– Fran, acorde!
Em um piscar de olhos a conhecida Fran Bow despertou-se do seu sono profundo. Com a cabeça latejando, franziu a sobrancelha reprovando o ato de precisar acordar.
Virou seu rosto para o Doutor Marcel Deern com um suspiro alongado. Se sentando na maca dentro da ala da UTI.
Nas costas de sua mão esquerda tinha um considerável curativo implantado uma agulha desnecessáriamente grossa em sua veia, conectando a um tubo onde pingava o soro pacientemente.– Não foi dessa vez, Fran– Marcel repreendeu-a atrás dos seus óculos de garrafa. Suspirou cansado e passou a mão em seus alguns cabelos recém grisalhos– Não pode simplesmente colaborar um pouco?
A menina encarava o chão, inexpressiva. Seu rosto agora mais velho e cansado passava a sensação de um cadáver ambulante.
– Quantos dias?– por fim perguntou.
O Doutor visivelmente preocupado com a sua paciente preferida. O carinho que desenvolveram de pai e filha depois de anos estando nesse hospital. Agora ele acredita que está em sua época rebelde adolescente, assim como toda jovem de 17 anos.
Ele abaixou o olhar. Sentido-se desgastado.– Passaram-se sete dias– a voz estava carregada de um afeto preocupado– porque continua fazendo isso?
Ela o olhou com um sorriso frouxo, mostrando seus lindos dentes dentuços com um pequeno espaço entre eles. Se espreguiçando levemente para esticar os músculos.
– Doutor, eu sou imortal, esqueceu?– disse num tom brincalhão, acabando o ar tenso e desconfortável. Girou os pulsos e tornozelos ainda sentada na maca– Nada de amarrações dessa vez?– levantou uma sobrancelha, desconfiada. Vendo que não estava presa a cama.
Deern relaxou seus ombros, ainda um pouco nervoso com tudo isso, mas já era algo quase habitual. Ajeitou a postura como um pai protetor, endireitando os óculos no seu rosto.
– Mesmo que eu esteja quebrando os protocolos já que você é claramente uma...Suicida– deu ênfase nessa palavra por alguns segundos– não acho que cordas irão ajuda-la para me escutar.
Retribuiu com um pequeno sorriso, devolvendo a brincadeira na mesma moeda:
– Você é diagnosticada com teimosia, mocinha!
Bow deu uma leve risadinha rouca e gentil, gostando da intimidade confortável entre os dois. Fez um beicinho bobo e quando tentou se levantar, o Doutor a impediu.
– Oras, porque não posso me levantar? Eu tenho duas excelentes pernas!– protestou.
Em silêncio mostrou como uma vitória uma cadeira de rodas que tanto gostava de brincar quando criança. Seus olhos se iluminaram na mesma hora, feliz por poder ser um pouco criança novamente.
....
Nos corredores do hospital, lá estava Fran Bow sendo levada para o lado d para o outro de cadeira de rodas pelo Marcel Deern. Doutor mantia o rosto sério e sereno para não estragar sua postura e reputação como um rígido médico do hospital. Enquanto a garota sorria alegremente se gabando para outros pacientes.
As outras crianças murmuravam invejando estar no lugar dela, outras riam se divertindo com ela. Acenando dizendo "bem-vinda de volta".
As enfermeiras por outro lado apenas cumprimentavam levemente o médico, enquanto ignoravam a existência da garota na cadeira de rodas.
Quando chegaram no refeitório, o bla bla deu um chutinho brincalhão nas costas da cadeira de rodas, indicando para a jovem se levantar.– Como você disse, tem boas pernas funcionais, não?– o rosto era inexpressivo, mas deu uma piscadela gentil.
A menina se levantou calmamente e se despediu brevemente do seu pai quase adotivo. E foi em direção às mesas do refeitório, acenando e conversando com todos os mais novos dali.
Fran Bow agora era a mais velha de todos os pacientes, sentia a obrigação de ser responsável e não assustar as crianças com suas crises de piscose.
Era conhecida por ser brincalhona e amigável. Mas acima de tudo esquisita, e as vezes assustadora. Todos a amavam com sua personalidade única e diferente. Era curioso e interessante.Pegou um prato cheio de comida das merendeiras. Havia guloseimas que todos fingiam ser bons e outras proteínas específicas para ela. Enquanto andava viu uma curiosa pessoa nova de cabelos azuis.
A menina curiosa e desajeitada se aproximou para ve-lo melhor. Por outro lado a pessoa se manteve imóvel sem tocar na sua comida.
– Seu cabelo é verdadeiro? Você é muito bonita! Como você fez isso? Me explica?– fez um milhão de perguntas invasivas e desconfortáveis até sentar em sua frente e suas falas pararem ao ver uma máscara branca de prótese em seu rosto.
Havia apenas dois buracos para os olhos e dois para o nariz. Em seu olho direito havia uma pequena pintura roxa que parecia ter sido feita com giz.A pessoa a olhou de volta, esperando uma reação óbvia do seu rosto, mas pela sua surpresa ela apenas ficou em silêncios admirando a máscara legal e voltou a ignorar novamente, continuando a falar de como o cabelo azul chamativo era perfeito.
– Enfim! Eu me chamo Fran Bow, e você?– enfiou um garfada de comida na boca.
– Sal Fisher– finalmente a voz grave e masculina pronunciou alguma coisa desde quando ela chegou.
Fran se engasgou enquanto comia. Completamente abismada por sua possível melhor amiga na verdade é um garoto! Tossiu quase saindo o ar do cérebro e se recuperou rapidamente com um sorriso nervoso.
– Oh, me desculpe– seu rosto se avermelhou pelo constrangimento que fez. Mas Sal não deu tanta importância assim. Apenas olhando para própria comida pensando no que fazer.
A menina arqueou a sobrancelha um pouco confusa e intrigada.– Não vai comer?
– ...Eu não quero tirar a máscara na frente de tantas pessoas...– disse num tom rouco e baixo.
Ela pensou por alguns longos momentos enquanto fitava desconfortávelmente os olhos azuis de Sal.
– Certo. Tive uma ideia.
Em um rápido momento inteligente. Pegou três bandeijas do prato e equilibrou perfeitamente para cercar apenas o rosto e o prato do menino, nao deixando que ninguém visse seu rosto nem um pouquinho.
Subiu na mesa e se sentou de costas para ele. Cruzando os braços enquanto encarava todas crianças dali, como se tivesse em uma missão importante de proteger o presidente.Sal Fisher arregalou os olhos surpreso e curioso. Ficou em silêncio por longos segundos ainda embasbacado por ela ter feito um ato estranho, mas ao mesmo tempo atencioso.
O rosto do menino através da máscara esquentou enquanto olhava para Fran, admirando profundamente sua atitude de ajuda-lo.Quando se sentiu seguro. Tirou a máscara e começou a comer cautelosamente, evitando movimentos bruscos para as bandejas não se desequilibrarem.
– ...Obrigada...– disse entre uma garfada ou outra, timidamente.
Ela deu um largo sorriso olhando para o horizonte, se sentindo contente e satisfeita por ter ajudado alguém.
– Vou te chamar de Sally Face!
HEYYY ESPERO QUE TENHAM GOSTADOOOO
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Na Porta Da Loucura- Fran Bow x Sally Face
FanfictionNessa versão a querida Fran Bow já está crescida e desiludida, afinal, toda aventura empolgante e reveladora >>não passava mais de uma das loucuras de sua cabeça<< Já aceitando seu destino infeliz dentro do Hospital Oswald Asylum para sempre, acaba...