_ Senhor, está aí um emissário inimigo que implora audiência.. - um dos centauros informou.
_ Mande-o aqui.
Daí a pouco um leopardo voltou com o anão da feiticeira.
_ A que vens, Filho da Terra? - perguntou Aslam.
_ A Rainha de Nárnia e Imperatriz das Ilhas Desertas deseja salvo-conduto para vos falar sobre um assunto que tanto interessa a vós como a ela.. - disse o anão, na ponta da língua._ Ah! Rainha de Nárnia! - comentou o Sr. Castor - Mas é muito cara-de-pau!
_ Calma Castor.. - disse Aslam - Todos os títulos serão restituídos a quem de direito. Não vale apena discutir por enquanto.. - e voltando-se para o anão - Diga a sua senhora que o salvo-conduto está concedido, sob a condição de ela deixar a vara mágica debaixo daquele grande carvalho.
Aceita a condição, dois leopardos acompanharam o anão, para ver se tudo seria feito conforme o combinado.
Pouco depois, era a própria feiticeira que aparecia no alto da colina, dirigindo-se sem hesitarpara junto de Aslam. Nós quatro que nunca a tínhamos visto, sentimos um frio na barriga quando a olhamos de frente. Alguns animais começaram a rosnar. Embora fizesse um sol magnífico, todos nós nos sentimos gelados de repente. As únicas pessoas que pareciamestar absolutamente à vontade eram Aslam e a própria feiticeira. Estranho espetáculo: um rosto dourado e um rosto nevado... tão perto um do outro. Não que a feiticeira olhasse Aslam bem de frente, o que reparei mais tarde.
_ Há um traidor aqui, Aslam! - declarou a feiticeira.
Todos os presentes entenderam. Mas Edmundo, depois da conversa pela manhã e de tudo o mais, não deu bola. Continuou simplesmente a olhar para Aslam. Estava esnobando a feiticeira, e com razão.
_ Não foi bem a você que ele ofendeu.. - disse Aslam.
_ Já se esqueceu da Magia Profunda? - perguntou a feiticeira.
_ Não cite a Magia Profunda para mim, feiticeira. Eu estava lá quando ela foi escrita.. - Aslam rugiu, a corrigindo.
_ Se conhece tão bem quanto eu o poder mágico a que o Imperador sujeitou Nárnia desde o princípio dos tempos, sabe que todo traidor, pela lei, é presa minha, e que tenho direito de matá-lo! Portanto, essa criatura humana me pertence. A vida dela me pertence. Tenho direito ao seu sangue.
_ Bom, então venha pegá-lo! - disse Pedro enquanto tirava a espada da bainha e se posicionava, pronto para atacar.
Puxei Edmundo pelo pulso, entrando na frente dele, disposta a protegê-lo também.
_ Débil mental! - disse a feiticeira, com um riso de fúria que era quase um grunhido - Está tão convencido assim de que o seu senhor me pode privar dos meus direitos pela força? Ele conhece bem demais a Magia Profunda para atrever-se a isso. Sabe que, a não ser que eu receba o sangue a que a lei me dá direito, toda a terra de Nárnia será subvertida e perecerá em água e fogo.
_ É verdade! - disse Aslam - Não posso negá-lo.
_ Oh Aslam.. - o encarei - Não se pode dar um jeito nisso? Na Magia Profunda?
O Leão me encarou pensativo.
_ Afastem-se.. - disse Aslam - Preciso falar a sós com a feiticeira.
Foram momentos terríveis de longa espera. Finalmente ouviu-se a voz de Aslam.
_ Venham todos. Tudo resolvido. Ela renunciou ao direito que tinha ao sangue de Edmundo.
Pela encosta, ouviu-se um ruído, como se todos tivessem começado a respirar ao mesmo tempo. Foi um pipocar de opiniões.
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Amor de redenção • || Edmundo Pevensie
Novela Juvenil"Se uma vítima involuntária, inocente de traição, fosse executada no lugar de um traidor, a mesa estalaria e a própria morte começaria a andar para trás..." A grande batalha e a vitória do bem contra o mal através da redenção, onde a morte de Aslam...