𝐔𝐦 𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐚𝐫 (𝐢𝐧)𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐚𝐝𝐨 🫂

111 16 0
                                    

Sthephany e William tinham viajado para longe para desfrutarem da Lua de Mel, e Phillipa estava vivendo, pela primeira vez em sua vida, a ausência de sua amiga, o que era terrível. As duas nunca se dispersaram por tanto tempo uma só vez, e já faziam duas semanas que Monroe havia ido para além de FanHap com William.

Phill achava que não iria sentir tanto, estava tão feliz por sua amiga! Mas realmente sentia-se meio dispersa e sozinha em Lingre sem a animada e companheira loira ao seu lado. O que ela iria fazer naquele lugar sem ela?! Estava sem chão, literalmente. Não era somente o periodo de lua de mel que não morariam mais próximas, mas pelo resto de suas vidas. Parou para pensar nos seus dias porvir em Lingre e só conseguiu encontrar uma vida sem graça, e mesmo que passasse grande parte dos meses na casa da amiga, não seria a mesma coisa.

Obviamente ela tinha ao pai e a Vitória, mas logo, logo ele iria partir e sua irmãzinha crescer, e ela? Não conseguia nem encontrar um pretendente decente! Os mais interessantes ou já estavam comprometidos, ou não eram bons o suficiente...

Pensava sobre essas coisas enquanto andava com sua égua Bela em um campo que há um tempo atrás era florido e bonito quando fazia piqueniques na companhia de sua mãe, mas que agora estava abandonado e pouco habitado.

Enquanto divagava por tais pensamentos e reflexões resolve parar e observar a vista linda de um horizonte magnífico, o preferido de sua mãe, na esperança de melhorar um pouco o seu humor, falhando miseravelmente. Ela se encontrava em uma situação nada prazerosa de melancolia e sentia um profundo buraco no peito, como se estivesse faltando algo, e de fato estava: o abraço de sua mãe, que há muito tempo atrás era presente e agora não mais, confortando-a de que tudo iria ocorrer bem. Mas ela não podia. Sua mãe já não estava mais no meio dela. Ela estava sozinha naquele mar de sentimentos melancólicos e pensamentos tristes.

Era como se esse episódio destravasse em Phillipa algo muito profundo e obscuro que ela temia enfrentar. Sempre vivera na sombra da amiga, e ela amava isso, mas agora ambas precisavam seguir caminhos distintos. Ela não se sentia mal pelo casamento, mas pelo o fato de, agora em diante, enfrentar sua vida, suas decisões e ambições, que ela nem sabia quais eram, sozinha.

- Será que para sempre me sentirei assim? - Ela pergunta a si mesma, sentindo uma lágrima cair em seu rosto. - Nem um pouco motivada, instigada e animada para seguir adiante, nem sequer sei os meus sonhos... - Sua voz embarga e, como uma torrente de águas fortes, ela desata a chorar.

Suas pernas ficam bambas e ela cai de joelhos na grama, sujando um pouco o seu vestido com lama, e chora ainda mais por longos minutos.

Após o choro, Phill resolve finalmente ir embora. Ficar ali relembrando os momentos passados não estavam a ajudando em nada. Ela precisava voltar para a sua realidade nada muito emocionante. Pelo menos uma pequena família feliz e fofa a esperava em casa, e essa era a sua maior motivação.

Andava com Bela em direção à saída quando avista um homem capinando um matinho. Ele não estava lá quando ela chegou, devia ter vindo quando ela já estava no meio de todo aquele verde.

Ao se aproximar ela pôde reparar um pouco mais naquele moço: Ele tinha uma cor negra retinta magnífica, que chegava a brilhar. Suas roupas estavam surradas, seu cabelo crespo era baixo e sua testa pingava de suor. Ele era forte, mas não tão exagerado. Era um homem esbelto.

Suas mangas da camisa e sua calça estavam arregaçadas e ele nem havia percebido a presença da garota ali, até ela tropeçar em uma mala do mesmo e cair.

Rapidamente ele tira a sua atenção da capinação e corre preocupado até garota. Nesse momento, seus olhos se encontram e Phillipa contempla um dos mais belos olhos que ela já vira na vida: os daquele homem, que por sua vez eram marrons e verdes, um de cada cor. Ele também a encara, encantado.

- Ah, céus... - Ela enrubesce de vergonha, desviando o olhar.

- Perdoe-me, senhorita. - Ele a ajuda a se levantar. - Eu tenho a mania de deixar meus materiais espalhados e não sabia que as pessoas vinham até aqui... - Ele tenta se explicar.

- Tudo bem, eu é quem não olhei para o chão... - Ela responde, ainda sem olhar em seus olhos.

Tinha vergonha de o olhar nos olhos pois tinha a impressão de que eles conseguiam enxergar a sua alma.

O rosto de Phill estava inchado por conta do choro e ela não queria que ele a visse assim, mas não entendia o porquê disso.

Ambos ficam parados um em frente ao outro, ela olhando para os lados e ele a fitando sem rodeios. Steve estava confuso pois tinha a impressão de que já a havia visto em algum lugar, só não se lembrava de onde.

- Está tudo bem? - Ele indaga, quebrando o silêncio.

- Sim... - Ela responde sem muita firmeza.

Ele põe as mãos nos bolsos e a analisa com o olhar preocupado.

- Não é o que parece... - Abaixa um pouco a cabeça para tentar olhar para o seu rosto, mas ela desvia de novo. - Quer conversar? - Ela não responde. - Não precisa ter medo, você pode desabafar sem nenhuma vergonha, é de suma importância expôr para fora os nossos sentimentos. - O silêncio continua. - Ok... - Ele suspira.

Steve vai até a Égua Bela e a acaricia, o que chama a atenção de Phill.

- Eu estou demasiadamente triste pois as duas pessoas que eu amo estão longe de mim e não me sinto pertencida a nenhum lugar. - Ela fala enfim, e Steve vira-se para a mesma.

No mesmo momento Phillipa sente o impacto daquele olhar e pessoa tão diferente e bonita. Sem dúvidas era um dos homens mais lindos que ela já vira na vida.

- Nossa... E quem são? - Steve pergunta.

- Minha amiga que acabou de se casar e vai morar longe de mim e minha mãe que há tempos foi embora...

Ela estava tão triste, tão sentida e tão perdida. O coração de Steve fica apertado ao olhar aquela jovem com tanta vida mas pouco sentido para viver.

- Você quer um abraço? - Ele pergunta estendendo os braços, convidando-a para eles.

Ela se impressiona por um instante; um homem cuja a identidade era desconhecida estava lhe oferecerendo um abraço? Ela sente medo por uns instantes, mas ao encarar aquele rosto tão gentil e convidativo se sente atraída pelo seu acalento, era o que ela realmente precisava naquele momento.

Phillipa o encara por milésimos de segundos e corre para o abraçar, e ele deita delicadamente a cabeça da garota em seu ombro e a abraça com mais firmeza, dando-a um sentimento misturado de aconchego, vergonha e uma sensação estranha que ela nunca havia sentido antes, o que a fazia querer ficar naquele abraço para sempre.

E como um baú que estava com tantas coisas guardadas para si que não aguenta e acaba abrindo, ela desaba em seu ombro, chorando muito. Ele, percebendo a gravidade da situação, o abraça mais forte.

Ele estava um pouco sujo, mas ela nem se importou com isso.

Os dois ficam por longos minutos abraçados, em completo silêncio a não ser o choro de Phillipa.

Após se recompor, a morena rapidamente sai do abraço, dando conta de que estava chorando e abraçada em um completo desconhecido.

- Desculpa... - Ela se desculpa limpando o rosto com as mãos. - É que eu estava tão cheia que... - Não completa a frase.

- Tudo bem. - Ele diz, calmo. - Foi eu quem ofereci meu abraço, e só o fiz porque, aparentemente, você estava necessitando. - Ele abre um sorriso consolador. - Não precisa se preocupar com isso.

Ela sente segurança em seu olhar tão bondoso e sincero. Aquele abraço realmente a fizera bem, e ela de antemão já era muito grata àquele homem.

- De todo o modo, obrigada por me receber sem ao menos me conhecer, serei eternamente grata. - Ela agradece, enfim se recompondo.

- Nada. - Ele sorri novamente, e ela também.

Ela vai até Bela, sobe na égua e antes de ir embora vira-se e dá um tchauzinho com uma das mãos para Steve, que a retribui.

Aquele garoto era especial, e ele realmente ajudara Phillipa, o que estranhamente fez ela pensar em Steve o resto do dia e da noite, não muito diferente do garoto.

𝐒𝐮𝐛𝐥𝐢𝐦𝐞 𝐀𝐦𝐨𝐫 - 𝐑𝐨𝐦𝐚𝐧𝐜𝐞 𝐝𝐞 é𝐩𝐨𝐜𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora