Capítulo Um

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O final do verão representava duas coisas para Cyno. A primeira delas, era o fim da época mais quente do ano e, com isso, a chegada iminente do equinócio. Ele admitia não ser o maior adepto das manhãs frias de outono, visto que preferia muito mais as tardes de sol escaldantes. O moreno gostava de sentir a luz do sol em sua pele, enquanto o calor se alastrava de dentro pra fora em seu corpo e o suor começava a escorrer nos poros de seu rosto. Ele se sentia relaxado, de uma forma que não saberia explicar.

A segunda coisa que essa época lhe lembrava era, inevitavelmente, o fim de suas férias e o início de mais um ano letivo. E, diferentemente da sua primeira questão, Cyno não era contra esse acontecimento; ele poderia até mesmo dizer que a Academia na qual estudava era um de seus lugares favoritos.

A Academia de Bruxaria de Sumeru era, desde tempos antigos, a maior escola de todo o mundo bruxo. Sendo até mesmo considerada como um grande pilar, visto que já havia formado diversos nomes grandiosos ao longo de sua existência. E era nesse lugar que ele estudava desde seus doze anos. Ele morava com a sua avó em uma cidade pequena no mundo não-bruxo quando, um dia, após sua estranha reação ao tocar em um cogumelo de origem questionável, ele havia sido convidado a se juntar às aulas da Academia.

Mesmo que naquela época ele estivesse relutante com toda aquela história - era a primeira vez que escutava sobre, afinal de contas - ele acabou cedendo ao pedido; tudo graças a sua avó, que havia lhe assegurado que ficaria bem em sua ausência.

A Academia ficava na base de uma montanha, em um dos pontos de Sumeru onde mais possuía concentração de magia. A primeira vez que havia passado pelos imensos portões de entrada e seguido pela pequena trilha até o grande castelo que compunha a Academia, Cyno havia se surpreendido com o quão protegido era o lugar - mesmo que fosse a primeira vez que sentisse uma quantidade tão grande de magia, ele era capaz de sentir algo queimar em seu interior.

Diferente das escolas dos não-bruxos, na Academia eles aprendiam os conceitos básicos de magia e como controlá-la, para que no fim não explodissem devido a grande concentração dela no próprio corpo. Ele admitia que ainda tinha uma pequena dificuldade com a parte do "não explodir ".

De forma geral, Cyno diria que a Academia era uma das melhores experiências que ele teve em sua vida; bem, se tirasse alguns fatores desagradáveis. Abanou a cabeça, tentando afastar os pensamentos sombrios que estavam prontos para invadir sua mente em meio ao seu devaneio. Ele não queria que seu bom humor se esvaísse apenas por causa de algumas coisas insignificantes - que no fundo, não eram de fato tão insignificantes assim.

Caminhava calmamente para as torres onde se localizavam os dormitórios enquanto carregava uma mala nos ombros, não se surpreendendo por não se deparar com tantas pessoas em seu caminho. Ainda faltava uma semana para o retorno das aulas, de qualquer maneira. Levou alguns bons minutos para terminar o pequeno caminho até a torre e parar em frente a porta.

Retirando a varinha do bolso de sua calça, o moreno recitou um rápido feitiço antes de tocar com o objeto na porta de madeira. Após a liberação do encantamento, a porta lentamente se abriu; permitindo que o moreno pudesse entrar na pequena sala do hall da torre.

O pequeno salão tinha uma aparência bastante confortável, com dois sofás dispostos à frente de uma lareira - essa que vivia acesa, até mesmo nos dias mais quentes - e com uma decoração que Cyno acreditava ser tão antiga quanto a própria Academia. Ele quase podia se referir aquele lugar como seu lar, mas havia algo em falta ali para que ele pudesse fazê-lo.

Se virou e seguiu em direção ao pé da escada que dava acesso aos andares superiores, onde se encontravam os quartos. Se apoiando no corrimão, subiu lentamente os três lances de degraus até o corredor que levava em direção ao seu quarto. Esticou a mão para tocar na maçaneta velha, e logo sentiu os pelos do braço se arrepiarem devido ao choque de temperaturas.

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