Pare de Fugir!

SE EU PUDESSE...

— Você aceita Álvaro Montenegro, como seu legítimo esposo?

— Sim!

Nunca pensei que me arrependeria tanto de falar uma palavra tão pequena, mas me arrependo amargamente.
Se eu pudesse voltar no tempo, escolheria o dia do meu casamento, ou, o dia do meu maior erro. Casar com o Álvaro foi uma escolha errada em vários sentidos.
Quando eu tinha 21 anos, engravidei de um rapaz chamado Felipe, porém ele já estava noivo de outra pessoa, então fui obrigada a casar com seu irmão mais velho, Álvaro.
Ele descobriu que eu estava grávida de seu irmão, e por conta disso transformou a minha vida num grande inferno.

~Flashback~
— O que acha de Laura? — perguntei receosa.

— Nome de prostituta, que tal, bastarda! — a ironia e o desprezo era algo que não faltava na sua fala.

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Desde quando Laura era apenas uma recém-nascida, Álvaro já mostrava o seu desprezo para com a mesma.

~Flashback~

— Qual vai ser o nome de registro dela? — perguntou a moça do cartório com um lindo sorriso no rosto.

— Laura Montenegro. — falou ríspido. — Tem como ir mais rápido aí? Porque essa coisa não para de chorar! — referia-se a bebê que estava inquieta em meu colo.

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Sempre vi como ele a tratou, mas pensei que com o tempo aquilo iria mudar, como fui tão boba a ponto de acreditar nisso! Nada mudou, pelo contrário, piorou. Cada ano que se passava, mais Laura era maltratada por ele, e o pior era que eu não podia fazer nada.

~Flashback~

— Papai! Olha o meu desenho. — Chamou o homem, na intenção de lhe mostrar o retrato da família que fez.

— Sai daqui Laura! Já disse que quando estou trabalhando não é para me incomodar! — Disse bravo, assustando a menina.

[...]

A briga dos dois podia ser facilmente escutada do segundo andar. A cada palavra que Álvaro proferia para a minha Laurinha, despedaçava ainda mais o meu coração de mãe, sei que muitos devem pensar que sou uma covarde por não fazer nada para defendê-la, mas eu realmente não posso!

Álvaro entrou no quarto com passos pesados, era visível o seu estado de fúria. O seu rosto estava muito vermelho, suspirava pesado, ele andava de um lado para o outro no cômodo, como se estivesse procurando algo para descontar sua raiva, e encontrou, eu.

— Você é a única culpada disso tudo! — Cuspiu as palavras com raiva. — Se tivesse abortado quando eu falei não es- — Álvaro teve sua fala bruscamente cortada.

— Se você ousar falar assim da minha filha mais uma vez, juro que te mato! Você não viu o diabo ainda Álvaro, e vai por mim, não vai querer ver! — Rebeca proferiu as palavras com uma calma que dava medo, o seu olhar era sombrio, e a sua voz falava em um tom nítido de ameaça.

Uma expressão de medo se formou no rosto do homem que segundos atrás estava confiante, ele se afastou de Rebeca e saiu do quarto sem falar mais nada.

[...]

Álvaro não voltou para casa naquela noite, nem no dia seguinte, ele sumiu completamente.

Fico imaginando como seria minha vida se não tivesse me casado com ele, seria mais feliz? Sinceramente não sei.
Às vezes na calada da noite minha mente é tomada por lembranças do meu antigo amor. Hoje ele está casado com uma família formada, mas se nós ficássemos juntos, como seria?

~Flashback~

— Eu estou grávida.

— Meu Deus! Que notícia maravilhosa! — disse empolgado, acariciando a barriga de Rebeca. — Será que vou ser um bom pai? — perguntou inseguro.

— Claro que será! Vai ser um pai muito babão! — disse alegremente.

[...]

Mas infelizmente, nosso amor não deu certo.

~Flashback~

— Tenho que te contar uma coisa Rebeca! — confessou aflito.

— Pode falar meu amor! — disse preocupada.

— Estou noivo. — contou cabisbaixo.

Meu mundo caiu, senti minhas pernas fraquejarem, o ar me faltou, as lágrimas começaram a fluir descontroladamente pelo meu rosto, Felipe tentou me acalmar, mas não conseguiu, saí correndo dali, eu não conseguiria permanecer na frente de um homem que apenas me usou. Enquanto corria escutei sua voz gritar "volta Rebeca, deixe-me te explicar!", mas não ousei voltar, sequer olhei para trás, foi a última vez que o vi, depois, nunca mais...

[...]

Recebi o convite para sua festa de casamento, mas não me atrevi a ir, sentia nojo daquela família, repulsa, por quê? Sei que eles descobriram que eu estava grávida, por isso deram um jeito para que Felipe não se casasse comigo.
Pessoas próximas me disseram que no dia do casamento, Felipe estava distante, com o olhar vazio, sem brilho, não interagiu com os convidados, nem mesmo quando o pastor disse "pode beijar a noiva", ele não o fez. Sou sincera em dizer que fiquei feliz ao saber disso, mas ao mesmo tempo uma dúvida cruel rondava a minha mente, se ele me amava tanto como dizia, por quê não lutou por mim? Por quê aceitou tão fácil se casar com outra pessoa e me deixar? Dói tanto saber que fui deixada de lado, abandonada, há se eu pudesse voltar no tempo.

Tudo seria tão diferente...