Oi, você que está lendo!
Eu moro em Várzea Grande, segunda maior cidade do estado de Mato Grosso, vizinha da capital Cuiabá, que foi construída há 200 e tantos anos atrás para servir de abrigo para os soldados que lutavam na Guerra do Paraguai. As duas cidades fazem parte de uma depressão geográfica, mais especificamente uma depressão relativa, porque ainda estão acima do nível do mar.
Atualmente, eu moro em um bairro mais alto e, neste ano, comecei a perceber que conseguia ver muito mais do que o horizonte de fumaça, prédios baixíssimos e galpões da cidade que é chamada pela prefeitura de Cidade Industrial (temos uma fábrica da Coca-Cola e outra da Marajá aqui). Hoje em dia, quando saio de casa, sempre me pego olhando para o horizonte para tentar ver partes de Chapada dos Guimarães, uma das cidades que rodeiam a minha e que, por ser mais alta, com rochas avermelhadas de até 800 metros de altitude, pode ser vista daqui, mesmo com meus olhos levemente astigmáticos que raramente têm a ajuda do óculos que eu deveria usar com constância.
Algumas poucas semanas atrás, enquanto eu estava dentro do ônibus olhando para o horizonte, onde eu conseguia ver parte dessas mesmas rochas que se destacam a mais de 40 quilômetros de distância, eu pensei no mar. Morar no meio do Centro-Oeste fez com que eu valorizasse todas as pouquíssimas vezes em que eu vi o mar, seja na minha primeira vez colocando os pés na praia e olhando para toda aquela imensidão azul, seja quando eu o vi apenas de cima enquanto o avião onde eu estava voava em círculos por não poder voltar para Curitiba nem pousar em São Paulo, ou ainda a última vez um mês atrás.
É muito maluco pensar que as rotas de navegação existem há séculos e que as pessoas se enfiavam em barcos para a travessar o mar. Enquanto isso, eu, uma pessoa hidrofóbica, mal consigo deixar a água passar dos joelhos quando entro no mar.
Pensando em toda essa imensidão enquanto olhava para o horizonte de rochas compostas por arenito vermelho, esta história veio à mente toda de uma só vez, como uma enxurrada que organizou o que deveria organizar. Depois de meses sem conseguir escrever, sentar e escrever um prólogo todo de uma só vez foi algo que eu não esperava, mas que aconteceu. I'll be your mermaid tinha que acontecer e que bom que ela aconteceu, porque eu não me lembrava mais como era essa parte de mim: a parte que é apaixonada por escrever e que usa a escrita como uma refúgio do mundo.
Esta história, como todas as outras que eu já criei, que vivem para além de mim e que estão apenas esperando que eu termine de contá-las, será postada de forma diferente para que, assim, eu mantenha o compromisso comigo e não leve uma eternidade para clicar em "concluído" e para que eu não decepcione vocês. Então, sempre estarei, ao fim do capítulo postado, avisando a data da próxima postagem para que vocês não precisem esperar tanto sem qualquer resposta.
Para quem está aqui desde o começo, obrigada por permanecer, por ter paciência com meus processos enquanto uma escritora caótica e por não ter desistido. Para quem chegou aqui em algum momento entre o começo e os últimos dias, que bom é ter você aqui. Para quem chega a partir por causa desta história, eu espero que você aproveite.
Para todas as pessoas que estão lendo as notas desta autora faladeira e emotiva demais, sejam bem-vindes a I'll be your mermaid.

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I'll be your mermaid • l.s.
Fiksi PenggemarEm 1906, Louis Tomlinson vivia uma vida confortável nos Estados Unidos, onde geria a filial do escritório de advocacia de sua família e passava seu tempo livre em uma das praias da cidade de New Haven, em Connecticut. Após uma forte tempestade, que...