O ínicio de todas as coisas...

104 12 7
                                    

Londres, 1940.

Por mais que eu não tenha vivido muito tempo (apenas 10 anos), ainda posso dizer que de longe, a guerra é a pior coisa que qualquer ser humano pode vivenciar. 

Mortes, perdas, lamentos, dores, caos.. existem limites do que a alma humana pode aguentar.

_ Catherine Elizabeth Turner? - ouvi uma voz me chamar e me virei em direção a ela.

Apertei a alça de minha mala timidamente, com medo de perdê-la enquanto andava em direção a carroça com a mulher que me esperava.

Meus pais haviam sido mortos na guerra em um bombardeio e depois de ser resgatada, com a sorte de estar viva (se é que posso dizer assim), fui mandada para a adoção e tempos depois, finalmente encontraram uma família para mim, a qual estava indo conhecer nesse momento.

Me falaram pouco sobre eles. Fui adotada por um professor que era solteiro e morava numa casa muito grande com Dona Marta, a governanta, e três criadas: Eva, Margarida e Isabel. O professor era um velho de cabelo desgrenhado e branco, que lhe encobria a maior parte do rosto, além da cabeça.

Ao chegar a casa, me deparei com mais quatro crianças. Elas não foram adotadas por ele assim como eu, mas estariam sendo abrigadas até pelo menos o fim da guerra, para voltarem para seus pais. 

Fomos apresentados ao professor e gostamos dele quase imediatamente. 

Mas, na primeira noite, quando ele veio nos receber, na porta principal, tinha uma aparência tão estranha, que Lúcia (ouvi quando o professor disse o nome dela) a mais novinha, teve medo dele.

Edmundo (que era o segundo mais novo e aparentemente tinha a minha idade) quase começou a rir e para disfarçar, teve de fingir que estava assoando o nariz. Bufei irritada com o garoto. Que criança ingrata! O homem estava oferecendo abrigo para ele e seus irmãos e ele agradecia rindo da cara dele. Que imbecil.

Naquela noite, depois de nos despedirmos do professor, fui para o quarto que dividiria com Lúcia e Susana, mas pouco tempo depois os outros dois irmãos entraram, compartilhando suas impressões sobre tudo conosco.

Conversamos um pouco para nos conhecermos melhor já que, aparentemente, ficaríamos juntos por um bom tempo.

Eles eram irmãos, os quatro, Pevensie.

Pedro, o mais velho, possuia olhos azuis e cabelos loiros. Era bem alto com o peito largo e era sorridente, apesar de sempre manter a pose de protetor. Ele tinha cerca de 14 anos.

Susana, a segunda mais velha, também possuia olhos azuis, mas seus cabelos eram castanhos e longos e assim como Pedro, tendia a ser protetora e maternal, mas era mais prática e cautelosa. Ela tinha aproximadamente 12 anos.

 Edmundo era o segundo mais novo, tinha cabelos pretos bem escuros, assim como seus olhos, sua pele pálida e ele possuia muitas sardas, além de ter um nariz arrebitado que lhe conferia um ar superior que combinava perfeitamente com a sua personalidade mesquinha. Ele tinha a minha idade, 10 anos.

Embora não fosse tão bonita quanto Susana, Lúcia, a mais nova dos quatro Pevensie, ainda era uma beleza por si só, com cabelos dourados e curtos. Ela era alegre e sorridente, além de ser carinhosa e gentil. A garota deveria ser apenas um ou dois anos mais nova que eu.

_ Tudo perfeito - disse Pedro - Vai ser formidável. O velhinho deixa a gente fazer o que quiser.

_ É bem simpático - disse Susana.

_ Parem com isso! - falou Edmundo, com cara de quem estava com muito sono, mas fingindo que não, o que o tornava mal-humorado - Não fiquem falando desse jeito!

Amor de redenção • || Edmundo PevensieOnde histórias criam vida. Descubra agora