O Trem dos Mortos

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Eu morava em Londres, no início do século XX. Era mais um dia normal, pegando o trem para ir trabalhar. Nada estranho. 

O trem demorava mais que o normal, cheguei a pensar que não vinha. Todos ao meu arredor cansaram-se de esperar, foram embora. Sobrou eu. 

Depois de um longo tempo de demora, um trem apareceu. Não era o que eu costumava ir, mas entrei em um dos vagões mesmo assim. 

Cheirava à mofo e podridão. Cheirava à morte. 

Estava frio ali dentro, lá fora estava quente. Tudo era cinza ali dentro, lá fora era colorido. 

O vagão estava vazio, o trem não voltava a andar. Resolvi procurar o maquinista. Passei pelos vagões até chegar à locomotiva. Ninguém estava lá. 

Voltei ao vagão em que entrei, visando sair dali, mas a entrada fora fechada. Estava preso. 

Continuei andando e passando pelos vagões, o cheiro podre aumentava a cada passo. 

Nada em um, nada no outro, nada no próximo. 

Tudo não se passava de um vazio. 

Andar se tornou automático. 

Andei, andei, andei e andei até os meus joelhos cederem ao chão. O trem não acabava. Era infinito. 

Me deitei no chão, sentindo o coração pulsar fortemente, tentando sair do peito. 

Ficaria preso ali para toda a eternidade, assim como todos os mortos ao meu lado. 

Corpos podres deitados ao chão, na mesma posição que a minha. 

Cheiravam à morte, mas já me acostumei com o cheiro. 

Já me acostumei com a ideia. 

Talvez fosse melhor ter desistido de esperar pelo trem, assim como todas as outras pessoas. Eles estão salvos agora. 

Salvos da Morte. 

Salvos do Trem dos Mortos

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