Flor do Medo

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N.a.

Oi gente. Desculpem a demora. 😭


Desde criança sempre tive um ritmo próprio, e é meio clichê dizer isso quando todos tem seu próprio ritmo. O caso é que eu nunca perdi essa habilidade. Ora espoleta, ora quieta, mas sempre com pensamentos rebeldes. Para os meus pais foi difícil lidar com a filha mais velha, e eles chegaram a achar que meus outros irmãos seriam tão enérgicos como eu, mas acabaram descobrindo com o tempo que eu era a única fora da curva. Antes de cursar direito, fiz de tudo o que pude para adquirir conhecimento, ou somente passar o tempo. Cresci com a vontade de aprender e conhecer, com o desejo de justiça e quando me senti estável em minha vida adulta, o que devo admitir, foi bem difícil, consegui ingressar na faculdade de direito. Conheci pessoas e fiz muitas amizades nesse período e me apaixonei por quem seria sem dúvidas um grande problema.
No meu 9° período na faculdade de direito, fui corajosa comigo mesma e assumi meus sentimentos somente para mim sobre Simone, a professora rigorosa, tímida, extremamente inteligente de direito administrativo.

No início pensei que Tebet seria apenas uma das inúmeras professoras por quem tive muito apreço e respeito, mas quando ficávamos a sós e até mesmo durante algumas caronas, acabei percebendo que isso ia para além de admiração. Simone sempre foi uma mulher que exala inteligência, elegância, sutileza, carinho. A forma com que ela se esforçava para não deixar quaisquer dúvidas, mesmo tendo punhos de ferro, principalmente para os alunos metidos a engraçadinhos, era algo que sempre me deixava um pouco impressionada. Muito mais do que somente uma aluna, sempre fui admiradora de sua personalidade. Na época, Simone não tinha um compromisso realmente firmado com Eduardo, o que me dava esperanças, até o dia em que eu de fato tentei.

Flashback

Os cabelos castanho-claros estavam presos em um rabo de cavalo, suas vestimentas indicavam que ela tinha conseguido ir do estágio direto para a aula e ao fim da aula havia recebido uma carona de Simone que tinha sido aceita. Era uma rotina que tinham criado. Às quintas Simone dava as aulas e ao fim deixava Soraya em casa, que era no meio do caminho entre sua própria e a universidade.

— E então, Soraya. Você já deve estar louca para nunca mais ver a mim e alguns colegas que te dão aula, não?! - Havia divertimento em sua voz quando ela falou aquilo. Brincava ao desarmar o alarme do carro para que pudessem entrar. Primeiramente Soraya se sentiu um pouco ofendida antes de entender que era apenas uma brincadeira.

— Não, claro que não. As coisas estão bem corridas, estou em fase de TCC, mas eu gosto tanto de tudo o que aprendi, principalmente com você. - Seus olhos brilhavam. Sempre que estava com Simone tudo se transformava em algo sobre ela exclusivamente. A porta foi aberta, Soraya entrou. O perfume suave e floral que Simone usava naquela época estava por todos os cantos do automóvel. Enquanto a aluna entrava, a professora dava a volta em seu carro para que pudesse ocupar o lugar do motorista. O tempo que ela levou nesse trajeto, a estudante universitária estava sentada de olhos fechados apenas inalando aquele perfume que se pudesse sentiria diretamente do pescoço de Simone.

— Tenho certeza de que você vai conseguir. Você é linda, inteligente, talentosa e luta por tudo o que acredita com unhas e dentes… eu tenho certeza de que você vai ser uma profissional de qualidade. - Tomou a mão de Soraya que congelou no lugar por algum tempo enquanto assimilava o que acontecia. Seus dedos entrelaçaram e Thronicke quase podia jurar que aquele encaixe era perfeito, seus dedos se reconheciam como velhos amigos, o contato que quase não acontecia parecia certo demais naquele momento. O polegar de Simone acariciou o dorso da mão de Soraya com delicadeza, o que fez com que os olhos da mais nova brilhassem em puro encanto. Seu corpo parecia estar flutuando no espaço, mas logo o contato fora quebrado para que sua professora pudesse seguir caminho até sua casa. Enquanto Simone dirigia, Soraya olhava descaradamente para a mulher. Haviam comentários pelos corredores da universidade sobre elas e as caronas mas elas não ligavam. Muito pelo contrário, tudo aquilo era ignorado por ambas. Soraya ignorava porque, por mais que houvesse uma paixão escondida ali, sabia que não havia nada demais entre elas e respeitava esse espaço que para ela era doloroso, mas era o melhor a se fazer. Já para Simone… ela estava ocupada demais com sua vida profissional e todas as projeções que pairavam em sua cabeça de acordo com os desejos de seu pai. Quando o carro de Simone parou na fachada já tão conhecida, acendeu a luz interior do carro e puxou o freio de mão, virando-se para Soraya em seguida.
Não sabiam o que dizer. Existiam tantas mulheres bonitas no mundo. Existiam tantas pessoas capazes de balançar seu coração, mas nenhuma nunca seria como Soraya. A forma enérgica com que se movia para alcançar o que queria, o jeito carinhoso com que tratava todos ao redor, mas a postura brigona que muitas vezes trazia diversão à professora que em segredo observava e até gostava de vê-la nervosa. Os dois pares de olhos pareciam estudar cada sutil movimento que poderiam fazer a partir daquele momento. Soraya virou de frente para a professora também, encarando-a de nariz em pé, quase como um desafio. Seria agora ou nunca.

Secreto [ Simone x Soraya]Onde histórias criam vida. Descubra agora