Capítulo XI - Em

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Quando Emma entrou na cabine, ela ficou parada por um minuto e olhou ao seu redor. Ela sacudiu o pulso e uma infinidade de produtos de limpeza apareceu diante dela. Com foco único, ela começou a polir os móveis ao seu redor. Ela se perdeu na natureza repetitiva do ato de limpar. Ela não queria pensar nos acontecimentos do dia, não queria pensar em nada. Ela foi até a lareira e esfregou os tijolos expostos para tirar a fuligem. Seus olhos ficaram desfocados enquanto as memórias de sua infância piscavam em sua mente.

Sua assistente social colocou o vestido rosa na cama. Emma cruzou os braços e olhou para a roupa.

"Coloque o vestido, Emma. Há uma família chegando e eles estão procurando por uma garotinha como você."

"Não. Eu não estou usando um vestido..."

"Se isso tem algo a ver com aquela bobagem de que você falava quando era mais jovem, esqueça agora." A mulher se curvou em seu rosto. "Você tem 8 anos, é hora de parar com essas ideias malucas. Você quer ser adotado, certo? Você quer uma família que te ame, não é?" Emma assentiu.

"Então você precisa colocar o vestido e agir como uma garotinha normal."

Quando ela terminou com os tijolos, ela começou a esfregar o chão de madeira dura.

Emma ficou na frente do espelho. A camisa branca de botões que ela usava era um pouco grande demais e pendurada frouxamente em seu pequeno corpo. A gravata em volta do pescoço ficou desamarrada, porque ela não sabia como amarrar. Seus lábios se abriram em um sorriso largo quando ela viu seu reflexo. Era a primeira vez que ela vestia roupas de menino de verdade e ela se sentia fantástica. Até que seu irmão adotivo a pegou.

"Você é uma aberração, Emma." Ele disse ao entrar na sala. "Eu ouvi minha mãe no telefone falando sobre você." Ele zombou no espelho. Emma tentou controlar as lágrimas que enchiam rapidamente seus olhos.

"Isso mesmo, princesa, eu ouvi eles contarem a ela sobre seus delírios. Que você pensa que é um menino." Ele pegou a camisa e começou a puxá-la de seu corpo. Ela estava congelada de terror. "Vamos ver se você realmente é um menino."

"Parar!" Ela gritou o mais alto que pôde.

"O que está acontecendo aqui!?" A mãe adotiva entrou na sala. A camisa que Emma usava pendurada no meio de seu corpo, lágrimas escorriam por seu rosto. Antes que ela pudesse pronunciar uma palavra, o filho da mulher falou.

"Emma roubou minha camisa e gravata, ela estava fingindo ser um menino." Ele deixou escapar. O rostinho de Emma empalideceu. Os olhos frios da mulher se concentram nela.

— Isso é verdade, Ema? O sorriso do menino era presunçoso quando ela olhou para ele. Ela abaixou a cabeça e se recusou a responder à mulher.

A surra que ela recebeu a deixou incapaz de se sentar confortavelmente por uma semana.

Emma enxugou as lágrimas que escorriam por seu rosto com o braço. Depois de ter certeza de que o chão da sala estava brilhando, ela foi para a sala de jantar. As cadeiras foram viradas para ficar em cima da mesa e ela começou a esfregar mais uma vez.

Quando os Becker chegaram à casa do grupo, Emma usava o vestido de verão amarelo que sua assistente social escolheu para ela. O casal parecia legal e eles gostaram de Emma. Quando Emma entrou no quarto que eles arrumaram para ela, seu coração caiu.

As paredes eram rosa, ela odiava rosa. A cama tinha um dossel de renda branca e na parede acima dela, em letras roxas brilhantes, estava a palavra Princesa. Emma chorou ao vê-lo, e o simpático casal confundiu aquelas lágrimas com felicidade.

Quanto mais ela ficava com o casal, mais deprimida ela ficava. Ela usava roupas cor-de-rosa e vestidos com babados, mas lutava para esconder o efeito que isso causava nela. Um dia, eles juntaram alguns dos pertences anteriores de Emma e os colocaram em uma sacola. A campainha tocou e sua assistente social entrou. Emma ficou no corredor e ouviu a família enquanto eles conversavam com a mulher.

Metamorfose de um dragão desavisado - Swan Queen  ♥️Onde histórias criam vida. Descubra agora