Those Eyes, Megumi Fushiguro

── [ 𝐔𝐌 ]

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─ Emprego novo ─
Those Eyes
《Um》

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O som de pássaros conversando lhe acorda do sono que por sinal, era horrível por conta do calor e a insônia que lhe atormentava durante a noite. A luz do sol estava forte, quente, muito quente, o quarto pequeno esquentava ainda mais por não ter uma boa ventilação ou ar condicionado. Pisando no chão de madeira velho, Miri olha através da janela a avenida movimentada, era oito horas da manhã quando uma buzina alta ecoou de fora, a fazendo franzir a testa com o barulho estridente.

Ao fazer suas higienes básicas, Miri pega sua bolsa e coloca seu celular e carregador, junto com alguns documentos. Na outra mão, segurava uma pasta rosa com currículos dentro, já que sairia para entrega-los nos arredores. O barulho de porta abrindo e fechando ecoa pela sua cabeça, seus ouvidos por algum motivo, estavam muito sensíveis hoje e causando uma leve dor de cabeça.

─ Bom dia, mocinha! - A senhora Kyoko lhe comprimenta com um sorriso caloroso ao vê-la saindo do pequeno apartamento.

─ Bom dia, senhora Kyoko! Como está? - forçando um sorriso, Miri tranca a porta barulhenta e um pouco achatada no chão, fazendo um ruído insuportável ao fechar.

─ Estou bem! Vejo que vai sair, está indo trabalhar? - questiona enquanto pegava o regador verde escuro e descascado do chão, dando algumas batidinhas para tirar a poeira.

─ Sim... - não era totalmente uma mentira, afinal, estaria indo entregar currículos em busca de um novo emprego.

─ Boa sorte no trabalho! E tenha um ótimo dia, mocinha! - a voz doce e rouca da senhora Kyoko estava um pouco cansada, deixando o tom ainda mais arrastado e baixo do que já era.

─ Obrigado! Desejo o mesmo para a senhora! - com um olhar carinhoso, a senhora Kyoko acena e se retira do corredor vazio, Miri solta um suspiro pesado antes de começar a descer as escadas íngremes e rígidas que faziam um ruído alto ao pisar.

Saindo do condomínio, Miri olha ao redor e vê alguns comércios abertos, eram de moradores mais velhos e que já tinham uma certa idade para fechar as portas e colocarem placas de "venda-se". Andando pelas ruas do bairo pobre, Miri vê algumas crianças correndo e brincando aos arredores, suas roupas um pouco desgastadas e manchadas com o acúmulo de sujeiras, seu coração apertava toda vez que assistia a cena e se irritava com a realidade degradante que vivia, tendo que ver crianças mendigando nas ruas e semáforos sem supervisão de alguém mais velho.

O mundo era de fato, muito injusto com quem era classe baixa, tendo que ser escravos de seu próprio dinheiro e serem roubados por sua carga horária. Claro, Miri entendia como o mundo da classe trabalhadora funcionava, afinal, ela já havia passado por diversas empresas e comércios que estavam prestes a ir a falência. Durante o caminho, a garota se questionava de alguns pensamentos intrusivos que lhe ocorria casualmente, mas logo algo chama sua atenção, fazendo-a virar a cabeça e arregalar os olhos ao ver Nobara conversando no telefone dentro de uma cafeteria de frente para a avenida.

Seu coração palpitava em desespero, fazia alguns anos que Miri e Nobara não se viam, a garota mal lembrava de sua voz ou rosto direito. O susto foi grande o suficiente para Miri parar no meio da rua, recebendo buzinas e xingamentos dos motoristas, saindo do transe e pedindo desculpas enquanto se afastava para o outro lado da calçada. Olhando de longe, Nobara não havia mudado nada, seus cabelos ainda eram castanho claro, sua pele um pouco bronzeada, seus olhos ainda continuavam afiados e desconfiados, suas roupas de alguma marca para qual estava trabalhando atualmente. Miri, sem perceber, a encarava com um imperceptível sorriso nos lábios, Nobara há muito tempo foi sua melhor amiga e o tempo e situações causou uma distância mútua.