Porradaria & Cuscuz

MESMO NA ESCURIDÃO SE ENCONTRA A LUZ

Vincenzo não respondeu imediatamente. Ele ergueu a mão, observando os dedos como se estivesse contemplando algo mais profundo, então com um gesto negativo ele respondeu: — é justamente por saber o que significa um herói, que me fez quem eu sou hoje. Eu também conheci a escuridão de perto, mas aprendi que não somos definidos pelos nossos erros que carregamos.

Os olhos de Rá faiscaram com uma mistura de emoções: Desafio, duvida e um lampejo de esperança. Ele apertou o punho em torno de seu cajado, reunindo sua energia interna enquanto a luz começava a irradiar seu corpo.

— Não é tão simples. Como posso ser um herói quando tudo que eu vejo é destruição?

Vincenzo ergueu as mãos e as sombras se contorciam, respondendo a ele — Rá, eu sei que não é fácil. Mas você também carrega uma luz interna, uma luz que é capaz de superar a escuridão. Nossa natureza não é uma prisão, é uma oportunidade para escolhermos quem queremos ser.

Rá lançou-se à frente, canalizando sua energia em seu cajado e disparando um feixe de luz em direção a Vincenzo. O chão tremia com o impacto enquanto Vincenzo erguia uma barreira de sombras para se defender.

Vincenzo retrucou, criando lâminas afiadas de sombra que cortavam o ar em direção a Rá. Este se esquivou habilmente, saltando e girando no ar para evitar os ataques que pareciam surgir de todos os lados.

Rá concentrou sua luz em suas mãos, criando um escudo brilhante que bloqueou uma investida das lâminas de sombra. Ele reuniu coragem enquanto suas palavras cortavam o ar:

— Companheiros? — Rá exclamou com um tom de raiva. — As pessoas que você chama de companheiros são os primeiros a nos trair.

Vincenzo não mostrou fraqueza, suas sombras dançavam ao redor dele de forma sinistra. Ele respondeu.

— Rá, entenda. Cada um de nós é responsável por suas próprias ações. Eu não estou pedindo que você ignore sua escuridão, estou pedindo que você reconheça que pode usar sua natureza para um bem maior.

Rá ergueu seu cajado de luz, sua energia irradiando como um farol de esperança em meio à escuridão. A luz brilhava intensamente, lutando contra a escuridão que se aproximava. Sua voz estava firme quando ele falou novamente, sua pergunta ecoando como um desafio: — Você escolheu um caminho sombrio, Vincenzo. Um caminho que parece levar à destruição. Você acredita que está agindo como um herói, mas suas ações falam o contrário. Um verdadeiro herói ilumina o caminho para os outros, mesmo quando o próprio caminho é difícil. Suas ações são apenas um reflexo do seu egoísmo e ambição.

Vincenzo ergueu uma sobrancelha, um sorriso enigmático tocando seus lábios.

— Ambição, Rá, é o que impulsiona a mudança. O que você vê como sombras são apenas as ferramentas que eu uso para moldar o mundo à minha imagem. Heróis podem iluminar caminhos, mas às vezes a luz cega as verdades que existem nas sombras.

Rá apertou o punho em torno de seu cajado. Ele não podia aceitar as palavras de Vincenzo, não podia permitir que sua visão distorcida se tornasse realidade. Ele era alguem que sabia o quanto sua condição era perigosa e só trazia destruição. Ele assim como Vincenzo eram monstros.

Vincenzo fitava Rá. — Por que você anseia para que eu ceda a escuridão assim como você cedeu?

— Vincenzo... — Rá diz agressivo. — Nos dois sabemos a verdade. não importa o quanto tentemos negar ou lutar contra isso, somos monstros. Criaturas destinadas a destruição, independentemente de nossas ações passadas ou presentes.

Vincenzo ergue o olhar, sua expressão firme, mas também carregada de compaixão. — Rá, eu entendo sua dor e sua luta interna. Também já me vi como um monstro, perdido na escuridão que eu mesmo criei. Mas aprendi que não somos definidos por nossos erros ou pelas trevas que carregamos