CAPÍTULO 2

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Acordei assustada com meu corpo formigando, batiam na porta como se não houvesse amanhã
Juliana foi até a porta e quando abriu vi meus tios com a feição de desânimo e tristeza.

- Oiê minha querida, como você está, sei que tem muitas perguntas mas temos coisas pra resolver depois conversamos sobre tudo oque quiser.
- Tia Fátima, não sei como tudo isso aconteceu, meu pai jamais ficaria desatento.
- Sim Patrícia seu pai jamais faria isso, mas não foi um desacerto dele.

Disse meu tio Maurício abrindo uma garrafa de vodka

- Sim, mas agora não precisa se embriagar, você acha que seu irmão gostaria de umas coisas dessa, você mal toco no almoço e temo que ir resolver algumas coisas se controla
- Fátima perdi meu único irmão, como você queria que reagisse?
- como reagisse Maurício? Toma vergonha na cara, vai cuidar da Patrícia. Ocupa sua mente.

Ele ficou sem jeito guardou a garrafa em um armário do lado da pia e logo se assentou no sofá, chorando desesperadamente. A única que estava se segurando era tia Fátima, mas ela sabia que ia ser a única a dar forças pra nós.

Ficamos em silêncio por alguns minutos até meu tio se recompor e logo fomos acerta com a funerária. Como todos estavam demorando pra realmente contar oque aconteceu perguntei ao moço que estava alguns minutos maqueando eles.

- Me fala, seja sincero ninguém quer me dizer oque aconteceu e eu preciso saber.
- Com a autorização de seus tios poderei falar sim.
- Pode falar, não tivemos coragem

Ele suspira com um ar de quem estava comovido com todos por esse incidente

- Seus pais estavam indo te buscar no colégio, o sinal estava vermelho era um dos primeiros carros na pista. O sinal se abriu quando eles foram passar, infelizmente um carro cuja o motorista estava embreagado deu com tudo.
- Por imprudência de outras pessoas meu pai faleceu ? Meu pai jamais faria uma atrocidade dessa, sempre dirigindo pra ele e para os outros.
- Sim eu entendo como deve estar se sentindo, mas eles não resistiram aos ferimentos e faleceram no local mesmo, não deu tempo de fazer nada
- Você entende ? Em qual parte entende? Que por idiotice de outra pessoa, jamais vou ver meu país de novo? Estava chegando minha formatura, minha vida praticamente ia começar agora.
- sinto muito.
- Mas e a pessoa que estava embreagada, está aqui também? Quero ver a cara desse monstro.
- felizmente ele sobreviveu, só teve alguns ferimentos mas está se recuperando
- Felizmente, eu não acredito que estou escutando isso

Sai da sala, batendo porta pra não ter que ir pra cima daquele cara, como assim felizmente ? Felizmente aonde. Espero que acabe tendo um infarte e morra agonizando.
Fomos para casa pois já era tarde, no meio do caminho paramos pra comprar um lanche e buscar Juliana para passar a noite comigo.
Chegando em casa meus tios foram arrumar o quarto de visitas e subimos para a laje ficar conversando um pouco.

- Amiga, já imaginou o jeito da pessoa?
- Que pessoa Juliana para de ser louca.
- É sério amiga, duvido que já não tenha pensado nisso.
- A lógico né, mas não seria o momento ideal pra isso... Não tivemos nem o enterro ainda, minha cabeça está a mil.
- Sei que foi uma pergunta muito besta mas, sei lá, fiquei curiosa por uns minutos.

Ficamos em silêncio por alguns minutos quando escuto tia Fátima subir pelas escadas.

- Oque estão fofocando aí em meninas
- Nada tia, só imaginando algumas coisas
- Então comece imaginar a nova vida ao nosso lado. Após o enterro vou te ajudar com as malas.
- Como assim tia, eu vou ficar aqui, vou me formar esse ano e já me virar sozinha.
- a Patrícia, você acha que é fácil minha querida ? Vou deixar você quieta, mas não tem enrolação... Você vai com a gente.

Sai batendo os pés, queria pular lá de cima.. mas não ia adiantar nada, fui resmungando descendo as escadas

- Fátima, você não acha que foi muito repentino... E que poderia deixar ela ficar comigo? Sou filha única e meu pais adoram ela.
- Juliana, agradeço muito a força que está nos dando.. mas quem decide isso é Maurício e eu.

Estava chorando em silêncio quando minha amiga entrou socando a cara no travesseiro e gritando

- Que foi menina, hoje o dia não está bom pra nós duas né.
- A sua tia, ignorância pura, ela nem cogitou em te deixar ficar comigo. Como vai lidar com essa cobra longe de mim.
- Pois é, achei estranho o jeito que ela está me tratando. Mas certeza que é na frente do tio Maurício.
- Claro que é mulher, aí que ódio. Vou me mudar com você, não vou te deixar.
- Não vai ser tão ruim Juliana.

Olhei pra cara dela e começamos dar risada, por mais que as coisas estejam difíceis... Estar do lado de Juliana me dá uma paz enorme, até esqueço que tenho problemas.
Depois de várias emoções, deitei ao lado dela e adormeci novamente.

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