precipício

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à beira do precipício
eu olho pra baixo e não consigo ver o fundo
uma completa escuridão
olhando pra cima é só o céu
azul como naquele dia voltando pra casa, dobrando uma rua, duas.

o sol vai rareando, o laranja ficando púrpura e o meu peito também.

eu olho pra baixo de novo
os ecos do que eu um dia já pensei estão lá
gritando de volta pra mim, esperando que eu os ecoe novamente
e eu faço.

repetida e repetidamente cometendo os mesmos erros desde que me entendo por gente
e encarando cada um nos olhos, ainda no fundo do precipício, sabendo que não falta muito para que eu me jogue

e enquanto me jogo aproveito a queda
ouvindo os gritos ansiosos e doloridos do meu peito
rasgando cada parte de mim que um dia já esteve inteira, mas que há muito não é mais

dilacerando aquilo que já não estava completo

nunca esteve completo.

PersonalOnde histórias criam vida. Descubra agora