- Bom dia pombinhos - Faustino chega na sala -
- não somos pombinhos - falei revirando os olhos -
- pensei que fossem - ele diz rindo -
- eu jamais aguentaria essa chata nego - Renato diz rindo -
- cala a boca - dei um soco em seu ombro -
- caralho, doeu - ele diz fazendo careta enquanto passa a mão no lugar do soco -
Enquanto isso Faustino quiser morre de tanto rir no canto da sala.
- a intenção era essa - psiquei pro mesmo -
Senti meu celular vibrar e vi no visor "Pai", sai em direção ao meu quarto e atendi a ligação do mesmo.
- Oi Mavie, como tá ai? - ele pergunta -
- bem. - falei -
- que bom então! Liguei só pra avisar que tô indo pra Maldivas com a Soraia - ele diz -
- ah claro, você passa mais da metade do ano no Brasil e justo quando sua filha vem ao Brasil você simplesmente compra passagens para Maldivas com aquela cachorra? - falei indignada -
- Mavie você sabe que não é bem assim, faz tempos que estou planejando essa viagem para pedir ela em casamento, só foi uma coincidência de cair justo nos dias da sua vinda pra cá - ele diz paciente -
- mais uma coincidência entre tantas ne? Mas entendo que sua prioridade é TUDO MENOS SUAS FILHAS - alterei o tom - faz assim, vai pra puta que pariu com a Soraia tá bom? De preferência com passagem só de ida. - falei desligando o celular -
As lágrimas rapidamente tomaram de conta do meu rosto e eu estava prestes a passar por uma crise de ansiedade, dei um soco na parede fazendo com quem minha mão sangrasse e procurei algo pra quebrar mas não achei absolutamente nada. Eu estava cansada, de tudo e todos, meu pai me trata como uma idiota que não tem atenção do pai mas acha que substitui isso por dinheiro, sendo que eu não sou assim! Eu preferia ser pobre e ter o amor de um pai do que ser rica e ter um pai que tá foda-se pra mim. A Anna é o oposto de mim, ela até fica chateada por ter um pai ausente mas facilmente meu pai compra ela com pix, bolsas de grifes e carros caros.
- tá tudo bem ai? é o Renato - escuto uma voz do outro lado da porta -
- não - falei em prantos -
Eu nunca desabafava com alguém, sempre guardei tudo pra mim desde criança, então por mas que eu quisesse não sei e conseguiria desabafar com um desconhecido.
- deixa eu te ajudar? - ele pergunta calmamente -
Suspiro fundo e resolvo abrir a porta, o mesmo me olha assustado e fecho a porta rapidamente.
- Mavie, sua mão tá san... - ele fala preocupado -
- isso não importa, queria que minha maior dor fosse essa porra sangrando - falo e depois desabo -
Deito na cama e abraço o travesseiro enquanto o Renato tenta se aproximar.
- se acalma, eu tô aqui tá bom? - ele pergunta enquanto eu choro - finge que eu sou um amigo próximo seu e desabafa comigo.
- Renato... - falei e sou interrompida por um abraço apertado -
Eu precisava muito daquele abraço, eu me senti protegida e segura.
- obrigado - falei se distanciando dele -
- relaxa, quando quiser pode falar, tudo no seu tempo - ele diz me passando segurança -
Tentei passar o máximo de segurança pra ela e acalma-la.
- tá bom - ela diz suspirando - eu vou contar algumas coisas pra você que você vai ter que prometer pra mim que nunca vai falar pra ninguém, nunca mesmo - ela diz -
- pode deixar, eu prometo que nunca vou contar pra ninguém, juro de dedinho - falei e juntei nossos dedos mendinhos -
- tudo começou quando eu tinha por volta de 3 anos, eu morava com os meus pais e não nasci em berço de ouro, muito pelo contrário, meus pais e eu morávamos em uma periferia onde só o meu pai era empregado e ganhava pouco. Meus pais começaram a brigar muito, a cada dia as brigas ficavam mais feias, eu como uma criança de 3 anos sem pouca mentalidade pra aquilo chorava todos os dias antes de dormir pedindo a Deus que iluminasse a cabeça deles, até que minha mãe descobriu uma traição do meu pai que foi quando minha irmã por parte de pai nasceu e os meus pais se separaram - ela diz de cabeça baixa com uma expressão triste - apartir dai minha vida começou a ser uma merda, rapidamente minha mãe começou a namorar outro cara e colocou ele pra dentro de casa, no início tudo era flores até ele começar a beber e se viciar em drogas, ele chegava em casa de festas e brigava com a minha mãe, as brigas começaram a ficar pesadas até que ele começou a bater nela e muitas vezes em mim, e acabou virando uma rotina, ele me ameaçava caso eu contasse pra alguém, falava que ia me buscar no inferno, e cara, eu era só uma criança... - ela diz segurando o choro - 6 anos se passaram e todos os dias a realidade era essa, ele chegava batia na minha mãe e depois em mim, minha mãe sempre aceitava calada, porque ele falava que se ela falasse um A ele me matava, até que um dia ele chegou em casa perturbado e me estrupou, eu tava no início da puberdade e tava começando a entender as coisas, eu gritava e chorava tanto, era como se o mundo tivesse desabando em cima de mim e eu não conseguisse fazer nada sabe - ela diz já aos prantos - no dia em que eu encontrei um primo que eu considerava o meu irmão e contei tudo pra ele e ele me apoiou e decidimos denunciar na polícia ele foi vítima de sequestro e homicídio, eu fiquei extremamente arrasada, uma semana depois eu cheguei em casa da escola e vi minha mãe morta no sofá da sala com 7 tiros na cabeça devido ao meu padrasto ter dívida com os caras e eles terem vindo atrás da família. Eu fui levada pra um orfanato onde eu sofri muito bullying e as meninas se juntavam pra me humilhar por eu ser novata, 3 anos depois meu pai foi me buscar no orfanato e me levou pra morar com ele em Milão, ele já estava no início do sucesso da empresa e não parava em casa, era um pai ausente e só me chalerava por metade da empresa estar no meu nome, até ele se mudar pra São Paulo com uma puta que quer falir ele e me abandonar em Milão com a minha irmã, pra você ter ideia faz mais de 3 anos que eu não vejo o meu pai... - ela diz enquanto tenta conter as lágrimas -
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Continua??
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𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐞𝐝 {𝚁𝚎𝚗𝚊𝚝𝚘 𝙶𝚊𝚛𝚌𝚒𝚊}
Fanfiction𝘋𝘦𝘴𝘵𝘪𝘯𝘢𝘥𝘰𝘴 𝘢 𝘧𝘪𝘤𝘢𝘳𝘦𝘮 𝘫𝘶𝘯𝘵𝘰𝘴, 𝘮𝘢𝘴 𝘯𝘦𝘮 𝘵𝘶𝘥𝘰 𝘴𝘢̃𝘰 𝘧𝘭𝘰𝘳𝘦𝘴.