CAPÍTULO II

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A DIVISA ENTRE OS MUNDOS

No outro dia, eu acordei com o que parecia uivos de lobos do lado de fora de uma outra caravana — que aparentemente fora obra de um certo rapaz que me segurou nos braços —, depois um som de magia vindo não muito distante dali.

Decidi então levantar para ver o que era, já que a caravana tinha parado, mas só naquele momento percebi que estava sendo praticamente esmagada por o homem com os olhos incomuns de antes. Minha pele rapidamente esquentou e eu estava prestes a dar um grito quando o feérico me aconchegou ainda mais perto dele.

Seu coração não batia, ou pelo menos eu não conseguia ouvi-lo, porque estávamos próximos o suficiente para ouvir os batimentos cardíacos um do outro.

— Senhor... com licença. — Tentei falar o mais mansa possível para tentar me desprender daqueles braços fortes, que me apertavam ainda mais. — Preciso que me solte agora.

Os lábios do feérico não se moveram um centímetro e aparentemente, nem eu me moveria nem tão cedo. No entanto, permiti a minha mente admitir que realmente era confortável estar ali. Mesmo que Fenton não fosse quente, seus braços eram fortes e tinham um pouco de músculos, fazendo aquele abraço ser um pouco mais acolhedor.

— Parece que a técnica funcionou. — Murmurou ele, abrindo um de seus olhos, o direito, aquele que é verde ciano. — Você está mais calma e finalmente falou alguma coisa. Achei que não fosse falar nunca.

Eu dei um salto de onde estava, ficando em pé e virei-me de costas para ele, onde ele não poderia enxergar meu rosto manchado de vergonha por ter pensado em como ele era um bom travesseiro enquanto ele pacificamente dormia.

— Não vai me agradecer? — Perguntou e abriu um sorriso debochado, mostrando suas presas se sobrepondo nos lábios frios quando me virei para olhá-lo.

Olhei atentamente para cade detalhe dele. Eu já sabia que Fenton não era um feérico normal por não ter orelhas de elfos, mas ele também não era um humano, não com aqueles olhos enfeitiçados, não com aquelas presas enormes que outrora tocaram minha pele.

— O que é você? — Foi apenas o que perguntei, sem desviar-se dele.

— Vejo que você é direta.

Ele riu e se levantou, chegando mais próximo de mim a cada segundo, até me fazer recuar tanto ao ponto de bater na parede da caravana.

Fenton não disse nada, apenas analisou meu rosto como se fosse me comer viva, e depois aproximou seus lábios gélidos do meu ouvido para sussurrar: - Eu sou aquilo que vocês humanos mais temem.

Rapidamente, ficando irritada com a sequência de arrepios que sua voz calma me trouxe, afastei-o e sai da caravana.

— Não fique tão brava assim! —Ele veio me acompanhando até a saída da caravana e segurou o meu braço antes que pudesse fazer qualquer coisa. — Se você quiser dormir mais vezes no meu abraço acolhedor, é só falar.

Minhas bochechas tomara os tons vermelhos de meu cabelo para si e ali, tive certeza que aquele homem não era só um mero feérico por conseguir ler minha mente.

Xinguei-o mentalmente até que finalmente ele me soltou e abriu mais um daqueles sorrisos irritantes. A partir dali, eu sabia que talvez teria que lidar com aquele maldito sorriso para sempre.

— Agradeço sua gentil oferta, porém, não preciso de seus braços nada quentes para me esquentar nessas noites chuvosas.

Bufei e continuei andando até onde aparentemente estava vindo o som de magia.

— Tudo bem, mas... — Fenton tossiu, tentando chamar minha atenção o máximo possível. —...se eu fosse você, não iria por essa direção.

— E porque eu iria seguir seus conselhos?

O carvalho vermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora