Prólogo

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     Num hospital psiquiátrico abandonado, não muito distante da cidade, as paredes outrora brancas agora estavam manchadas de um tom amarelado, revelando a passagem implacável do tempo

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Num hospital psiquiátrico abandonado, não muito distante da cidade, as paredes outrora brancas agora estavam manchadas de um tom amarelado, revelando a passagem implacável do tempo. O piso empoeirado, rachado por décadas de abandono, rangia sob os passos lentos da jovem. Uma atmosfera densa e opressiva pairava no ar, como um véu de mistério que envolvia cada canto sombrio.

Uma jovem com seus olhos, dilatados pelo medo, percorreram o cenário desolador. Janelas quebradas permitiam que a luz da lua penetrasse de forma irregular, criando sombras grotescas que dançavam nas paredes. Fragmentos de vidro estilhaçado cintilavam no chão, refletindo o brilho pálido da lua. A escuridão, no entanto, prevalecia, enchendo o espaço com uma sensação claustrofóbica.

O odor mofado e úmido pairava no ar, como um lembrete constante do abandono e decadência do local. A escuridão e os odores desagradáveis eram quase tangíveis, como se tivessem vida própria, cercando-a com uma presença sinistra.

Agora, sem duas das unhas de suas mãos, com o corpo dolorido e ferido, e com ferimentos por toda a região das coxas, a jovem estava exausta. A cada segundo que passava, sentia-se cada vez mais perto da morte.

     Seu carcereiro encapuzado a visitava duas vezes por dia, se é que poderia ser chamado de dia ou noite. Já fazia tanto tempo que ela estava ali que perdera a noção exata das horas. Na primeira visita, ele trazia objetos diferentes, agindo como um gato brincando com um rato. A jovem sentia-se enjaulada, impotente e com um medo avassalador, algo que jamais imaginou passar por sua mente. Sua irmã a havia alertado tanto!

     Agora, passando por tudo aquilo, ela compreendia que talvez devesse ter ouvido mais, que poderia ter sido menos teimosa. Lágrimas rolaram por seu rosto, seu corpo tremia e ela sentia calafrios no ambiente frio e escuro. A falta de roupas também contribuía para o desconforto. Enquanto pensava em tudo o que estava passando e sentia seu corpo tremer de dor e medo, um homem de estatura mediana adentrou o ambiente na escuridão. Mesmo sem enxergar, ela sabia que não estava sozinha.

     Controlando o choro e os soluços, tarefa que não era fácil, a garota recostou as costas contra o ferro da grade à qual estava presa. Ela tinha plena consciência de que aqueles poderiam ser seus últimos minutos de vida. Concentrando-se na audição para tentar localizar de onde viria o próximo ataque, ela se esforçou, mas percebeu que tinha falhado quando algo sólido e forte atingiu suas costas.

     O impacto a jogou para frente com força, sua cabeça batendo contra a grade diante dela. Um grito escapou de seus lábios com a dor, mas a jovem permaneceu deitada no chão, permitindo que as lágrimas caíssem como cascatas.

     Desistindo de tentar lutar novamente, a garota ouviu o silêncio. Minutos se passaram agonizantemente. Aquele homem era como rastros de sombra, por mais que tentasse a garota percebeu que não conseguia ouvi-lo. Ela não podia reclamar da dor, não podia gritar e revelar o quanto seu corpo estava machucado naquele momento. Era como se sua carne estivesse fervendo, uma sensação aterradora.

     Sua respiração estava irregular, e ela suspeitava que seus pulmões pudessem estar perfurados. Foram segundos intermináveis até que não pôde mais se manter consciente. A escuridão a envolveu, trazendo alívio para seus momentos de sofrimento, descansando sua mente que estava profundamente conectada com seus últimos instantes de vida.

     Antes de desmaiar por completo, ela vislumbrou um clarão, o que a fez suplicar mentalmente por ajuda, pois duvidava que pudesse aguentar por muito mais tempo.

     Antes de desmaiar por completo, ela vislumbrou um clarão, o que a fez suplicar mentalmente por ajuda, pois duvidava que pudesse aguentar por muito mais tempo

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