Pare de Fugir!

Tudo bem.

— Olha aqui. Coisas ruins acontecem. E ninguém pode fazer nada para evitar, certo?
— Certo.
— Errado!
— "Quando o mundo vira as costas para você, você vira as costas para o mundo."
 
O rei leão

Sou desperta do meu sono com batidas na porta. — Posso entrar? — perguntou ainda do outro lado.

— Pode mãe.

A mulher entrou e sentou-se na beirada da minha cama, olhou em meus olhos e disse:

— Me desculpe por não ter feito nada para defendê-la. — a mulher se desculpava com a cabeça baixa e a voz embargada. — Daqui para frente tudo vai ser diferente, isso é uma promessa, tá bom?

— Tá bom, mãe.

— Quero te falar mais uma coisa Laura. Faça a faculdade que quiser, seja feliz, saiba que você tem o meu consentimento para tudo isso! — proferiu as palavras com um lindo sorriso no rosto.

Meus olhos estavam marejados, me senti acolhida. É verdade quando dizem que o amor de mãe supera tudo, ele realmente é forte.

[...]

Como sempre o conto de fadas não durou por muito tempo, pois Álvaro retornou para casa, pior do que já era. Tem como piorar? Sim meus amigos, tem como piorar.

A porta do meu quarto é arrombada, meu padrasto entra, ele possuia um semblante impiedoso e um sorriso de canto demoníaco, para piorar a situação ele estava com um cinto nas mãos. Já estava me preparando para o pior, quando ele começou a falar:

— Não presisa ficar assustada, "anjinho", não vou te bater. — sua fala era calma, o que me assustou muito.

— Não? Então o que vai fazer?! — Perguntei aflita e com medo.

— Vim te dar uma notícia! — anunciou animado.

— Que notícia?

— Arrume suas coisas, filhinha, pois amanhã você vai para um internato! — contou feliz, depois saiu do quarto e bateu a porta.

Internato? Como assim?! Eu não tenho mais idade para ficar em um internato! Ele não pode fazer isso, não agora que eu iria dar entrada na faculdade, meu Deus! Isso não pode estar acontecendo!

Chorei enquanto arrumava as malas, chorei na hora de dormir, chorei a noite toda. Nunca me senti tão machucada e quebrada como naquele momento, parecia que tentaram remendar meu coração com cola, mas ele tornou-se a despedaçar novamente.

Olhei uma última vez para o meu quarto, me despedi de minha mãe, entrei no táxi e fui embora. Eu sabia que tinha um destino, mas naquele momento senti que estava sem um. Dentro do táxi, me permite chorar mais uma vez, pensei que não havia mais lágrimas, mas estava enganada, havia sim, e muitas...

O asfalto foi trocado pela rua esburacada e de barro. Árvores de copas grandes esverdeadas enfeitavam aquela estrada.

Denominado de "Recanto Feliz", esse era o nome que estava estampado em letras grandes na placa, posicionada no portão de entrada. Haviam quatro prédios espalhados pelo campo, o lugar parecia mais uma universidade do que um internato. Não sei ao certo o que são os prédios, mas acho que são os dormitórios, porque segundo o motorista que me trouxe esse internato abriga mais ou menos 3.000 alunos, entre eles adolescentes e crianças de diferentes idades, gêneros, classes, raças e por aí vai. Descobri que o internato é para meninos também, mas eles são separados das meninas, ou seja, ficam abrigados do outro lado do campo, e as meninas do outro.