CAPÍTULO I

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FLORESTA DE OPHIR

Eu estava parada em frente ao trono, quando os orbes azuis impenetráveis de Calen me olharam de cima a baixo, vagamente tentando me dizer para que ficasse de joelhos. Era assim que ele era, é assim que ele sempre será, porque o coração dele já apodreceu nas profundezas do mar de sangue de Malvolia há muito tempo atrás, quando ele perdeu seu braço direito para Melione, a rainha das Hecatisis. É por essa razão que esse homem perseguiu todas as mulheres que possuíam cabelos nas cores de preto, prateado e vermelho, ou tivessem olhos alaranjados, que eram os símbolos dos demônios do submundo em forma de mulheres. No entanto, apesar de que eu realmente tivesse os cabelos vermelhos como sangue, eu era apenas uma mulher normal e nos meus 18 anos de vida trancada em uma torre, sem poder saber o que é ter uma família por ter sido tirada ainda bebê do colo de minha mãe e pai, meus chifres, asas de corvo ou dentes afiados nunca cresceram como Calen desejava. Então, ele me torturou psicologicamente e fisicamente. Até o dia de hoje.

— Como o meu querido Declan já deve ter lhe informado, você cometeu um pecado gravíssimo, minha galáxia. — Eu odiava aquele apelido e o tom de voz áspero que ele usava para falar.

— De acordo co-

— Com a lei de merda de vocês... — cortei Declan e continuei enquanto olhava firmemente apenas para Calen. — Ao uma jovem mulher seduzir um mago, seja ele sacerdote ou não, ela será executada.

O rei não teve reação alguma, até ele levantar de seu querido trono e andar seu caminho até minha direção. Eu sabia o que ele ia fazer, dava para ver seus músculos contraídos pelo estresse. Calen não gostava quando eu falava, mas hoje, eu falaria, mesmo que ele cortasse minha língua.

— Parece que você ainda não entendeu quem manda aqui, Andromeda.

Eu odiava ainda mais o jeito como ele falava o meu nome na sua boca imunda.

— Parece que você quem ainda não superou seu passado, Calen. — Falei calmamente entre os dentes.

Eu não temia mais a morte aquele ponto e talvez já pensasse que ela seria uma boa amiga, ou amante, porque no final, ela me esperou por todos esses anos e no fim, a morte é o destino de todos. Não sou uma exceção.

— Por sorte... — Calen parou, apenas para segurar meu queixo e me fazer olhar em seus olhos azuis, que brilhavam na luz do sol juntamente a sua pele e cabelos morenos. — ...você não vai ter sua 'lição' hoje. Precisa estar perfeita para aqueles lobos rabugentos. Eles vão adorar com certeza não precisar ter que ir ao submundo caçar uma hecatis quando já tenho algumas presas aqui.

— Sim! E eles prometeram dar uma trégua na guerra, vossa majestade. — O bajulador completou a fala do pateta.

— Vocês dois, são dois tolos se acham que os licantropos vão parar de ajudar ao imperador elfo apenas porque vão receber corpos de garotas inocentes.

E então veio ele. Um tapa que fazia minha bochecha arder, mas que não era nada comparado aos ferimentos que me deixaram cicatrizes nas costas.

— Pessoas inocentes? — Calen perguntou, sem desviar seu olhar de mim, enquanto limpava sua mão com um lenço. — Vocês são todas vadias comandadas pelo pobre Deus da morte. E você, minha galáxia... deveria me agradecer por estar mantendo uma cadela como você por 18 anos em Yesenia.

O carvalho vermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora