Exceção à Regra

Capítulo 10

Acordo bem cedo com uma cólica do caralho. Eu não tô me aguentando  e vou tomar um remédio.  Não sei como eu vou trabalhar hoje, penso.
Termino de me arrumar e pego um táxi. Não tô no clima pra moto hoje. Chegando no trabalho eu vi que tava lotado. O que foi? Claire pergunta vendo a minha cara de terror. Eu tô com uma cólica monstra, meu humor tá destruído e minha paciência ficou em casa, digo.

Eita que eu não fico na sua frente hoje,  vem ficar aqui e eu vou pra pista, ela diz. Não eu fico aqui mesmo, bom que se alguém me encher o saco eu descarrego toda a minha raiva ma pessoa, falo e ela ri.  Só não deixa o senhor Rob ver ou vamos estar demitidas, ela diz e eu dou um jóia saindo.
Ô garota a minha cerveja tá estragada, eu tô cansado de dizer que eu gosto a tantos graus e, um cara começa ... Quer mais gelada vai pra Antártida,  se não quer beber a porta é ali, digo apontando pra saída. Eu vou reclamar com o seu chefe, o cliente diz. A caixinha de reclamações fica no balcão,  sorrio e ele fica mais puto e eu saio pra não ser agredida. 
No decorrer da noite o movimento vai ficando mais calmo e eu saio um pouco pra tomar um ar.
Fico um tempo lá fora quando ouço passos.
Maya? Alguém me chama e eu tô com tanta dor de cabeça e abaixada no canto da parede de cabeça baixa que nem olho direito.  Que é? Grito. Ou calma sou eu, Josh diz. E isso muda oque? Pergunto.  Olha você deve tá brava por ontem. Me desculpa eu tive uma emergência e, ele tenta explicar... Porque eu ficaria brava? Josh a gente não tem nada, a gente  mal conversa. Nunca teve nada entre a gente, falo quase aos gritos.
Olha desculpa você tem razão mais eu quero que ... ele começa.  Você quer o que Josh?  Eu vou te dizer o que você quer. Primeiro a gente fica nesse joguinho de gato e rato. Depois vamos pras conversas. Longas madrugadas trocando mensagens e mais mensagens.  Conversando sobre tudo. Mandando memes, foto do dia a dia,  fazendo planos e então então gente marca de se ver. Pronto a gente dá uns beijos e talvez role algo a mais e acabou. Pronto esse é o roteiro que vocês homens sempre fazem. Aí vocês somem e dizem que não quer compromisso no momento e tem outras prioridades e na outra semana voces aparecem namorando outra pessoa. Aí a gente precisa catar os cacos que ficam depois de pensar várias vezes o que tem de errado com a gente que vocês nunca estão disponíveis pra gente mais pra outras sim, grito isso tudo na cara dele. Ele fica imóvel e me olhando assustado.
Depois de uns segundos ele se afasta em silêncio e entra no carro dele saindo.
Isso droga, antecipa o roteiro e vai embora antes. Melhor agora do que depois, grito de novo e volto a me encolher no meu canto.  Eu não tô bem mesmo. Tô com dor, raiva e tristeza.  A TPM veio com força, penso.  Claire veio me chamar mais eu não tô em condições.  Não sei o que houve mais dessa vez as cólicas estão terríveis.
Ela pediu pra alguém me substituir e me mandou ir pra casa. Eu tô esperando o uber quando um farol bate no meu rosto e para. Precisava colocar a porra do farol na minha cara? Falo irritada. Desculpa, ele diz. É o Josh. Você de novo? Você não cansa não? Pergunto.  Eu sei que você não tá bem então eu trouxe isso,

ele mostra uma sacola de papel e umas outras coisas na outra mão. Que isso cara? Pergunto de novo. Isso aqui é pra sua dor e isso aqui é pro seu humor.  Vi que a sua moto não tá aí, então  vem eu te levo pra casa, ele estende a mão. Mais te xinguei agora a pouco, digo. Depois você me pede desculpas. Agora vamos eu te deixo em casa, ele insiste e eu seguro a mão dele e  entro no carro.
Me encolho no banco do carro e percebo ele esticar p braço até o banco de trás.  Aqui coloca isso na barriga, vai ajudar com a dor, ele me entrega uma bolsa de água quente.  E isso pra você tomar o remédio, me entrega agora uma garrafa de água.  Eu tomo o remédio e volto a me encolher. Você é médico por acaso? Pergunto e ele ri. Não eu não sou médico.  Mais eu sei quando alguém precisa de cuidado, ele diz sorrindo de lado. Ele é tão lindo. Fico olhando ele dirigir e as veias no braço dele. Ele girando o volante com uma mão só e as mãos, porra que mãos enormes, penso. Pára,  falo alto e ele freia rápido o carro e parando .
O que foi? Você tá bem? Ele pergunta assustado.

Não,  desculpa. Quer dizer eu tô bem. Mais não era com você, eu tava falando comigo. Pode dirigir,

falo meio envergonhada, e ele me analisa e volta a dirigir.  Eu preciso me controlar,  eu preciso de um banho frio, penso.
Chegando no meu prédio eu abro a porta do carro rápido e me apresso pra sair. Ei calma você tá melhor, ele me interrompe.  Eu hã, tô bem. Eu tô sim muito obrigada.  Amanhã eu devolvo suas coisas, digo. Tranquilo deixa com você pro mês que vem, ele diz e fica com vergonha na mesma hora. Uma coisa é ajudar sem mencionar o que eu tenho, outra é falar em voz alta. Ele coça a cabeça e eu seguro o riso. Então eu já vou indo, ele diz voltando pro carro envergonhado.  Obrigada, digo pra tentar acalmar ele e ele sorri de longe saindo.
Eu preciso da minha cama, minha cama minha cama, penso e subo rápido pro meu apartamento.   Tomo um banho rápido e me jogo na cama pra dormir.

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