NEXT LEVEL

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 Cinco longos anos, quem diria. Fui blipado, enfrentei inimigos da pior espécie, minha identidade foi revelada, mas consegui resolver esse problema - não da maneira que queria - . Mas em contrapartida, sofri muitas perdas.
 Aconteceram muitas coisas desde que esqueceram de nossas identidades. Eu e Gwen nos mudamos de cidade, estamos morando em São Paulo. Nos separamos depois de um tempo, por termos um pensamento diferente sobre a melhor maneira de seguir em frente. Ela dedica bastante tempo em sua carreira de modelo, está fazendo faculdade e conheceu um cara. Ela está bem, muito bem na verdade. Não nos falamos muito, mas ela me convidou para ir até o lançamento de uma coleção de roupas que ela vai desfilar. Eu fico realmente feliz por ela, ver ela feliz me lembra do porque eu uso essa máscara toda noite - ou dia- e de que a cidade seria um lugar bem pior na ausência dos escaladores de paredes.
 Quanto a mim... Digamos que não tive a mesma sorte. Não parava nos empregos, sempre chegava atrasado, às vezes me faltava paciência e eu descontava tudo quando patrulhava a cidade. Não fiz muitos amigos nesse tempo, já que passei a me dedicar mais as patrulhas do que ao dia a dia "normal". Enfrentei um cara que abria portais pelos multiversos com um mago de outra realidade, foi loucura, até pensei que fosse morrer. Depois disso eu fui mandado de volta pra cá e minha rotina continuou a mesma. Na verdade, chegou um momento que parei de segurar a força e meio que deixei alguns caras com fraturas bem graves. Agora o Aranha é visto como "o terror dos bandidos" e a Aranha Fantasma - o novo codinome da Gwen - ainda tem seu posto de "amiga da vizinhança", pelo seu modo de agir menos agressiva com os bandidos.
 Do topo de um prédio, observo dois homens correndo com mochilas nas costas. A polícia parece ter dificuldade para pegá-los. Os homens parecem conhecer bastante aquele bairro, correndo e pegando atalhos que dificultam a ação da polícia. Observando  seus movimentos, corro pelas estruturas da cidade e lanço uma bomba de teia programada um pouco mais afrente de um dos homens. O dispositivo explode e cobre o primeiro bandido com teia, o desequilibrando. Aproveitei essa brecha para lançar uma fita de teia em sua direção e o puxar para cima. O parceiro, vendo isso, saca sua arma e dispara algumas vezes:
- Eu não tenho medo de você, aberração! - o homem grita. O bandido volta a correr, mas não consegue ir longe. Uma fita de teia que estava presa entre uma parede e outra o derruba de barriga no chão. O impacto faz sua arma cair até uma parte mais escura do beco. Ao perceber sua dificuldade em se levantar, as luzes de meu novo traje se ascendem, me revelando em meio as sombras. Ando até o homem, que tenta se afastar de mim:
- Não me diga que tá assustado?! - em um rápido movimento, lanço teias em suas mãos, grudando seus membros no chão. O bandido tenta sair da situação desesperadamente, enquanto resmunga algumas palavras:
- Por favor, pode ficar com a grana, mas me deixa sair daqui! - ele se desespera
- Não quero dinheiro - seguro seu pescoço - quero respostas! - aperto um pouco mais - me fala... O que sabe sobre os Dominantes?! - vejo o homem fitar os grandes visores brancos da máscara com um certo medo
- Eu... Não posso - ele fala com dificuldade - eles vão saber...- cerro os olhos da máscara. O surpreendi puxando seu braço, descolando a teia de uma das mãos. O homem urra de dor, mas mesmo assim continuo com uma mão em seu pescoço e outra em seu braço:
- Última chance!
- Tá bom! Eu falo! - ele se rende - Toda a semana... Uma reunião nova é marcada - o bandido fala com dificuldade - nesse sábado vai ter uma... - ele explica onde será o ponto de encontro da próxima reunião, e eu escuto atentamente - isso é tudo que eu sei, por favor não me mata! - ele começa a implorar.

 Percebi que seu braço estava mais maleável, indicando uma possível fratura:

- Se tivesse me escutado de primeira, isso não teria acontecido - o jogo no chão novamente - os paramédicos chegarão logo - me afasto do local mais rápido que consigo. Subi no prédio com o auxílio das teias e chegando no topo, começo a correr na direção oposta de onde vi os policiais chegarem. A chuva que antes estava mais leve, começa a se intensificar, mas ao contrário do que pensei isso não me incomodou tanto. Utilizei os lançadores de teias para auxiliar minha movimentação pela cidade em direção ao meu apartamento.

 Entro pela janela dos fundos do apartamento. O lugar é relativamente pequeno, com poucos cômodos, um quarto, uma sala, uma cozinha e um banheiro. A sala é o maior cômodo da casa, sendo o mais bagunçado também. Alguns projetos espalhados na mesinha de centro, uma TV pequena em cima de uma estante e um sofá médio. Retiro minha máscara e me jogo sentado no sofá apenas com a roupa de baixo do traje. Coloco um dos meus pés na mesinha de centro e pego meu notebook que estava ao meu lado no sofá. Ligo o aparelho e começo a pesquisar o sobre as coordenadas que peguei do bandido a algumas horas atrás. Meu celular vibra em cima da mesa que meu pé está apoiado. Consigo ver pela tela a notificação, puxando o aparelho com uma fita de teia que sai de meu pulso. retiro minhas luvas e o desbloqueio, vendo duas mensagens de Gwen me perguntando se recebi seu convite para ir ao evento em que ela irá desfilar. Sorri minimamente para a tela do celular e respondi que estaria lá no dia. Bloqueio meu celular e o coloco no braço do sofá:

- Não deve ser tão ruim - suspiro. Volto a me concentrar no caso dos Dominadores e descobri onde fica o galpão que o homem havia informado:

- Achei vocês! - cerro meus olhos. Uso meu lançador de teias para puxar meu óculos, colocando ele em meu rosto logo em seguida. 

O Novo Homem Aranha - Próxima FaseOnde histórias criam vida. Descubra agora