Seis anos de pesadelo

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Olhava-me de alto a baixo. Suspirava e fazia um movimento com a cabeça que indicava a minha rapida ida para o quarto. Mais uma vez. Era até educado se me portasse bem. Era meigo, deitava-me e beijava-me devagar. Eu chorava. Tirava-me a roupa e sentia como se me estivessem a rasgar por dentro. Eu chorava. Depois de despida já nada era fantasia. Corpo com corpo, violência atrás de violencia e eu a desejar que uma corda estivesse á minha espera. Eu chorava. Quando mais me tentava soltar mais presa me sentia. Eu chorava. Não bastava violar-me o corpo também me tinha de violar a alma? Não bastava. Bastava sim acabar comigo naqueles vinte minutos que me usava como quem usa uma saca de plastico para o lixo. Leve,suave, forte, arduo,massacre, dor e gritos de desespero misturados com os do desejo. Dele. Só e sempre dele. Mordia-me, deixava o meu corpo com nódoas negras. Porque não? O meu corpo era apenas um corpo seco, sem sentimento. Um corpo cheio de nada. Um corpo de merda e usado. Era um ciclo, duas vezes ao dia, uma de manhã e outra á noite. Sem defesas, deixei-me. Cortei-me, tentei enforcar-me. Fracasso. A única coisa que consegui foi que passassem a três vezes ao dia. Vinha ele de novo. Batia-me, fodia-me com força e ainda me chamava Sarah. Ela morreu! Mas ele respondia sempre o mesmo: Ela está dentro de ti, assim como eu neste momento.

Sei, mas não sabiamOnde histórias criam vida. Descubra agora