capítulo 53.

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𝐂𝐀𝐌𝐈𝐋𝐀 𝐒𝐀𝐅𝐑𝐀 🫧


Estava andando pela cidade enquanto dois brutamontes me acompanhavam por todo o caminho. De início, foi um pouco assustador mas já haviam passado três semanas que eu estava aqui e cada dia que passava era mais normal pra mim.

— Ops.— alguém esbarrou em mim, pedindo desculpas em seguida ao ver que o homem atrás de mim se alertou.

— Não foi nada.— falei pra eles, garantindo que estava bem. Fechei a jaqueta que eu usava e continuei a andar.

Lembro do dia que eu o Iago me apresentou eles, junto com o Thiago, com a seguinte frase: — Esse é o Tom e o Jerry!

E eu questionei se era verdade, mas os homens riram e negaram com a cabeça. O nome verdadeiro era Thomas e Jeffrey mas o Iago obviamente tinha um apelido para zoar com a cara deles.

Eles eram legais comigo, sérios demais, mas me tratavam bem. Estavam sendo pagos pra isso mas não deixava de agradecê-los por serem assim.

— Já está na hora de ir para o carro, Doutora, acho que vai começar a chover.— Thomas tocou sutilmente no meu ombro.

— Só vou entrar aqui rapidinho.— apontei com a cabeça para o shopping à nossa frente.

— Está bem cheio.— Jeffrey me alertou.— Tem certeza?

— Eu queria achar umas pelúcias, brinquedos e coisas do tipo…— cocei a nuca.— Alguma outra ideia de onde eu possa ir?

— Aqui tem uma loja no primeiro piso bem grande, vamos dar uma olhada.— estendeu o braço e eu concordei.

Eu já havia começado os trabalhos com a sobrinha da Rose, era um pessoal bem carente mesmo e a próxima instituição que ela ia me levar seria em um orfanato na próxima semana, então queria comprar algo que deixasse as crianças felizes e mais confortáveis porque cá entre nós, a maioria não gosta se ser examinado.

E eu entendo porque apesar de ser médica eu também não gosto de ir a hospitais quando estou precisando de atendimento. Não tem lógica alguma, né?

— Aqui!— bati palmas ao achar o que eu queria e fiquei uma hora ali na sessão, enquanto pedia ajuda aos dois que estavam comigo para empurrar os carrinhos.

Thiago abriu o maior olhão ao me ver chegar com três sacolas, deixando de lado a xícara em sua mão para caminhar até mim.

— Fiquei preocupado, você não atendia o celular.— falou quando estava perto o suficiente.— Liguei várias vezes.

— Descarregou, tive que usar a internet dele mais cedo pras crianças verem desenho pra eu conseguir atender elas.— reclamei, tirando a bolsa dos meus ombros.

A relação que eu tinha com meus pacientes do Rio não era nem 1% igual aos daqui, aqui eles pareciam mais…. Estranhas. Sem contar que não são só as crianças, atendi um dia inteiro na parte da família e quase fui a loucura.

O conforto que eu tinha lá, eu não tinha aqui. Meu escritório? Não tinha. Era uma mesa e só. Mas também não podia pedir muito, estava ajudando o projeto porque eu queria ficar parada.

— Cansada?— perguntou, pegando a minha bolsa e eu concordei, fazendo massagem na minha testa.

— Uhum, deixei avisado que amanhã vou estar ausente, temos que ir lá no hospital.— o lembrei, não sabendo se ele realmente lembrava do compromisso.

Amanhã era a ultra de quatro meses, iríamos finalmente saber se o neném era menino ou menina. Eu estava um poço de ansiedade, não sabia nem colocar em palavras tudo que eu estava sentindo.

SEGREDO | Thiago Silva Onde histórias criam vida. Descubra agora