𝒜𝓁𝓁 𝒻ℴ𝓇 𝓊𝓈

- 𝐘ou really need therapy.

— Blossom
· 04:57 p.m.

Eu tentei ignorar o máximo que pude a minha desconfiança sobre a volta repentina daqueles desordeiros.
Talvez seja só paranóia minha,mas tenho total certeza que vem encrenca por aí.  Nunca é bom confiar demais em um desordeiro - aprendi isso da pior maneira.

Na verdade,nunca é bom confiar demais em garotos.

Eu tenho uma lista detalhada de todos os garotos que fizeram mal a mim,com TODOS os motivos e até mesmo datas - eu não sou maluca. Isso é necessário para que eu faça comparações e melhore. Tanto em mim mesma,quanto nas minhas próximas relações.
Até hoje,só tive 2 namorados - nenhum dos dois valeram a pena. Primeiro,o Jared. Ele resolveu fazer um intercâmbio para a Espanha e também queria um "novo começo".

E o segundo,Dexter.
Meu recente ex-namorado. Devo admitir que ainda sinto um pouco de saudades dele,mas ele não era muito carinhoso. Não gostava que eu me envolvesse no seu trabalho,muito menos mexer nas suas coisas.

Mas enfim,esse não é o ponto.
Nesse momento,estou indo até uma cafeteria que fica perto do porto,Dexter me chamou para conversar. Ainda estou um pouco apreensiva a respeito disso - da última vez que nós conversamos,foi no dia do nosso término,e posso te garantir que ele não disse coisas muito amigáveis a mim.
Eu sei que é idiotice eu ainda querer falar com ele,mas é que eu o amei tanto,e é quase impossível esquecer desse sentimento. Eu sei que ele só disse aquilo porque estava fora de si,ele ainda sente algo por mim. Eu acho.

Logo que eu cheguei na cafeteria,um garçom me levou até uma mesa com um imenso buquê de tulipas. Eu não tenho nada contra tulipas,mas ele deveria saber que minhas flores favoritas são rosas - de preferência,vermelhas como um rubi - e que sou alérgica ao perfume delas.
Não posso evitar a decepção ao perceber que realmente era o Dexter que me esperava com aquele imenso buquê de tulipas rosas. Eram lindas,mas não tão belas quanto as rosas que estavam no jardim ao lado.

— Uau! Tulipas..! — Finjo uma animação,enquanto ele me recebe com um caloroso sorriso. Se não fosse pelo aparelho,eu diria que o sorriso dele era maravilhoso. Não me leve a mal,o Dexter não é feio,ele só é desarrumado. Nada que um dia no salão não resolva.
— Gostou? Eu sei que são suas favoritas! — Tento não inalar o aroma das tulipas,rezando para não ter uma crise de espirros em público.

— Ah sim.. Haha — Meu tique de nervosismo ataca,começo a arranhar meu antebraço,agindo como se só estivesse o coçando. Uma vontade absurda de ir embora está me consumindo,eu queria poder receber uma ligação importante agorinha.

O tempo passa,a gente conversa,e realmente,eu não sinto mais nada por ele. Talvez seja só carência - e com toda a certeza,ele só veio atrás de mim porque não achou uma substituta.
Eu definitivamente não quero mais.

— Então Dexter... — Eu me preparo para dizer não a ele,enquanto isso,ele está com um sorriso de orelha a orelha esperando um sim — Acho melhor a gente continuar só na amizade. Acho que não dariamos certo de novo. — Sou o mais direta possível. Seu sorriso se desmancha como um sorvete no sol. Não posso negar,foi um pouco engraçado a quebra de espectativa dele - se você tivesse visto a reação dele,riria também.
— O quê? — O que antes era uma expressão de choque,agora é uma expressão séria e desiludida. Eu preciso ir embora.
— Me avisasse antes que não queria nada. — Ele se levanta bruscamente,quase derrubando a cadeira para trás. Todos do café nos encaram — Perdi meu tempo com você de novo. — Sinto como se uma adaga perfurasse meu peito sem piedade.

— Desculpa,mas é que eu não tinha certeza.. — Eu abaixo a cabeça e sussurro,não quero chamar mais atenção. Tenho toda a certeza que isso se tornará fofoca.
— Você pensando em si mesma de novo,nada fora do comum. — Ele chama o garçom em um assobio logo depois,sem me olhar nos olhos.
— Me admira que seja considerada uma musa da empatia. — Ele se levanta e vai embora,me deixando sozinha no café.