim, por algum motivo, aconteceu.
Ele é curioso, o destino. Sempre parece dar golpes maiores do que aqueles que pensamos aguentar...
DEREK MORGAN sabia bem disso. E ele, em toda sua descrença e ceticismo, suas ressalvas em relação a pessoas novas habitando ambientes perfeitamente bem postos, era um Dois de Copas.
Apesar de ser mais aberto a mudanças do que sua alma gêmea — Penelope —, Derek definitivamente se irritava com mudanças súbitas. Havia se irritado quando Hotch havia decidido abandonar o time; quando Gideon desapareceu subitamente; quando Hotch o colocou em seu lugar para dominar a narrativa de sua história durante o problema com Foyet, e mais irritado ainda quando perdeu seu cargo de Chefe de Unidade, voltando a ser um perfilador.
Quando JJ recebeu a vaga de emprego no Pentágono, Derek ficou irritado. Descrente. Ofendido. Não porque sua amiga estava recebendo uma oferta de emprego que a tornava mais importante do que todos ali, mas porque ele conhecia o potencial de seu time, e sabia que tirar uma pessoa era o suficiente para mexer com o balanço de todas as pessoas ali. Era uma chamada ao desequilíbrio.
Ele é curioso, o destino. Sempre parece estar espreitando, esperando, sussurrando que o perigo iminente está batendo na porta...
EMILY PRENTISS conseguia sentir os ventos do horror soprando em seus cabelos. Ela era um Ás de Espadas.
Tendo mudado mais vezes que o necessário, Emily não via grandes problemas com as mudanças — a não ser que isso claramente criasse um problema para ela. A saída de JJ havia lhe afetado profundamente, mas a chegada de Seaver havia balanceado as coisas; além disso, não era como se sua amizade com JJ tivesse acabado definitivamente — as duas não se veriam tanto quanto costumeiro, mas isso era apenas uma pedra no caminho.
Entretanto, outras coisas perturbavam a mente já inquieta de Emily Prentiss.
Segredos e mentiras, vidas passadas, ações conturbadas. Nenhum desses é fácil de esconder, por mais que a pessoa deseje com todo o seu coração que essas coisas sumam. E, quando esquecida, a história tende a se repetir — e histórias que se repetem causam problemas; nos forçam a retornar a uma posição a qual prometemos nunca mais voltar.
Ele é curioso, o destino. Te força a fazer escolhas quando você sente que a melhor escolha é parar e...
SPENCER REID não sabia o significado de "parar". Ele era um Dois de Paus.
Spencer havia passado toda a sua vida procurando formas de ocupar a sua mente, de mostrar-se melhor, de ser mais. Se manter distraído era uma forma de fingir que não escutava os sussurros, as mensagens hostis, o recado silencioso que ficava no ar antes do próximo golpe — poderia ser ele um valentão na escola, ou o fato de que sua melhor amiga não trabalharia mais com ele.
Ele era dominado por velhas crenças e medos. A única coisa que queria era que o mundo ficasse estático, porque mudanças o assustavam. Mudanças causavam inquietação, e quando Spencer estava inquieto... ele temia. Temia que, finalmente, ele estivesse ficando como sua mãe.
Não. Não poderia pensar nisso. Lidar com isso era demais para ele. Tudo ficaria bem.
Ele é curioso, o destino. E às vezes, contra todas as expectativas, ele traz a paz de boas novas.
PENELOPE GARCIA sempre tentava ver as coisas por esse lado. Ela era um Valete de Copas.
Penelope não se debruçava em números, ou fatos, ou perfis comportamentais que apontavam que seu vizinho provavelmente era um predador sexual (não que ela tivesse analisado o vizinho dela, ela não o faria nem se soubesse fazer). Ela se debruçava em pessoas.
Gostava do calor humano. Apreciava os pequenos momentos que passava com amigos ou com sua família (que era, basicamente, seus amigos). Aproveitava comemorações e festas, por que sabia que esses momentos poderiam acabar rapidamente, que ela poderia ser puxada novamente para o mundo no qual ela passava muito tempo: um mundo de assassinatos, abusos e outras coisas terríveis das quais ela se escondia atrás das telas de seu computador.
E enquanto a saída de JJ havia lhe perturbado, Garcia olhava com ansiedade para o futuro. Porque ela sabia que seu time precisava de seu otimismo e alegria, e ela não falharia com eles.
Ele é curioso, o destino. Às vezes, ele se senta para tomar um copo de whisky com você.
DAVID ROSSI sempre havia brindado aos seus problemas. Ele era um Rei de Espadas.
David havia baseado sua vida em planos, ainda que alguns deles fossem mais semelhantes aos de Pinky & Cérebro do que a algum vilão célebre de filme. Seus objetivos estavam sempre alinhados com suas ações, e, ainda que de um jeito calculista... ele sabia que sua execução não seria tão fria assim.
Talvez fosse por isso que David não havia se sentido pessoalmente afetado pela partida de JJ, apesar de desejar que ela ficasse. Ele poderia negar quantas vezes quisesse, mas sua criação enquanto católico havia tornado impossível não acreditar que, ainda que apenas algumas vezes, Deus tinha um jeito estranho de fazer as coisas acontecerem.
Ele era observador, analítico.
Ele é curioso, o destino. Sempre sabe a coisa certa a fazer, na hora certa.
E talvez fosse por isso que, no dia 01 de Outubro de 2010, quando Priya Sharma entrou no prédio do FBI, perfeitamente vestida como um Agente — o que ela era — com um sorriso no rosto e uma postura invejável, David Rossi soube que ela era o que a UAC precisava.
O destino era realmente curioso. E uma decisão mudou o rumo da vida de todas aquelas pessoas. Para sempre.
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𝒕𝒉𝒆 𝒍𝒐𝒗𝒆𝒓𝒔 | 𝒂𝒂𝒓𝒐𝒏 𝒉𝒐𝒕𝒄𝒉𝒏𝒆𝒓
Fanfiction𝒆𝒔𝒄𝒓𝒊𝒕𝒐 𝒏𝒂𝒔 𝒆𝒔𝒕𝒓𝒆𝒍𝒂𝒔 Aquele em que Aaron Hotchner & Priya Sharma não acreditam em destino - até que são confrontados pelos amantes.