As poucas horas que temos

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"Felicidade é ter algo que fazer, ter algo que amar e algo que esperar..."

Aristóteles

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Respirando com dificuldade, mesmo que seu coração implacável o empurrasse a continuar, Jungkook deixou que seu nariz se resvalasse na bochecha molhada do garoto em seus braços, apertando-o ternamente a cada soluço sofrido que abalou o corpo miúdo e trêmulo.

— Meu querido, — sussurrou, descansando mais uma vez seu rosto na curvatura do ombro alheio, apreciando a sensação daquele momento. — Por que choras?

Jungkook sentiu suas mãos serem seguras e um calor familiar se apossar de seus sentidos, fazendo-o sorrir, ainda que o coração se apertasse com a dor compartilhada.

— Não sejas tolo! — Jimin choramingou, virando-se para encará-lo, segurando o rosto bonito entre suas mãos trêmulas. — Senti sua falta...

Jungkook envolveu a cintura alheia com seus braços com cuidado e deixou seus corpos caírem na terra úmida, colocando o ruivo sobre si, rindo com os olhos brilhantes e arregalados que recebeu em troca.

—Eu também — murmurou, afagando os fios encaracolados de Jimin, os delicadamente para trás de uma das orelhas e aproveitando a distração para depositar um breve selar nos lábios rosados.

Jimin suspirou, encostando uma de suas bochechas no ombro coberto de Jungkook, fechando os olhos enquanto recebia aqueles beijos castos em sua cabeça, resmungando palavras sem sentido, suplicando silenciosamente para que o tempo apenas parasse.

— Me esperou muito, querido? — Jungkook perguntou, olhando para os olhos claros que seu peito tanto ansiava ver brilhar, enquanto suas mãos se aconchegaram em seu rosto choroso.

Jimin, com os olhos marejados, deixou seus lábios escorregarem para o queixo de Jungkook, murmurando:

— Cheguei apenas há alguns minutos... — fungou, beijando-o mais algumas vezes de forma breve.

Rindo, Jungkook sentou-se, trazendo o corpo de Jimin consigo. Suas mãos alcançaram suavemente as costas estreitas, tentando acalmar aquele que ainda choramingava baixinho e com o coração partido.

Como sempre, Jimin era mais sensível e precisava de tempo para se acalmar. Mesmo assim, para Jungkook, não havia nada mais importante do que estar ali, sussurrando promessas que vinham do fundo da alma e deixando que os soluços do amado se transformassem em risos envergonhados.

— Sabe, tive que andar muito até aqui, meu amor — Jungkook disse, adornando o rosto de Jimin com suas mãos, apreciando as adoráveis maçãs cheias e coradas, como sempre gostara. — Ainda me pego pensando em palavras duras para dizer àqueles que fizeram isso conosco.

Jimin resistiu, rindo baixo e entrelaçando seus dedos com os de Jungkook, inclinando o corpo para frente e deixando um selar bem no meio de suas sobrancelhas, fazendo-o suavizar sua falsa raiva.

— Já passou, meu amor...

Jungkook não queria se deixar sentir vulnerável, mas ver a forma como Jimin passou o tratar, tão mélico e carinhoso, o fazia lembrar que os poucos minutos de caminhada que fazia todos os anos valia a pena. Mesmo assim, lamentava não ter tido a oportunidade de presenciar essas pequenas mudanças enquanto estava vivo.

— Eu gostaria de estar descansando ao seu lado — Jungkook sussurrou, fechando os olhos com a vontade de desabar que tomou conta de si. — Gostaria de te encontrar aqui, todos os anos... para nunca mais te deixar sozinho.

Enquanto mantinha os olhos fechados, Jungkook sentiu seu dorso ser enlaçado com força, e ele retribuiu o abraço, apertando Jimin até escutar um ofego seguido de uma risadinha doce.

— Não vamos perder as preciosas horas que temos nos lamentando, por favor — Jimin pediu, deixando sua bochecha encostar na de Jungkook. — Vamos apenas ser aquilo que jamais permitiram que nós fôssemos, amor.

Jungkook assentiu lentamente, beijando os fios encaracolados que faziam cócegas em seu rosto.

Ele sabia que Jimin estava certo. A muitos anos, quando não puderam sequer demonstrar seus amores, viveram reprimidos, com seus corações jovens e confusos, ambos tiveram suas vidas interrompidas, proibidos de sequer fingir ou protestar.

E sentados em meio a um cemitério escuro que conheciam tão bem, Jungkook e Jimin prometeram, ano após ano, viverem as meras horas que tinham sabendo que, ao amanhecer, teriam que se despedir novamente, ainda que doessem em seus corações ansiosos por simplesmente amar.

Ainda assim, cada momento juntos valia a pena, e a lembrança de cada encontro fortalecia o carinho que transcendia o tempo e a morte. Em meio a lágrimas e sorrisos, ali estavam eles, encontrando consolo e felicidade na breve eternidade de seus encontros anuais.

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Corações na noite Eterna - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora