Três

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— Complexo do Alemão,
Rio de Janeiro 📍
Chiara.

De todas as vezes que vim ao Brasil, essa é a primeira vez que piso no lugar em que minha Madre, realmente foi criada. Em uma favela.

Mamma, já falou muito daqui, o quanto aqui é perigoso e ao mesmo tempo, bom de se morar. Realmente fiquei assustada quando vi uns cara andando por aí com armas que com certeza não éra de mentira, mas ver as crianças correndo por aí, ou brincando na porta de suas casas, fez meu pensamento mudar, de certa forma.

Percebo que essas pessoas armadas não são uma ameaça, pelo contrário.

Pelo o quê Alice e o tal Biro me explicou, aqui dentro é outra realidade, e eu consigo ver isso olhando assim, mas não exatamente a realidade que eles tem por morar aqui dentro.

Chiara: Aqui não parece ser um lugar ruim, as pessoas são tão alegres. - Indaguei, enquanto olho pelo vidro da janela.

Alice: É. Apesar das crueldades, e humilhações que passamos só por sermos da favela. - Sorriu de lado. - Não é tão ruim morar aqui, talvez, vocês gostem.

Biro:  E se não gostarem, não é pra sair falando mal da minha favelinha não, hein, se não eu não vou nem te entender legal. - Brincou, e minha prima deu um tapa de leve em seu braço. - Calma aí ou, tô de caô, carai.

Chiara: Não sei o quê significa; " eu não vou nem te entender legal " mas acho que dá pra deduzir o quê você ta querendo dizer, e pode ficar despreocupado, não vou fazer isso. - Ri, e Biro, estendeu a mão, me mandando um joinha.

Lia: Olha sorella, aqui tem muita criança. Eu vou poder brincar com elas, não vou?! - Bateu palminhas e fez biquinho.

Chiara: Hoje não, e mesmo assim, só com um adulto. Nada de sair sozinha!

Lia: Tudo beemm!

Minutos depois, o Biro, parou o carro, e minha prima, anunciou que havíamos chegado. Lia nem esperou eu falar nada, quando vi, a garota já estava fora do carro, olhando tudo em sua volta.

Alice: Tenho certeza que não é como vocês estão acostumadas, mas é confortável! - Ela brincou, pegando na mão de Alice, eu fiz uma careta pra ela. - Vomos, mamis tá esperando.

Ajudamos Biro, com as malas, e entramos.

A casa realmente não é como eu estou acostumada, mas não deixa de ser linda e bem organizada
As paredes pintada de branco, com alguns quadrados e prateleiras penduradas, o chão com um porcelanato branco também, e alguns vazos com plantas espalhados pela sala.

Eu seria idiota por dizer que estou surpresa, devido às circunstâncias que vi fora?

Angela: Alice, você ainda não foi, garo... Ah! Chegaram carai, até que enfim! - Gritou, animada quando passou pela porta da cozinha, e nos viu paradas no meio da sala. Lia, rapidamente correu até ela.

Lia: Tiaa! - Pulou em seu colo. - Eu tava com saudades da senhora!

Angela: Oi, minha linda, a tia também estava morrendo de saudades de você. - Sacudiu ela, em seus braços.

Chiara: E de eu, não? - Crusei os braços. Tia Angela, me olhou sorrindo, e me chamou com a mão, rapidamente me juntei a elas.

Angela: Tava com saudades das duas! Tão bom saber que vocês vão morar aqui, mesmo que seja por um tempo. Alessia, que vai ficar doida né, nunca ficou tanto tempo longe das meninas dela.

Senti meu coração se apertar mais, dentro do peito. Apertei tia Angela, ainda mais, engolindo a vontade de chorar.

Alice: Nossa, mãe, comigo não é assim né? Posso passar dez anos longe de casa, a senhora não vai me receber com essa melação toda.

Angela: Não tá muito grande pra ficar com ciúminho de mamãe não, Alice? Eu hein. Vai logo botar as coisas da suas primas lá na quarto, pede ajuda desse seu namorado inútil aí.

Biro: Queisso, sogrinha, tá muito agressiva, a senhora! - Protestou brincando, e tia Angela, ameaçou ir atrás dele. Eu ri.

Acho que vai me fazer bem ficar aqui, vou conseguir me distrair, mesmo que seja por alguns segundos.

Angela: Vomos lá na cozinha, minhas lindas, fiz um monte de comida, que eu tenho certeza quê vocês vão adorar, principalmente você Lia, que adora doce.

Lia: Doce? Eu quero, eu quero! - Suspendeu os braços pra cima, animada.

Alice: Costuma não, Chiara, daqui a pouco ela vai te trata igual me trata, essa melação toda só vai sobrar pra Lia. Quando conheceu o Bernardo, éra assim, com ele, toda hora me perguntava dele, parecia até que ele éra o filho dela, agora ver como ela trata ele. - Revirou os olhos.

Biro: É, pô, mas deixa ela, o mundo vai girar! - Fez cara de bravo.

Me segurei pra não rir do drama deles.

Acho que eu realmente, vou ficar bem aqui...

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