A Segunda Vinda

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Crowley ficou furioso quando Azi simplesmente o deixou. Seu único amigo, o abandonou. A solidão, apesar de ser uma velha amiga do nosso Crowley, nunca deixou de ser dolorosa, então, um dia, ele resolveu voltar a tão conhecida livraria, talvez para lhe trazer boas lembranças ou talvez ele tivesse esperança de entrar lá e encontrar aquele que por anos considerou seu único amigo

 Olá, bem-vindo - Muriel para de falar quando se vira e vê quem é - Sr. Crowley, não lhe vejo desde bom, você sabe - ele não queria falar pois sabia que aquilo não tinha sido uma despedida normal entre o Crowley e Aziraphale, e apesar de só estar na terra a alguns poucos meses, ele já conseguia distinguir as coisas que precisavam ou não serem ditas.

- É, faz um tempo mesmo.

- Como posso ajudá-lo.

- Com nada, eu só estava passando e revolvi entrar pra - ele parou, não queria dizer em voz alta o real motivo de ter ido lá, não queria aceitar que ainda nutria sentimentos por alguém que lhe abandonou, sentimentos esses que se encontravam confusos - nada importante.

- Tem certeza? - Muriel sentia que tinha algo ali, mas ler entrelinhas era uma habilidade que ele ainda não tinha aquirido

- Tenho, anjo da 37° ordem - Crowley já estava impaciente

- É Muriel - corrigiu cabisbaixo.

- Não quis ser grosso. - Não era do feitio de Crowley falar "desculpas", mas ele sabia quando passava do ponto, e Muriel não tinha culpa da sua dor, mas ele sabia quem tinha a culpa, passou meses pensando nisso - Você se importa se eu subir? Eu acho que deixei algumas coisas minhas aqui quando fui embora.

- Pode subir - Muriel não via problema, afinal, observou Aziraphale e Crowley o suficiente para saber que ambos eram próximos ao ponto de dividir espaços, coisas e podia apostar que dividiam sentimentos também - Irei ficar aqui, qualquer coisa.

Quando Crowley entrou no quarto do andar de cima, tudo parecia estar em ordem, e tudo lembrava o Aziraphale, até aquela colônia dele estava impregnada em tudo.

Não demorou para uma sensação ruim crescer em seu peito, uma raiva maior a qualquer outra que já havia sentindo antes, uma dor misturada com uma angústia profunda, um mix de sentimentos que nunca sentiu antes. Crowley tirou os óculos e os colocou em cima de um livro qualquer, havia uma mesinha com uma vitrola ali então resolveu colocar a para tocar o disco já presente ali, se perguntava se Muriel estava ouvindo aquilo ou se seu velho amigo havia o deixado ali, assim que o disco começou a girar e a agulha começou a ler o disco, Crowley teve a certeza de que Aziraphale havia deixado aquilo ali pois estava tocando uma música clássica, "Suite bergamasque, L. 75: III. Clair de Lune", de Claude Debussy e Alice Sara Ott. A música começou a preencher o ambiente, mas antes que a música chegasse na metade, ele tirou, não aguentava mais. Ele estava cansado demais, exausto, na verdade.

- APAREÇA. EU SEI QUE VOCÊ CONSEGUE OUVIR TUDO E TODOS, APAREÇA! - gritou Crowley tirando os óculos

- Olá, Crowley, o traidor - disse Metatron.

- O que você fez com o Aziraphale?

POV: A SEGUNDA VINDAOnde histórias criam vida. Descubra agora